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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Coronel Tadeu e o Dia da Consciência Fascista

A reação do Deputado Coronel Tadeu pode ser muito bem definida como fascista. Seu depoimento pós ocorrido, foi de alguém que se sentia orgulhoso do feito, como se acabara de praticar um gesto heróico e pátrio

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Segundo dados de uma pesquisa feita pelo IPEA, e divulgada em junho deste ano, 180 homicídios ocorrem por dia no Brasil, dos quais, 75% das vítimas são cidadãos afrodescendentes. Não é novidade para ninguém, que desde sua concepção a sociedade brasileira sempre pautou pretos e pobres, sob um senso de justiça mais rígido. Muitas das vezes, covarde e cruel.

A abolição da escravatura, a contragosto dos barões da época, gerou uma certa má vontade com relação à liberdade oferecida aos escravizados. O combinado era que eles, mesmo libertos, deveriam ser constrangidos no seu ir e vir e privados de frequentar os mesmos ambiente e desfrutar dos mesmos direitos de seus antigos senhores. O motivo de tal birra não era apenas mercantil. Afinal, não haveria mais como seguir explorando mão de obra tão barata e subserviente. Era também uma questão eugênica.

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A partir desse combinado pirracento entre os escravocratas, surgiram algumas “tradições” e costumes que, até hoje, permeiam o nosso convívio social e racial, fazendo com que algum preto sempre esteja sendo vítima de racismo em algum lugar do país.  Como, por exemplo, ser mal atendido ou tratado com indiferença numa loja ou estar quase sempre sob suspeita diante de uma autoridade policial.

Autoridade policial esta, que havia sido constituída alguns anos antes da abolição, justamente para proteger os senhores de engenho de uma possível revolta dos escravizados libertos. Tal autoridade policial, continua a cumprir fielmente a missão que lhe foi dada por Dom João 6, seu criador. Manter os pretos e pobres sob vigilância. Curiosamente, a Polícia Militar foi instituída num 13 de maio, data homônima à da abolição, no ano de 1809, sob o nome de Guarda Real de Polícia.

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Uma prova de que os valores de Dom João 6, estão mais vivos do que nunca dentro da instituição, foi a atitude destemperada do Deputado Federal, Coronel Tadeu do PSL-SP, de arrancar um cartaz que fazia parte de uma exposição contra o racismo, e que denunciava o genocídio da população preta no país, na véspera da data em que se comemora o dia da consciência negra.

O motivo do desequilíbrio do Deputado, não se sabe ao certo. Mas, imagina-se, que ele tenha se visto retratado no desenho do cartunista Latuff, no qual um jovem preto algemado e envolto no bandeira do Brasil, havia acabado de ser abatido e um Policial com a arma em punho e fumegando, deixava o local sem muitos sentimentos pelo corpo estendido no chão. Não devemos e nem podemos generalizar o comportamento dos Policiais. Seria injusto com aqueles que são honestos e cumpridores da lei.

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Porém, os tais casos isolados já somam intermináveis fatalidades e equívocos, dos quais as vítimas sempre são pretos. Desde os jovens que saíram de carro para comemorar o primeiro salário recebido por um deles, passando pelo músico, cujo carro foi alvejado por mais de 100 tiros de fuzil e chegando mais recentemente no caso da menina Ághata, o qual a perícia da Polícia Civil constatou que a munição que a vitimou fatalmente, partiu da arma do Policial Militar.

O tiro que matou a menina preta Ághata, foi desferido sem motivo algum. Contrariando o depoimento inicial do Policial envolvido, que havia alegado legítima defesa por ter sido atacado a tiros, por bandidos que trafegavam numa moto. Coronel Tadeu não se manifestou quanto a este fato, mas irritou-se ao ver a evidência de tantos outros fatos estampada num cartoom.

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Sua indignação não era a de um Policial em defesa da instituição a qual serve. Sua atitude destemperada e antiética, foi apenas uma manifestação de corporativismo e de defesa do modus operandi. Alegar que a Polícia não é racista, porque tem Policiais pretos nas corporações, é esquecer-se dos capitães do mato, antecessores da Guarda Real de Dom João 6, que, apesar de serem pretos, cumpriam com muito gosto a ordem de capturar os seus irmãos fugidos.

O estado, ainda no Império, constituiu o seu braço armado, e este, sob suas ordens e recomendações, segue mantendo a tradição escravocrata em defesa da sociedade. Teve um Comandante da Rota que deixou isso bem claro, ao dizer que os Policias que atuam nos Jardins, não deveriam se dirigir aos moradores daquela região, da mesma forma que socializavam com os moradores da periferia, pois estariam sendo grosseiros com a elite.

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A reação do Deputado Coronel Tadeu pode ser muito bem definida como fascista. Seu depoimento pós ocorrido, foi de alguém que se sentia orgulhoso do feito, como se acabara de praticar um gesto heroico e pátrio. Declarou não estar arrependido e disse que não teme cassação ou qualquer outro tipo de reprimenda por parte do conselho de ética da câmara. A falta de bom senso dessa turma, merece uma data para ser celebrada. Seria o dia consciência fascista.

Sigamos na resistência, sem perder a consciência.

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