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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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Comando do Exército escancara seu ativismo político

"Cabe às instituições e aos integrantes da sociedade civil denunciarem e investigarem o ativismo dos generais, assim como suas responsabilidades sobre o atual genocídio provocado pela gestão do governo que apoiam e integram", defende a historiadora Carla Teixeira

General Eduardo Pazuello e o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado | Marcos Corrêa/PR)
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Desde a fundação da República, o Exército brasileiro nos ofereceu sucessivas demonstrações do seu fisiológico ativismo político. O movimento tenentista, dos anos 1920 e 1930, pode ser encarado como o embrião do que seria o monstro parido com o golpe de 1964 e a ditadura militar assassina das décadas seguintes. Diante das inúmeras intromissões de militares na vida política do país, principalmente contra governos populares que buscavam a justiça social e a democratização da sociedade, podemos considerar que é ingenuidade (para não dizer má fé) esperar profissionalismo dos quadros militares (de)formados para enxergar a população e a esquerda como “inimigos”, atuando acima do bem e do mal para garantir os interesses da corporação.

Entre os postulantes, o general Eduardo Pazuello desponta para assumir a dianteira do ativismo político dos milicos para as eleições de 2022. Depois de mentir feito Pinóquio à CPI do Genocídio -  jogando na lata do lixo a dignidade e a ética militar que preconizam a “palavra de fé pública” baseada na verdade, honestidade, justiça e respeito -, o “gordo favorito” foi passear de moto com Bolsonaro para protagonizar mais uma “crise militar”. A novela, contada diariamente pelos jornais da grande imprensa que apoiaram a ditadura, narrava a história de uma cisão (inexistente) entre os integrantes do Comando do Exército, tendo Bolsonaro como vetor da divisão.

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Convém ressaltar que Jair marmita de milico é rebento autêntico do Partido Militar e depende inteiramente do apoio dos quartéis para se manter no poder, e até mesmo evitar a própria prisão (provavelmente do restante de sua família, também) por todos os crimes cometidos, inclusive contra a vida e a saúde dos brasileiros. A narrativa de “crise” busca orientar que Bolsonaro está ferindo a instituição militar enquanto a situação é exatamente oposta: Bolsonaro sequer existiria na presidência da República sem o apoio dos Oficiais. Diante da política de morte e do retumbante fracasso do governo, os milicos tentam se distanciar evitando estar associados ao capitão através de “fakes crises”. Para isso, forjam o falastrão general Santos Cruz como postulante “oficial” verde oliva enquanto mantêm o capitão na condição de candidato “oficioso” caso os ventos eleitorais sigam soprando pra um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, em 2022.

Assim, as recentes manifestações políticas do general Pazuello indicam mais uma manobra diversionista dos comandantes para afastar a instituição do governo por ela própria criado e sustentado. Convocado para uma reunião com o comandante, general Paulo Sérgio, para receber comunicação da abertura de Processo Disciplinar pelos atos cometidos, Pazuello não compareceu por falta de tempo. É 1 colosso! Não há como acreditar que uma instituição que se baseia nos princípios de hierarquia, disciplina e obediência permita que um subalterno deixe de comparecer a uma reunião com superior. Seria cômico se não fosse ridículo que isso tenha sido notícia de insubordinação, principalmente quando os fatos mostram que o general Pazuello é o mais subordinado e condescendente de todos, ele mesmo disse: “um manda, o outro obedece”, ao encenar o lamentável papel de Adolf Eichmann tupiniquim e recusar a compra de vacinas.

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Como recompensa por mentir e delinquir a favor do governo e do Exército, o general Pazuello passou a integrar a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, com salário de R$ 16.944, em cargo ligado diretamente ao presidente da República. Sobre o processo disciplinar dissimulado pelos comandantes para orientar nova “crise”, foi decidido pelo arquivamento. Como o regulamento indica que é vedado ao militar “manifestar-se publicamente sem que esteja autorizado a respeito de assuntos de natureza político-partidária”, a falta de punição por evidente ato político do general da ativa só pode indicar o óbvio ululante: o general Pazuello foi autorizado por superior a participar da manifestação depois de mentir à CPI do Genocídio, salvar Bolsonaro e os comandantes, com a garantia de que não seria punido pelo Comando do Exército e ganharia imunidade jurídica com nomeação feita pelo Palácio do Planalto.

Com cargos no governo, benefícios orçamentários, salariais e previdenciários, os Oficiais seguem ganhando enquanto o povo morre de fome ou da peste (ou dos dois). Cabe às instituições e aos integrantes da sociedade civil denunciarem e investigarem o ativismo dos generais, assim como suas responsabilidades sobre o atual genocídio provocado pela gestão do governo que apoiam e integram. É preciso trabalhar a formação da consciência da população sobre a necessidade de um projeto de Defesa que proteja o Brasil e os brasileiros das ameaças externas, profissionalize as forças armadas e, por fim, extinga o Partido Militar que serve apenas para provocar crises, ameaçar a sociedade e a democracia, e manter a cadela do fascismo sempre no cio.

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