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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Crônica de um desastre anunciado

"Ninguém precisa ser profeta para prever o desastre que se desenha no país, à sombra das nuvens negras que pairam no horizonte, a partir do governo que se inicia no próximo dia primeiro de janeiro", avalia o jornalista e colunista Ribamar Fonseca ao analisar o perfil do governo eleito de Jair Bolsonaro; "Não é difícil chegar-se a essa conclusão diante do conteúdo dos discursos do novo presidente e das declarações dos seus ministros, todos anunciando medidas desastrosas para o país e seu povo"

Crônica de um desastre anunciado
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Ninguém precisa ser profeta para prever o desastre que se desenha no país, à sombra das nuvens negras que pairam no horizonte, a partir do governo que se inicia no próximo dia primeiro de janeiro. Não é difícil chegar-se a essa conclusão diante do conteúdo dos discursos do novo presidente e das declarações dos seus ministros, todos anunciando medidas desastrosas para o país e seu povo. Eles parecem afinados na tarefa de destruir as grandes conquistas sociais e, principalmente, no entreguismo, com privatizações e alinhamento aos Estados Unidos. E tem em comum o ódio ao petismo, que fez sair do armário antipetistas ferozes camuflados, principalmente, no Ministério Público e no Judiciário. Depois do governo Temer, que tirou o Brasil do mapa mundial como grande Nação respeitada pelo resto do planeta e presente nas grandes decisões, o governo Bolsonaro deve complementar a destruição da nossa soberania entregando-nos, de joelhos, ao tresloucado Donald Trump, o Deus dele e do seu chanceler.

Mesmo diante desse quadro doloroso, desenhado a partir do posicionamento do Presidente eleito e seus auxiliares antes da posse, ninguém sabe precisar exatamente o que poderá acontecer nos próximos quatro anos, considerando também a presença de tantos militares num governo eleito democraticamente. Os militares, na verdade, voltam agora ao poder legitimados pelo voto popular, o que, no entanto, não significa necessariamente que as regras democráticas serão integralmente respeitadas. Ninguém acredita, porém, que chegaremos a ter atos de força, como o AI-5 da ditadura, não apenas porque não há clima no mundo atual para semelhantes iniciativas mas, também, porque, como bem lembrou o jornalista Ricardo Kotscho, nem precisa, com a Justiça que temos. O instituto do habeas corpus, por exemplo, suspenso pelo AI-5, hoje praticamente inexiste, sobretudo quando pode beneficiar Lula. De onde se conclui que se depender da Justiça o ex-presidente, embora inocente – e os ministros do Supremo sabem muito bem disso – vai apodrecer na prisão, como, aliás, deseja o novo Presidente.

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O capitão, eleito Presidente por obra do mesmo esquema que elegeu Donald Trump – o uso massivo da Internet para induzir a parte da população que não pensa – antes mesmo de assumir já provocou enormes estragos nas relações do Brasil com o mundo. Seguindo os passos do seu ídolo Trump, ele repetiu tudo o que o presidente norte-americano disse, particularmente em relação à Venezuela e Cuba, aos acordos mundiais e à transferência da embaixada em Israel. Ele está comprando as mesmas brigas com a comunidade internacional, sem medir as consequências para o Brasil. Para dar cumprimento às suas declarações escolheu o chanceler certo, o diplomata Ernesto Araujo, que pensa exatamente igual. E os 210 milhões de brasileiros, inclusive os que não votaram nele, sofrerão os efeitos das ações tresloucadas de apenas dois homens. Os seus eleitores nem poderão se declarar arrependidos, porque – justiça seja feita – Bolsonaro nunca enganou ninguém sobre os seus propósitos na Presidência da República. Eles votaram conscientes do que poderia acontecer durante o seu governo.

Há uma velha regra que diz: "Semelhante atrai semelhante". Isso explica, por exemplo, a escolha de Damares, Salles, Lorenzoni e Moro, entre outros, para integrar o novo governo. A messiânica futura ministra dos Direitos Humanos teve o privilégio de ver Jesus passeando debaixo de uma goiabeira, privilégio até hoje só alcançado, depois da sua crucificação, por Maria Madalena, os apóstolos e Paulo de Tarso, à entrada de Damasco. Desde aquela época só Damares conseguiu essa graça. Se ela colocar em prática as lições do Evangelho, que deve conhecer muito bem como pastora, então teremos um Ministério dos Direitos Humanos perfeito. Quanto a Salles, corremos o risco de ver a Amazônia desmatada e vendida. E o Lorenzoni, o homem do caixa dois confesso, na chefia da Casa Civil? Com Moro que, como chefe supremo da Justiça, já o perdoou ele não precisa se preocupar, mas vai precisar de muito jogo de cintura para não ser espremido pelo núcleo militar, especialmente pelo vice-presidente, que já deixou bem claro não concordar com muito do que pensa junto com o seu chefe, em especial quanto à política externa. Mourão poderá exigir uma investigação sobre o caixa dois do Ônix, que Moro ignorou.

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O ex-juiz Sergio Moro, considerado o paladino do combate à corrupção, não viu nada errado no comportamento do seu colega de ministério e, também, nas atividades do ex-assessor do deputado Flávio Bolsonaro, acusado de movimentar mais de R$ 1 milhão de origem suspeita. O futuro ministro da Justiça parece mais preocupado em manter Lula na prisão. E tudo indica que vai assustar mais ainda o Supremo para que negue o habeas corpus ao lider petista. Se antes a Suprema Corte já tinha pavor dele como juiz de primeira instância, ninguém se espante se os onze ministros se borrarem quando ele bater o pé como titular da pasta da Justiça, pressionando a Corte para negar, mais uma vez, o habeas corpus. Isso significa que não será tão cedo que o ex-presidente conseguirá a liberdade, via Justiça, porque se já estava difícil antes da posse de Bolsonaro, será muito mais difícil depois que ele assumir o poder. Afinal, é preciso ser muito macho, ter aquilo "roxo" como diria o Collor, para enfrentar a ameaça de ser fechado apenas com um cabo e um soldado.

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