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Guilherme Coutinho

Jornalista, publicitário e especialista em Direito Público. Autor do blog Nitroglicerina Política

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Como quem partiu ou morreu

O luto não pode durar muito. Em breve deve se transformar, novamente, em luta e, sobretudo em vigilância. O bom de sermos uma legião de derrotados orgulhosos é que continuaremos unidos, com o mesmo propósito, incansáveis na luta pelo que achamos o melhor

Como quem partiu ou morreu (Foto: Stuckert)
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A derrota tem gosto amargo. E acordamos, nós, os derrotados que não queríamos estar do lado dos vencedores, com esse fel transbordando em nossos lábios. Uma sensação de vazio, como uma ressaca, ou pior, como aquela impotência que experimentamos nas horas que sucedem velórios de pessoas queridas. Particularmente, eu não gosto de lamentações no estilo hipóteses do impossível: "se o técnico tivesse mexido no time", "se ele tivesse revisado o carro", "se Ciro tivesse declarado apoio". Assumamos: nós, os democratas, fomos derrotados pelos fascistas em nosso campo de jogo, a democracia. Foi uma batalha árdua, mas essa guerra não tem fim.

Esse enlutamento é necessário. Estamos exaustos. Não é apenas o resultado desfavorável que nos desconforta: é, também, toda essa o cansaço físico e mental, de todo esse processo que já dura mais de dois anos. Aproveitem o day after, chorem, se abracem, chorem mais, se assim desejarem, não se envergonhem disso. Vergonha é ser fascista e isso vocês não são. Sintam-se tristes, mas jamais envergonhados, pois esse sentimento só será permitido do lado de lá. Ainda estamos do lado da moral, e do lado certo da história.

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O luto não pode durar muito. Em breve deve se transformar, novamente, em luta e, sobretudo em vigilância. O bom de sermos uma legião de derrotados orgulhosos é que continuaremos unidos, com o mesmo propósito, incansáveis na luta pelo que achamos o melhor. Não o melhor para nós mesmos, ou – apenas - para nossos familiares. Mas o correto do ponto de vista humanístico, buscando o bem comum sem distinção de classe social, credo, cor ou qualquer outra divisão que tanto edifica os fascistas. Essa luta, a nossa luta, tem que transcender nosso cansaço, sob a pena de se tornar apatia e isso sim, seria uma derrota sem caminho de volta.

Eu tirei esse o título desse texto de uma música de Chico Buarque, a canção de protesto Roda Vida, composta nos tempos da ditadura. Quando eu acordei, pela manhã, percebi que estava cantarolando repetidas vezes essa parte, que é o início da música: "tem dia que agente se sente, como quem partiu ou morreu" sem entender o motivo. Acho que era meu subconsciente me mandando vários recados ao mesmo tempo. Sentimento, ditadura, roda viva, protesto, destino, viola, roseira. O mestre Chico que me perdoe.

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