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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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CPI lava a alma do país mesmo antes da entrega do Relatório no dia 19

"Sem poder de punir, mas com enorme capacidade de convocar, investigar, solicitar documentos e quebra de sigilos, a CPI terá, com a conclusão dos seus trabalhos, o importante papel de proporcionar ao MP e outras instituições, a abertura de novas e mais aprofundadas investigações", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

No dia 19 de outubro o país tem encontro marcado com um acerto de contas de grandes proporções. A sociedade brasileira conhecerá, segundo anunciou o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB), o relatório final que está sendo elaborado pela CPI, com base nos depoimentos, documentos e denúncias colhidas. Iniciada no dia 27 de abril deste ano, a Comissão transformou-se na principal trincheira da sociedade que, através dos seus senadores, teve direito a esmiuçar os desmandos e a política contrária à ciência e a favor de negócios nebulosos, praticada dentro do Ministério da Saúde, conforme as sessões têm mostrado.

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Sem poder de punir, mas com enorme capacidade de convocar, investigar, solicitar documentos e quebra de sigilos, a CPI terá, com a conclusão dos seus trabalhos, o importante papel de proporcionar ao Ministério Público e outras instituições, a abertura de novas e mais aprofundadas investigações e, ao final, sim, punições. Resta saber se esses entes que receberão as denúncias darão prosseguimento e farão jus ao trabalho que a Comissão desempenhou até aqui, descortinando, inclusive, um cenário de horror e “homicídios” cometidos em nome de um experimento “testado” ao arrepio da Lei, pela Prevent Senior

A empresa, que se apresentou ao público como um plano de saúde “mais acessível” aos idosos, mostrou-se, porém, como um verdadeiro campo de concentração, onde os pacientes eram separados entre os que iriam viver ou morrer. Tudo em nome de testar o tal tratamento “precoce” ou “preventivo”, tendo como base o kit Covid. Remédios ineficazes, conforme comprovou a Organização Mundial de Saúde (OMS), sugeridos pelo governo a fim de enganar a população e fazê-la trabalhar, para garantir o funcionamento da economia. Bolsonaro chegou a dizer em público que se a economia parasse sua reeleição corria risco. 

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Não. Não é só a economia, estúpido. É o conjunto da obra. E nada como o palco da CPI para ficar demonstrado o nível de pessoas que estão ao lado desse governo. Negacionistas, fascistas, racistas e homofóbicos. Hoje, (30/9) numa atitude de elegância e retidão, o presidente da CPI, Omar Aziz, propiciou ao grande público que acompanha os trabalhos ao vivo, momentos de genuína emoção. Num gesto de generosidade, ao ver o colega, o senador Fabiano Contarato (Rede), ser alvo do deboche do empresário e depoente, Otávio Fakhoury, cedeu para ele a presidência, para que respondesse aos ataques de homofobia explícita. 

A indignação, a dignidade e a retidão com que Contarato se defendeu estabeleceu uma rede de empatia que nos levou às lágrimas. Uma lição ao país, de que a política identitária nada tem de descolada da pauta nacional e cidadã, como escreveu o general Villas Boas em suas memórias. Ou nos igualamos todos e lutamos por direitos juntos, ou veremos abrir-se à nossa frente cada vez mais um fosso, onde famílias disputam ossos descartados pelos frigoríficos, para manter suas famílias, sem ter o que comer.

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Ou o país entende de uma vez por todas que homens, mulheres, crianças, jovens, pretos, pardos, brancos, amarelos, trans, gays, lésbicas, e gente de todo tipo querem apenas o direito à vida, à saúde, à educação e à felicidade do jeito que escolherem, ou não haveremos de estancar a violência, o feminicídio, a pobreza, as mortes.

A atitude do empresário empertigado, pedindo desculpas depois de desfiar os seus privilégios na cara de todos, foi muito pouco para o tamanho da sua arrogância e desfaçatez. Fez muito bem o senador Contarato de pedir para que fossem reunidas as provas da homofobia para fundamentar um processo a que terá de responder o senhor Fakhoury.

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Esperemos apenas que, tanto a montanha de provas da CPI, a serem entregues no dia 19 de outubro, quanto as reunidas pelo senador da Rede, não mofem em escaninhos da capital. O Brasil não suporta mais passar pela frustração dos “acordões”. 

Infelizmente, além dos 4,4 milhões de desempregados e a perda de 172 milhões em investimentos que nos legou a famigerada Lava-Jato, - lamentada por um grupo de viúvos que povoam as colunas na mídia – ela nos deixou também (no campo progressista) uma ideia de que não se deve ter um espírito punitivista. Pois eu diria que tampouco atitudes de “contemporização” que nos leve, como na história que corre no Twitter, a desfechos em que um presidente golpeia a todos e, quando tudo “dá certo”, chora e recua diante da possibilidade da própria prisão e à do filho. E o que acontece? Nada! Ao que tudo indica, a mais um “acordo”. É o que se comenta.

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Foi assim durante esses dois anos de desgoverno, quando o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, trancou os pedidos de impeachment alicerçados em muitas razões, porque não queria enodoar a própria biografia, conforme chegou a dizer de público. Pois manchou, saindo como alguém que não ouviu a sociedade. Sustentou Bolsonaro no poder, a despeito dos crimes de responsabilidade cometidos.

Foi assim, em 1979, quando o movimento pela anistia iniciado pela advogada Therezinha Zerbini através da criação do Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), em 1975, fortaleceu os comitês que se espalharam em solo nacional e internacional, recebendo o apoio da Igreja Católica e do recém-criado PMDB no início da década de 1980. Diante da pressão popular, o projeto de lei foi encaminhado pelo presidente João Figueiredo ao Congresso Nacional em um momento em que o país possuía cerca de sete mil exilados e aproximadamente oitocentos presos políticos.

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No fim, um grande acordão, capitaneado pelo PMDB (o MDB de então) eximiu de culpa – num artifício de reinterpretação dos chamados “crimes conexos” – os perpetradores de graves violências cometidas em nome do Estado, ou seja, torturadores, seus cúmplices e toda a cadeia de comando dos governos da ditadura.

Não. Não estamos falando de enfrentamentos ou violência. Mas de uma união de forças que pudesse levar a situações definidoras, chamemos assim, que não nos jogassem na pasmaceira, no mais do mesmo, no “ter que engolir”. O sofrido povo brasileiro merece o seu grito de vitória sobre os abusos, o autoritarismo e o fascismo.

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