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Alexandre Aragão de Albuquerque

Escritor e Mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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Qual o limite da baixeza?

Alexandre Aragão de Albuquerque pergunta: "Como Ciro diz que nunca afirmou o que vive afirmando o tempo todo, em público? Quem, finalmente, está 'despirocado'?"

Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Uma pergunta que algumas pessoas seguidoras dos nossos artigos publicados pelo site Segunda Opinião me fazem é em relação de quem teoricamente Ciro Gomes (PDT) tiraria mais votos na atual corrida presidencial. Gentilmente eu lhes devolvo a resposta também em forma de questão: a quem Ciro Gomes escolheu para atacar violentamente em seus jogos vorazes de projeto pessoal de busca pelo poder? A quase totalidade dos leitores me responde: Lula (PT).

Portanto, se a resposta acima estiver correta, surge outra questão: neste caso, quem mais se beneficiaria pela permanência de Gomes no jogo eleitoral? Resposta: Bolsonaro (PL), uma vez que o seu objetivo primordial, a cada resultado de uma nova pesquisa de intenção de voto, na qual Lula se mantém em crescimento, é o de impedir que o ex-presidente seja eleito no primeiro turno. Indo para o segundo turno, Bolsonaro teria chances de utilizar de todas as patifarias para tentar ganhar a eleição, a exemplo do que ocorreu em 2018.

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Por decorrência, poder-se-ia investigar, nesse caso, a quem interessaria inviabilizar a candidatura de Ciro? Com muita probabilidade, aquele candidato que ocupa a mesma faixa de percentual de votos. No caso, o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos). Na última pesquisa IPEC, Moro aparece com 6% e Ciro Gomes com 5%. Portanto, para o ex-juiz Moro, declarado suspeito (corrupto) pelo STF, chefe de um grupo que corrompeu setores do sistema de justiça brasileiro, seria muito importante o desaparecimento do candidato do PDT da disputa, para ele poder alimentar alguma chance de fazer convergir para si os votos dos indecisos e apresentar-se como o candidato viável dos capitalistas brasileiros e setores reacionários da população.

Contudo, se mudarmos a perspectiva e pensarmos a partir da conjuntura estadual, no caso do Ceará, onde o candidato de Bolsonaro – o capitão Wagner – desponta com reais chances de chegar ao segundo turno, conforme as pesquisas eleitorais, interessaria bastante ao bolsonarismo o desgaste da imagem pública dos irmãos Ferreira Gomes. Consequentemente, em tese, poder-se-ia excogitar que o desgaste midiático dessas duas figuras públicas beneficiaria tanto ao lavajatismo morista quanto ao bolsonarismo.

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Por que fizemos este preâmbulo? Para identificar alguns elementos da conjuntura que nos ajudem a entender um pouco mais o movimento ocorrido no dia 15, pela manhã, quando Ciro e Cid Gomes foram alvo de uma operação padrão de busca e apreensão, típica do modelo lavajatista de espetacularização midiática, realizada pela Polícia Federal em suas residências, em relação a supostos malfeitos nas obras da reforma da Arena Castelão (2010-2013).Esse “modus operandi lavajatista” de perseguição política, iniciado abertamente em 2014, entre outras consequências diabólicas, levou o reitor Luís Carlos Cancellier de Olivo (UFSC) ao suicídio, condenou o presidente Lula a 580 dias de cárcere político ilegal, além de viabilizar a eleição de Bolsonaro e quebrar setores estratégicos da economia nacional. Portanto, lavajatismo e bolsonarismo são pai e mãe do monstro do Estado Policial instalado no Brasil, a partir do Golpe de 2016, e continuam unidos na condução das rédeas da exceção no Brasil.

Mas há uma particularidade neste caso específico que nos chama a atenção. Refere-se a aspectos do comportamento do candidato Ciro Gomes neste episódio, no que tange à manutenção de sua obstinada determinação de ataque virulento ao presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores (PT).

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Primeiramente, detenho-me na abertura da nota publicada por Ciro Gomes em sua autodefesa. Ele a inicia assim: “Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas as imperfeições, em um país democrático”.O que impressionou a muitos analistas e jornalistas políticos na introdução desta nota de autodefesa é que somente agora, no final de 2021, decorridos seis anos do Golpe jurídico-parlamentar-midiático de 2016, com mais de 140 pedidos de impeachments contra Bolsonaro engavetados pelo Presidente da Câmara Artur Lira (PP), com mais de sete mil militares ocupando postos de alto comando no Governo federal, além do denso relatório acusatório da CPI do Senado ocasionado pela morte de mais 600 mil brasileiros pelo descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da Covid-19, quando sente em sua própria pele o terror do Estado miliciano bolsonarista-lavajatista, Ciro Gomes veio a descobrir que o Brasil se transformou num Estado Policial que se oculta sob a falsa capa de legalidade. Como alguém, com um diagnóstico tão irrefletido, com uma imaginação tão desorientada e uma percepção alienada em relação à realidade brasileira, pretendia ser presidente deste país?Em segundo lugar, é mister registrar algo que foi amplamente repercutido por diversos meios de comunicação. Não obstante a nota do presidente Lula de solidariedade para com Ciro Gomes, este se manteve na mesma baixeza de acusações. Ciro foi até o programa do jornalista José Luiz Datena para xingar o Lula: “Vão me insultar, vão me agredir, mas a intenção é essa, me abater para que eu seja moderado, para que eu não continue atacando aqueles ladrões assaltantes da vida pública brasileira, como é o Bolsonaro e como foi Lula”,  disse o político cearense. E completou: “eu tenho 1/15 do patrimônio do Lula”.Momentos depois, em entrevista para o canal Uol News, Ciro se engasgou quando indagado pelo repórter Tales Faria no momento em que o jornalista leu o trecho integral da sua entrevista a Datena. Mas confirmou a frase dita naquela emissora. O jornalista então perguntou: “Então o senhor está chamando ele (Lula) de ladrão”. Ciro disse: “Eu acabei de dizer o que eu penso. O resto é provocação”.Em 10 de agosto deste ano, Ciro desferiu severos ataques ao presidente Lula. Disse no Programa Conversa com Bial, da Rede Globo: “O ego do Lula agora não tem mais reparo, despirocou geral. Não mudou nenhuma ideia sobre nada. E agora está piorado, porque ele considera, vamos dizer, que o crime compensa”.

Fica então a pergunta no ar: Como Ciro diz que nunca afirmou o que vive afirmando o tempo todo, em público? Quem, finalmente, está “despirocado”? Qual o limite da baixeza?

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