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Milton Blay

Formado em Direito e Jornalismo, já passou por veículos como Jovem Pan, Jornal da Tarde, revista Visão, Folha de S.Paulo, rádios Capital, Excelsior (futura CBN), Eldorado, Bandeirantes e TV Democracia, além da Radio France Internationale

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Com Maiúscula, por favor

"De 93 investigações preliminares abertas contra Bolsonaro, nenhuma resultou em acusação formal", escreve o jornalista Milton Blay sobre a ação de Augusto Aras

Augusto Aras, Procurador Geral da República (Foto: Reuters)
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Disse Fernando Pessoa:

O poeta é um fingidor,

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finge tão completamente, 

que finge ser dor 

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A dor que deveras sente.

Eu conheci um fingidor, não um poeta como o grande Pessoa, apenas um homem grisalho, de olhar sisudo, 63 anos de idade, que fingia tão completamente que parecia acreditar no seu fingimento: ser procurador-geral da República. Como o poeta, que sentia de fato a dor fingida, ele vestiu a fantasia ao ponto de tentar processar aqueles que  contestavam sua quimera. 

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Seu nome, Augusto Brandão de Aras. Sua missão, proteger o presidente da República contra tudo e contra todos. Tornou-se um Alonso Quichano, aliás Don Quixote de la Mancha, digno do personagem de Cervantes;  jura defender o direito, mas  se limita a lutar contra moinhos de vento imaginários. Ataca as pás que rodam ao vento para proteger seu chefe como um fidalgo cavaleiro medieval. 

O Quixote da PGR jamais combateria o seu Senhor, em quem vê o bem, preferindo se atacar aos moinhos fantasiosos.  

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Após receber o relatório da CPI do Senado Federal, nosso personagem tinha enfim armas para lutar contra o crime, ou melhor os crimes supostamente cometidos por Bolsonaro e outras treze pessoas com foro privilegiado: podia apresentar denúncias diretamente para o Corte Suprema, baseado no fato de que os senadores fizeram por ele o trabalho de investigação, tendo colhido provas ou indícios suficientes; podia também requerer ao Supremo a abertura de inquérito pela Polícia Federal. Mas não, preferiu abrir uma investigação preliminar, denominada oficialmente notícia de fato, que se traduz pelo imobilismo. 

Prova é que de noventa e três investigações preliminares abertas  contra Jair Bolsonaro, nenhuma resultou numa acusação formal. 

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Questionado sobre a avaliação da CPI sobre a existência de nove crimes de seu comandante ligados à pandemia, o aqui denominado poste-geral da República respondeu:  “Eu não tenho o privilégio de ser comentarista político e não tenho essa habilidade."

Uma pena!

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Há poucos dias, pressionado pela oposição, o poste se moveu. Milagre, gritaram alguns. Aras elaborou um parecer informando que, no último ano, abriu 25 apurações preliminares para averiguar condutas do mandatário. Enviou o documento ao STF.

Com esse relatório nosso Don Quixote mostrou que prefere permanecer no seu mundo imaginário. 

Ministros do Supremo cobravam informações sobre o desfecho das investigações preliminares e não sobre a abertura delas. Exigiam satisfações sobre o destino das denúncias. Aras replicou, afirmando que ao agir da sorte desafogava o STF. Estaria portanto sendo bonzinho e merecer os agradecimentos dos ministros mal-agradecidos. 

A verdade é outra, seu objetivo ou sua nobre missão, como queiram, é poupar o presidente. 

Durante o atual mandato, o generoso Aras pediu a abertura de dois inquéritos contra Bolsonaro. Um sobre as acusações de fraude eleitoral, outro por ter vazado dados de uma investigação da Polícia Federal. Ambos os casos sem grande poder destruidor. 

A título de reconhecimento, recebeu das mãos do presidente a medalha da Ordem de Rio Branco, que "distingue serviços meritórios e virtudes cívicas, estimula a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção ». 

Condecoração merecidíssima. 

Agora, o Quixote de la PGR terá um outro osso duro de roer. Terá de fingir novamente que não ouviu o presidente defender a hidroxicloroquina, medicamento que além de não servir para combater a covid 19 tem efeitos secundários perigosos. Isso depois que o "pai da cloroquina », o francês Didier Raoult, recebeu uma reprimenda pública da Ordem dos Médicos, tornando-se assim oficialmente um charlatão.

Se pressionado, Aras responderá que esta questão está embutida no relatório da CPI. E que ele examina as responsabilidades como se deve, a tempo e horas. 

Nosso ilustre cavalheiresco continuará a lutar contra as pás dos moinhos, longe dos supostos criminosos palacianos, e assim fingir (tal qual o poeta) que é PROCURADOR-GERAL, com maiúscula por favor!  

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