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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Começar campanha presidencial agora é fuga para frente

"O que de pior podem fazer os que se opõem a esse governo que devasta o pais, é se dividirem em função de campanhas eleitorais para daqui a três anos, é fugir para frente, deixando de enfrentar os difíceis desafios que tem pela frente", diz o sociólogo Emir Sader; "Ciro Gomes e o PDT deixaram claro que já começaram a campanha presidencial de 2022. Agora Dino lança sua candidatura", reforça; "Mas é um cenário péssimo para os que lutam contra o governo que devasta o Brasil, trata de blindar o Estado para evitar perder o governo"

Começar campanha presidencial agora é fuga para frente
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O que de pior podem fazer os que se opõem a esse governo que devasta o pais, é se dividirem em função de campanhas eleitorais para daqui a três anos, é fugir para frente, deixando de enfrentar os difíceis desafios que tem pela frente. No momento em que o povo, a democracia, o país, são vítimas de brutais ataques, em que se necessita mais do que nunca uma férrea e ampla unidade de forças para resistir e superar essa situação, que requer concentração de forças nessa parada, qualquer movimento que enfraquece essa frente, que divida nossas forças, que desvie as atenções e as energias, não somente não é positivo, como é negativo.

Ciro Gomes e o PDT deixaram claro que já começaram a campanha presidencial de 2022. Agora Dino lança sua candidatura. Tem todo o direito de serem candidatos ou de pensar em se candidatar, eles e outros. Mas é um cenário péssimo para os que lutam contra o governo que devasta o Brasil, trata de blindar o Estado para evitar perder o governo. Péssimo para as forças democráticas, que não deveriam se dividir e desviar energias. Péssima a divisão entre quem apoia um ou outro. Se se deixasse levar por isso – e creio que não vai fazer, porque o partido e o Lula têm consciência clara das prioridades hoje e da necessidade de consolidar e ampliar a unidade de forças contra esse governo – o PT lançaria candidatos possíveis. E o Psol poderia também lançar seu candidato. E se completaria o cenário. De forma irresponsável, estaríamos fugindo da dura realidade imediata para nos refugiarmos em um cenário de 2022, que ninguém sabe como será.

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Estamos ainda sem um balanço mais profundo dos resultados eleitorais, dos elementos de fraqueza que permitiram a vitória da direita – mais além das monstruosas maquinações, decisivas, para nossa derrota – e as novas condições que impõem ao pais e a todo o povo. Se o resultado da votação do Haddad, em termos numéricos, não pode ser julgado ruim, pelas condições em que se deu, a esquerda e as forças populares em geral revelaram muitas debilidades, que tem que ser analisadas e enfrentadas.

Antes de tudo, o avanço da direita em bases populares tem que ser analisado na sua real dimensão e profundidade, incluído o das igrejas evangélicas. Sabemos que Lula ganharia no primeiro turno, portanto não se trata de um avanço devastador da direita e dos evangélicos. Lula os teria derrotado, não fosse alijado de forma absolutamente arbitraria, da campanha eleitoral.

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Mas não é menos verdade que em estados do centro sul e do sul do pais, os resultados obtidos pelo candidato da direita foram muito altos. Se é certo também que os setores de menor renda, os mais pobres, sempre deram maioria para Haddad, portanto não foram os decisivos para sua derrota, nesses mesmos setores a direita avançou muito. Inclusive no Nordeste, que continuou dando vitória para o candidato da esquerda, mas com um resultado significativo da direita.

Temos que analisar em detalhe e por cada estado, essa situação. Temos que nos deter especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília, pelos resultados que apresentaram. Temos que enfocar como candidatos desconhecidos puderam avassalar eleições para governador e para senador, em vários estados importantes. A que se deveu isso, como se deu. A que debilidades da esquerda correspondeu isso, especialmente em Minas e no Rio de Janeiro, mas também em outros estados.

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As disputas dentro da esquerda e do campo popular. Ter candidato e vice com o mesmo perfil não acrescenta apoios. Não contar com o apoio do Ciro no segundo turno foi outra fraqueza.

Embora o PT mantenha a maior bancada na Câmara e o Psol tenha tido um importante avanço, a bancada petista seguiu diminuindo, o Psol não teve bons resultados nas majoritárias e o resultado do PC do B é preocupante pela tendência a baixar a votação nas eleições parlamentares. Além de que candidatos vinculados a movimentos sociais importantes não conseguiram traduzir a importância desses movimentos em forca eleitoral e não se elegeram. As perdas no Senado foram a expressão mais clara dessas fraquezas, que tem que ser analisadas.

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O pior que a esquerda poderia fazer seria fugir para a frente. Projetar ilusoriamente o cenário eleitoral de 2022. (Se formos pensar em eleições, temos antes as municipais, em que a esquerda pode se recuperar ou ser de novo derrotada como foi nas eleições de 2016.) O raciocínio político não deveria ser: Chegou minha hora de ser candidato. Mas: Que hora é esta para o Brasil? E' hora de antecipar a campanha eleitoral ou de somar forças e energias para enfrentar os desafios atuais, diante da mais bruta ofensiva da direita contra os direitos de todos, contra a democracia, contra a soberania brasileira?

A prioridade não é de candidatos, de partidos, de ambições. A prioridade política tem que ser o Brasil, o país, a nossa sociedade. O Brasil não tem que se adaptar às pretensões de cada um, mas estas têm que se adaptar às necessidades do Brasil.

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O PT conseguiu ser o partido hegemônico na esquerda e no pais, quando conseguiu ter um projeto para o Brasil. Esta é uma condição indispensável para conseguirmos nosso objetivo fundamental: reconquistar hegemonia da esquerda no pais. Esse é o desafio para todos os que lutamos pela reconquista da democracia, dos direitos de todos, de um Brasil livre e soberano.

Tomara que aqueles que deram passo na direção oposta e os que eventualmente possam pensar em seguir esse caminho equivocado, reconsiderem suas posições e se somam, com todas suas forças, à luta fundamental de derrotar esse governo e restabelecer as condições de um pais menos injusto, solidário, digno. Ai sim, podemos passar a pensar nas eleições de 2022.

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