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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Como é bom estar do lado do povo brasileiro

"O povo brasileiro ficou imune a esse vírus da interpretação de texto, cujos hospedeiros mal conseguem codificar uma determinação da ONU. Ele se alinha ao mundo civilizado e caminha de maneira irresistível para, mais uma vez, fazer valer a máxima da democracia: o poder emana do povo", diz o colunista Gustavo Conde sobre o cenário eleitoral que vai se consolidando no Brasil do pós golpe

Como é bom estar do lado do povo brasileiro
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O Brasil está em um processo acelerado de reorganização política e social. Se o golpe desembocou o país neste cenário presente tão convulsionado e tomado de incertezas judiciais, ele também jogou o Brasil num obrigatório e irreversível encontro consigo mesmo.

A sociedade brasileira inteira terá de restituir a sua soberania, não apenas a classe política. Ela já esta fazendo isso, deixando clara sua posição política de restauração nas pesquisas de opinião.

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O governo de turno, usurpador e golpista, é o pai e a mãe de toda a delinquência judicial que se alastrou pelo Brasil e que devastou não apenas a economia e a sociedade, mas processos de interpretação da realidade.

Em parceria com a imprensa tradicional, que segue uma linha editorial de resistir à realidade (ela nega a realidade diariamente), o poder judiciário brasileiro, chancelado por uma classe política covarde, acuada e corrupta, erodiu o que restava de capacidade de codificação básica dos fatos (dos enunciados), sobretudo na classe média – que nunca entendeu muita coisa mesmo.

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Há, a rigor, uma convulsão não apenas econômica e social, mas uma convulsão semântica.

A recusa de certo segmento da sociedade brasileira em interpretar a determinação da ONU que garante a Lula os direitos políticos é apenas é a comprovação de que a incapacidade de codificar textos não é mais uma questão de caráter, pura e simplesmente, é uma questão de sintoma.

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Quem lida ou lidou com a psicanálise, seja como estudioso ou analisando, sabe o que é um sintoma. Um sintoma é o resultado de um trauma mal resolvido ou um choque subjetivo decorrente de suas relações sociais-simbólicas, que, por sua vez, leva o sujeito a repetir um comportamento reativo de maneira espontânea – e, não raro, suicida e/ou tóxica – sem se dar conta disso.

É o exato processo que se apoderou não só de um sujeito, como reza o escopo da teoria psicanalítica lacaniana, mas de todo um segmento da sociedade brasileira.

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De tanto negar a realidade e distorcer deliberadamente valores consolidados da civilização humana por mera disputa de poder, a direita comportamental brasileira (encarnada na imprensa, no judiciário e no governo ilegal) passou a operar via sintoma. Hoje, ela realmente não apresenta mais capacidade de codificar enunciados básicos e transversalidades mínimas do discurso institucional.

Traduzindo: a síndrome de Alexandre Frota é uma triste realidade. Essa massa de brasileiros arrastados pelo anti-petismo irrefletido e espasmódico fez a curva cognitiva do sintoma e age, hoje, sob a negação do sentido e a negação de si.

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É um processo perigosíssimo e de difícil reversão. Em consultórios, reverter uma situação como essa leva anos – se é que se consegue reverter.

É o fanatismo operando em sua versão soft no ocidente selvagem, supostamente democrático. O Brasil vai se tornando um 'case' internacional em todas as esferas dos arremedos de civilização: o pior e mais desqualificado poder judiciário do mundo, a pior tradição de golpes de estado do mundo, a pior elite do mundo, a pior imprensa do mundo e a pior classe de tecnocratas do mundo.

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Eu sou obrigado a refazer aquela lógica popular bastante estúpida e preconceituosa. Essa lógica diz que “o Brasil não tem terremotos, furacões e vulcões, mas que para compensar essa ‘sorte’ nos foi dado um povo ruim”. Eu desprezo do fundo da minha alma as bestas que replicam esse monumento ao suicídio.

Mas posso reformulá-lo à luz das catástrofes não naturais do homem: para compensar a pior elite do mundo, a pior imprensa do mundo, e o pior poder judiciário do mundo, nós tivemos o privilégio de ter o melhor povo do mundo.

O povo brasileiro não é qualquer povo. O povo brasileiro é uma espécie de povo 'universal', que opera sob o signo do sofrimento e da alegria. É um povo que insiste em ter um representante no comando do seu país. É um povo que não abandona o seu igual, que responde com gestos pacíficos a violência de suas elites, que aguarda o momento do retorno da democracia para voltar a sorrir, que tem a força para construir a maior e mais solidária nação do mundo.

O povo trabalhador não está sob o sintoma do anti-petismo que virou doença. Ele está são. Busca, de posse dessa sanidade, a restauração de um país destruído pela boçalidade das elites, patrocinadas pela imprensa e pelo poder judiciário, nossas bestas do apocalipse.  

O povo brasileiro ficou imune a esse vírus da interpretação de texto, cujos hospedeiros mal conseguem codificar uma determinação da ONU. Ele se alinha ao mundo civilizado e caminha de maneira irresistível para, mais uma vez, fazer valer a máxima da democracia: o poder emana do povo.

O povo brasileiro é a melhor e mais contundente resposta a toda essa catástrofe social e política que quis parasitar a nossa vocação de grande nação.

Agora, a vitória não será mais apenas uma vitória de um país que quer de volta sua democracia e seus direitos. Agora, a vitória será da humanidade, muito provavelmente com um prêmio Nobel da Paz coroando a soberania de um povo.

Nós merecemos isso. Nós conquistamos isso. Nós vamos experimentar isso - e é bom irmos nos preparando para isso.  

 

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