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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Coragem, deputados!

A jornalista Denise Assis diz que Bolsonaro ameaça a sociedade com seu desfile de tanques. “A efígie dos tanques refletida nas paredes dos edifícios dos poderes tem a função de amedrontar, mas apenas fazem sombra à democracia”, diz

Jair Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Amanhã a Praça dos Três Poderes será assombrada pela incômoda presença de todo o tipo de badulaques militares que os três comandos poderão trazer em tempo hábil para atender aos caprichos do tirano que, do Palácio do Planalto, assistirá ao “espetáculo”, com direito a beija-mão, sob a forma de entrega de um “convite”, mera desculpa para o real objetivo por trás da manobra espalhafatosa: nos ameaçar. 

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Com o efeito de carros alegóricos na Marquês de Sapucaí, o desfile de 150 blindados de Bolsonaro faz lembrar o ameaçador cortejo de Newton Cruz à frente de 116 tanques às vésperas da votação das Diretas-Já, em 1984, conforme muito bem lembrou o jornalista Lauro Jardim, de O Globo. Porém, mais que isto, tem a mesma função intimidatória do tuíte do general Villas Boas,  na véspera da votação do habeas corpus que decidiria o destino do ex-presidente Lula. 

Não por acaso, esta operação, que acontece no município de Formosa (GO), e antes era feita apenas pelos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, neste ano conta com a inédita participação do Exército e da Aeronáutica. Desta vez, o “tuíte analógico”, de maior vulto, tem a clara intenção de assombrar, apavorar e, quem sabe, mudar o voto dos que estão convictos de que mudanças na regra eleitoral neste momento só tumultuam um país dolorido por 600 mil perdas. Neste Brasil de uma economia que regrediu cinco anos e estagnou, de 15 milhões de desempregados e de uma devastação amazônica que é assistida com perplexidade por todo o mundo.

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Tão afeitos às redes sociais, Bolsonaro e os seus comandantes das três Forças bem poderiam ter trocado mensagens pelo zap, ou pelo próprio Twitter. Afinal, fazem uso constante dessas ferramentas para exibir mensagens com diretas golpistas à sociedade. Por que, então, gastar uma fortuna para o deslocamento de tanques e anfíbios do Rio de Janeiro até Brasília, quando discutem (com fins eleitoreiros) recursos para o aumento do auxílio emergencial a 19 milhões de pessoas que despencaram abaixo da linha da pobreza, neste governo impermeável à dor alheia?

A coincidência da Operação Formosa (não seria melhor horrorosa?) com a discussão do voto impresso é operação casada. Afronta, como tem feito diuturnamente, Bolsonaro, os princípios democráticos. Tem uma simbologia aí. A efígie dos tanques refletida nas paredes dos edifícios dos poderes tem a função de amedrontar, mas apenas fazem sombra à democracia. 

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O que a sociedade espera é que os deputados não se curvem como se curvaram os ministros do Supremo Tribunal Federal, ante o tuíte do general Villas Boas, em 2018. Hoje, o quadro de desgraça que se delineia sobre o país, repudiado até mesmo por aqueles que construíram laboriosamente os seus alicerces – banqueiros, homens fortes do mercado financeiro, donos de veículos de mídia e empresários – exige consciência, firmeza, clareza do horizonte que nos espera. 

O desfile de 150 carros blindados, aeronaves, lançadores de mísseis e foguetes marcado para amanhã nas imediações do Palácio do Planalto por ordem de Jair Bolsonaro não pode refrear o nosso desejo férreo de liberdade. Não pode deter a mão dos que sabem que dos seus votos depende o nosso destino em 2022. 

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Não importa que nos ameacem. A covardia não pode ser o combustível da nossa dor, senhores deputados. Reajam! (Esses tempos de estupor ressuscitaram o ponto de exclamação). Em nome da confiança dos que depositaram na urna eletrônica os votos em seus nomes. Não se apequenem diante da sucata em que Bolsonaro transformou as Forças Armadas. O Palácio do Planalto não é o Cassino dos Oficiais. Não é a adega dos generais. Dali deveria emanar poder, sim, mas também grandeza e responsabilidade com a Constituição. Não sejam vocês o caminho para que ela sucumba. Ergam-se em nome dos que se foram. Não dobrem os seus joelhos, deputados. Não acreditem que o bicho-papão está escondido dentro de cada equipamento. Os que lá estão são homens comandados pelos que, se desarmados, se agacham e correm para tomar vacina escondido. É esta a qualidade dos homens que nos ameaçam. Coragem, deputados.

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