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Cássio Vilela Prado

Escritor

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Corrupção generalizada e desesperança

Já há entre os manifestantes irados de outrora pró-impeachment da Presidente Dilma e do PT um certo sentimento de culpa, uma sensação de que foram enganados e usados por políticos e setores ressentidos

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Percebe-se um certo desencanto da sociedade brasileira com relação ao cenário político atual. Por um lado, viu-se, em princípio, uma luta ferrenha de grande parte da população contra a corrupção em diversos protestos e manifestações nas ruas, principalmente pedindo "Fora Dilma", "Fora Lula", "Fora PT", indignados com essas figuras que de fato eram alvos da "Operação Lava Jato", incitados pela grande mídia nacional com o apoio de setores capitalistas e avessos ao programa socialista imposto a partir do governo do petista Lula.

Em si mesmas, foram manifestações legítimas e democráticas, pois realmente diversos figurantes desse partido foram denunciados, uns presos e outros condenados desde o chamado "mensalão do PT", espetacularizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) num longo processo judicial, que não cabe aqui questionar a lisura e a imparcialidade da Suprema Corte, embora questionável, principalmente em face aos votos proferidos pela eminente Ministra Rosa Weber se referindo ao ex-Ministro da Casa Civil, José Dirceu: "Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite". Ou com afirmações como as do Ministro Gilmar Mendes: "Não se torna necessário que existam crimes concretos cometidos", ao justificar porque condenou 11 réus por formação de quadrilha. Declarações que, sob uma leitura com um mínimo de bom senso, percebe-se o risco que tais argumentos representam para o Estado de Direito.

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Não se pretende aqui desqualificar ou censurar as manifestações contra as "figuras do PT", posto que as suas imagens foram coladas, de forma generalizada, ao mal da corrupção. Entretanto, o que se percebeu dessa "comoção nacional" forjada contra a corrupção foi o seu fenômeno seletivo com a sua respectiva cegueira propositada. A cada dia, fica mais visível que a corrupção é um fenômeno nacional, uma peste que foi abruptamente irrompida em todos os poros do tecido político brasileiro, tamponada anteriormente pela conveniência neoliberal perversa oculta.

Não se pode mais ocultar as mazelas de políticos, tampouco se manter cego diante de suas pseudomoralidades, talvez não todos, contudo, a perversão latente e muitas vezes manifesta da chamada corrupção é um fenômeno intrinsecamente humano, não se sabe onde achar a sua vacina. Negá-la em si mesmo já se constitui um mecanismo de defesa inerente à sua estrutura, ou seja, não espere que ela seja tacitamente confessada, pois a negação revela-se a sua própria afirmação, tão comum na cena política e social.

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Já há entre os manifestantes irados de outrora pró-impeachment da Presidente Dilma e do PT um certo sentimento de culpa, uma sensação de que foram enganados e usados por políticos e setores ressentidos, principalmente em face as constantes e infindáveis delações recentes de supostos criminosos corruptos que afetam a grande maioria dos partidos e políticos, exatamente os mesmos que assaltaram o poder descaradamente.

Não há mais como negar o fenômeno da corrupção generalizada não seletiva. Manter-se na cegueira desse fato corriqueiro talvez seja também um ato corrupto e perverso ou uma dificuldade de aceitar a realidade que se desvela a cada instante mais sombria. Aceitar a realidade muitas vezes é uma tarefa dura, contudo nobre, apesar da dor que se possa suscitar.

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Negar a realidade política e social atual é negar a si mesmo, enclausurando-se mentalmente em seus castelos de areia assentados apenas na desmentida fuga para a frágil realidade psíquica.

Corrupção generalizada, a admissão de sua evidente existência individual e social forçosamente fará insurgir o sabor da desesperança. Entretanto, quem disse que a desesperança também não é um fenômeno humano?

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Nessa direção, a desesperança pode ser a via de reconfiguração do presente e do futuro. Conforme o filósofo Nietzsche, em Ecce Homo: "aquilo que não o aniquila torna-o bem mais forte.".

"Fora negação". Por uma certa desesperança...

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