Corrida das gazelas enlouquecidas

1. Corrida das gazelas enlouquecidas...

Eleição é algo muito engraçado mesmo e, confesso, divirto-me bastante. Sem dúvida, é um momento importante para a consolidação da democracia, ou melhor, é a única forma dela se materializar. Apesar de tais conceitos filosóficos, nota-se o quanto é peculiar a figura do esperançoso candidato em campanha. Essa bizarrice, diga-se de passagem, não é privilégio de partido A ou B, pois, de forma bem participativa e includente, as presepadas atingem a todos nessa posição.

2. Agora é "do vera"!

Com o sacramentado processo de registro das atas partidárias junto aos TREs, superamos a primeira fase da campanha e, agora, o sufrágio se inicia com cores reais. Até aqui, trabalhou-se nos bastidores com as "espertíssimas" direções partidárias. Foi um prolongado jogo de cena, cuja sequela final, e sempre recorrente, é a ferida da enganação deixada em alguns trouxas. Partidos amanheciam cercados de candidatos apoiadores e adormeciam completamente sozinhos em suas alcovas políticas. Ao despertar de um outro dia, novas esperanças, novos enganos, novas ameaças mortais recompunham cenários quase perfeitos.

3. Contagem regressiva para o céu

Serão dezenas, centenas de candidaturas proporcionais para nos encher de alegrias e esperanças nesses próximos 90 dias. No entanto, há algo de mágico a unir essa legião de criaturas. Todos são ligados pela fé... não falo da fé religiosa. Quanto a isso, tenho a informar que Deus não vota, não tem título de eleitor e, segundo a agenda celeste, possui milhares de coisas mais importantes para fazer, ao invés de se preocupar com as escolhas, por vezes bem tacanhas, dos míseros mortais tupiniquins... O elo entre as ditas cujas gazelas em período saltitante é a fé desmiolada de que o povo inteiro irá votar neles pelos supostos adjetivos possuídos a partir daquilo que a respectiva mãezinha pensa que a figura tem...

4. Caras de pau

É chegado o momento de andarmos pelas ruas e trombarmos com pessoas sorrindo em sua direção como nunca visto antes. Sapecam abraços e esmagadores apertos de mão, passando a convicção de que você é a pessoa mais importante do mundo, e que não lhe ver nesses últimos tempos foi algo sísmico para a sua felicidade, seu bem estar, sua própria vida. Por vezes, chego a sentir dor de consciência de mim mesmo por não ter procurado mais vezes esse parlamentar em seu local de trabalho... só para reconfortá-lo e dizer: " – Calma, meu amig@, eu estou aqui! Dá cá um abraço..."

5. Hora de alterar o processo

Em setembro, entidades sérias deste país vão puxar um abaixo-assinado nacional, a fim se ser realizado um plebiscito, cujo objetivo está voltado para a eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, responsável por elaborar uma nova lei apta a modificar nosso desgastado, viciado, injusto, excludente, elitista, fisiologista, pervertido, desonesto, segregador e depravado processo eleitoral brasileiro. Nossa representação política não pode emergir de um sistema eleitoral do nível que hoje temos, sob pena de contaminar, cada vez mais, nossa representação política. As correntes ideológicas (justas e necessárias) devem ser valorizadas e devem estar acima dos interesses individuais. O processo político brasileiro não pode ser refém dos interesses econômicos. O atual Congresso e Assembleias, cujos representantes se elegem dentro desse sistema apodrecido, não possuem distanciamento necessário para pensar em uma proposta diferente, a atender verdadeiramente os anseios e interesses do povo brasileiro.

Ufa, cansei... já chega!! Não estou com disposição de rir cada vez mais (e mais uma vez) da política local!...