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Antônio Carlos Silva

Coordenador da Corrente Sindical Nacional Causa Operária – Educadores em Luta e membro da direção nacional do PCO. Professor da rede pública do Estado de São Paulo.

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CSN, garis, professores x Conclat: dois caminhos, duas políticas

Os trabalhadores apontam o caminho das ruas e do enfrentamento com a direita golpista, contra os pelegos. Burocracia aponta para a conciliação

(Foto: Diário Causa Operária)
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Por Antônio Carlos Silva

Nesta sexta (8/4), uma assembleia com mais de 6 mil metalúrgicos da Usina Presidente Vargas, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), de Volta Redonda (RJ) aprovou a rejeição da miserável proposta dos tubarões que comandam a empresa que, desde a sua privatização na década de 90 não fizeram outra coisa se não demitir, arrochar os salários e aumentar a exploração dos operários para auferir lucros estratosféricos, como os quase R$13bilhões ganhos no ano passado, quase 130% a mais que no ano anterior, em plena pandemia.

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O episódio fechou uma semana, em que se evidenciou um enorme abismo entre as tendências de luta, cada vez mais combativas que se desenvolvem no interior da classe trabalhadora brasileira e principalmente da classe operária, o pelotão mais avançado das direções do movimento operário, e a política adotada diante da crise pela esquerda e a burocracia sindical na etapa atual.

Superando a política de conciliação de suas direções e da burocracia sindical, e muitas vezes se enfrentando com elas, os trabalhadores vão aos poucos retomando as greves e as mobilizações contra os patrões e seus governos. Indicam o único caminho de superação da situação de derrotas e retrocessos promovidos pelo golpista: a mobilização com seus próprios métodos de luta, como as greves e ocupações, nas ruas, nos locais de trabalhos etc. amparados em sua própria organização.

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Aos poucos a defensiva da etapa anterior vai se esvaindo, diante da pressão inflacionária (que bateu novo recorde em março), do avanço das crises econômica e política que abalam as condições de dominação da burguesia, levando setores importantes da classe operária a resolvem enfrentar na marra, a prostração de suas direções, que apontam na espera pelas eleições, no entendimento com a direita golpista, na unidade com os setores que apoiaram o golpe e traíram todas as lutas dos trabalhadores nos últimos anos.

Vai se esclarecendo, para milhares de operários e ativistas, que a atual situação de retrocessos não vai ser alterada por meio de acordos com os sindicalistas pelegos que traem as greves como as dos garis do Rio de Janeiro (cujo sindicato é comandado pela UGT) ou dos metalúrgicos da CSN (com sindicato semi-destruído pela Força Sindical).

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Tampouco pode ser mudada por meio de acordos com setores da direita golpista, como Kassab (PSD), Alckmin (PSB, ex-PSDB) e demais inimigos da luta dos trabalhadores, que se forma alguma são “companheiros” dos trabalhadores nas suas lutas. Não pode ser alterada por meio de atos demonstrativos, sem a mobilização dos trabalhadores, como o “Conclat” ou atos “Bolsonaro nunca mais”, que se realizam neste sábado (9/4), que buscaram uma aproximação com setores da direita golpista, os mesmos setores que preparam a terceira etapa do golpe, por meio da “terceira via”.

O abismo e a confusão política fica ainda mais evidente também quando algumas centenas de dirigentes sindicais repetem – como farsa – o Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) depois de mais de 40 anos da realização de sua primeira edição tentando unir ao sindicalismo da CUT, surgido da luta dos trabalhadores contra o peleguismo e contra a ditadura – hoje burocratizado e limitado pela política da maioria de sua direção -, ao sindicalismo patronal e traidor, de entidades criadas pelos patrões para dividir os trabalhadores e enfraquecer sua luta, como a Força Sindical e a UGT.

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No Conclat realizado na última semana (7/4) – com 10% do total de participantes daquele realizado há 40 anos, no qual a burocracia se opôs a qualquer unificação, à construção da CUT, com medo de que pudesse levar à mobilização operária contra a ditadura – ao contrário das greves operárias, o que se viu foi uma maioria de discursos vazios e nenhuma reivindicação ou medida concreta de luta.

Enquanto nós professores exigimos 33,24%  de reajuste para todos – em cumprimento à Lei do Piso -, os garis reivindicavam em sua greve 25% e os metalúrgicos da CSN cobram 30% para recompor parte de suas perdas e enfrentar a inflação galopantes, o documento assinado pelos sindicalistas – que não foi discutido pelos trabalhadores -, fala apenas e genericamente de “instituir uma política de valorização do salário mínimo”.

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Enquanto o próprio ex-presidente Lula levanta a questão da “contra reforma” trabalhista ou da revogação das mudanças draconianas contra os trabalhadores aprovadas após golpe, os sindicalistas esmolam, em documento a ser encaminhado aos candidatos e candidatas à Presidência da República, ao Congresso Nacional, aos governos dos estados e às Assembleias Legislativas, pedem que sejam “revogados os marcos regressivos da legislação trabalhista, previdenciária“.

Reivindicações centrais para o povo brasileiro e para os trabalhadores, como a nacionalização do petróleo e a reestatização da Petrobrás (defendida pela FUP), é substituída pela burocracia por uma genérica defesa da “suspensão” da “política de paridade dos preços internacionais hoje adotada pela Petrobras“.

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A luta contra as privatizações dos Correios e da Eletrobrás, entre outras, também são deixadas de lado, mesmo sendo reivindicações centrais das organizações cutistas e dos trabalhadores, em nome de se alcançar a inútil “unidade” com os pelegos que são contra tudo que não esteja com a vontade dos patrões.

Mais do que nunca, os trabalhadores apontam o caminho: o caminho das mobilizações, da luta da classe operária e demais explorados, com seus próprios métodos, para arrancar a vitória nas lutas parciais e, principalmente, na luta para colocar para fora Bolsonaro, derrotar toda a direita golpista e eleger Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.

A tarefa é impulsionar essa perspectiva em todos os terrenos e impulsionar a superação da política de derrotas das direções tradicionais por uma política classista, um programa próprio, com os métodos próprios da classe operária, para abrir caminho para a derrota da direita que busca se rearticular e preparar a terceira etapa do golpe. Isso só é possível com o povo trabalhador na rua, na luta por suas reivindicações, organizado em milhares de Comitês de Luta, lutando por Fora Bolsonaro e toda a direita, por Lula presidente e por um governo dos trabalhadores. 

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