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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Crônica de um golpe anunciado pelo golpista

“Não é nem preciso recorrer à constituição para entender que se trata de crime contra a democracia”, diz o jornalista Alex Solnik sobre as ameaças de Jair Bolsonaro contra as eleições brasileiras. “Impedir eleições é crime de responsabilidade que não pode ser ignorado”

(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Feitos para apavorar, os discursos cada vez mais autoritários, na forma e no conteúdo, do atual presidente do Brasil não assustam mais ninguém. Mas não podem passar em brancas nuvens. Os brasileiros não merecem. Ele tem que ser barrado, não importa se por impeachment, renúncia ou doença. A vontade irracional de um projeto de ditador não pode se sobrepor à de 140 milhões de brasileiros que adoram, desejam e precisam votar.

Nenhum antecessor ameaçou a democracia desde a redemocratização. Estava implícito em cada posse que depois de um presidente eleito viria outro, também eleito.

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Ninguém jamais ameaçou impedir a realização de eleições a nenhum pretexto, muito menos a pretexto de supor que o resultado será fraudado a favor de seu adversário a um ano das eleições.

A vantagem, se é que há alguma, é que ele não trama em segredo, revela claramente, todos os dias, que não deixará acontecer eleições em 2022.

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É um fato insólito e inédito. A crônica de um golpe anunciado pelo golpista.

Não é nem preciso recorrer à constituição para entender que se trata de crime contra a democracia.

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Impedir eleições é crime de responsabilidade que não pode ser ignorado. Nem relevado.

O discurso de Fux na abertura dos trabalhos do Judiciário foi veemente. Mostrou estar ciente de que ou o STF barra Bolsonaro, ou Bolsonaro barra o STF.

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Ditaduras modernas dispensam tanques, diga-se. A truculência explícita afasta os donos internacionais do dinheiro.

Constroem-se ditaduras em silêncio, controlando, aos poucos, o Judiciário e o Legislativo. O STF e o Congresso. Quatro anos não são suficientes. Daí a obsessão pela reeleição.

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O modelo das ditaduras modernas é a Hungria. Orbán se mantém no poder há dez anos com apoio do Parlamento, que controla e que, por sua vez, aprova suas leis draconianas. No melhor estilo uma mão lava a outra. Mantém a imprensa sob censura econômica, asfixiando quem o critica e energizando quem o adula. 

Bolsonaro tenta seguir a cartilha de Orbán, mas não tem a arma do húngaro: um partido. O Partido Bolsonarista. Até tentou criar um, mas não conseguiu adeptos porque não há espaço para um partido tão radical quanto ele.

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Essa é mais uma evidência de que os brasileiros votaram em Bolsonaro, não na extrema-direita, o que revela o risco de votar em nomes e não em partidos.

Tenho certeza que a maioria dos eleitores de Bolsonaro não sabia e não sabe que ele é de extrema-direita e até ignora ser essa uma ideologia próxima ao fascismo e ao nazismo, e que, portanto, coloca em risco sua liberdade e até sua vida; votaram nele seduzidos pelo seu carisma.

Votaram no cara que parece ter certeza do que diz. Votaram no cara durão. Pulso firme. Votaram no nome, não no que pensa. Votaram no nome, não no partido.

Um golpe à la Orbán não é possível sem partido próprio e forte.

Um golpe à la 64 é inviável.

Principalmente se não é tramado em segredo.

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