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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Curtas documentários indicados ao Oscar

Minhas impressões sobre os cinco curtas documentários indicados ao Oscar e onde quatro deles podem ser vistos

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Dois indicados ao Oscar de curta documentário estão disponíveis na Netflix. Um é O Efeito Martha Mitchell (The Martha Mitchell Effect), sobre a esposa do procurador geral John Mitchell, mulher sem papas na língua considerada peça-chave na denúncia do escândalo Watergate. Martha foi a típica "louca necessária". Depois de provocar muitas saias justas durante o governo Nixon enquanto seu marido era homem de confiança do presidente, ela saiu na frente nas acusações contra o mandatário. O filme de Anne Alvergue e Debra McClutchy não explica muito bem os detalhes do papel que Martha teve no episódio, mas pinta um retrato vivo de uma mulher tão independente quanto midiática.

O outro filme na Netflix é o média-metragem Como Cuidar de um Bebê Elefante (The Elephant Whisperers), da realizadora e fotógrafa indiana Kartiki Gonsalves. Ela acompanhou o cotidiano de um casal especializado em cuidar de bebês elefantes numa floresta do Sul da Índia. Booman e Bellie recebem da guarda florestal a incumbência de criar o órfão Raghu e se desvelam em atenções e carinho para com o elefantinho. Depois chega também a fêmea Ammu para aumentar a "família". Gracioso e terno, embebido em piano suave, o filme se vale de um certo embelezamento da vida selvagem, muito típico da globalização audiovisual. Mas é extremamente simpático na abordagem de seus personagens, racionais ou não.

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Dois outros curtas indicados têm distribuição da revista New Yorker e podem ser vistos na internet. Stranger at the Gate ("Um estranho no portão", em tradução literal), dirigido por Joshua Seftel, é uma história de redenção passada na pequena cidade de Muncie, Indiana (EUA). O veterano de guerra Richard McKinney, acostumado a matar muçulmanos na Guerra do Afeganistão, planejou explodir uma bomba na pequena mesquita de Muncie e acabar com os "terroristas" ou "futuros terroristas" (as crianças) locais. Antes, porém, caiu na tentação de visitar a mesquita. Pela forma como foi recebido, acabou alterando em 180 graus as suas intenções. Um caso curioso de conversão que perde, porém, grande parte do seu impacto por ser relatado a posteriori, à base de simples depoimentos e de um excesso de filmagens com drones. Resultou pasteurizado. Está disponível com legendas adaptáveis ao português neste link.  

A New Yorker oferece também o concorrente Haulout (assista aqui), que tem pouquíssimas falas. Também pudera, o protagonista é um biólogo marinho isolado numa cabana no ermo da Sibéria. Ele está ali observando as morsas que se veem forçadas a sair das águas do Oceano Ártico porque o aquecimento global derreteu os blocos de gelo onde elas descansavam. De repente, o fenômeno bate diretamente a sua porta. A cabana está cercada por milhares de morsas. As imagens são impressionantes. O risco de um estampido seria fatal para Maxim Chakilev e para os documentaristas Evgenia Arbugaeva e Maxim Arbugaev. Os lerdos mas assustadores movimentos dos animais, alguns deles tentando penetrar na cabana, provocam um suspense que contrasta com a serenidade do biólogo. Sem muitas palavras, o curta ilustra como as mudanças climáticas atingem as espécies mais variadas nos pontos mais distantes do planeta. 

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Por fim, quero comentar o curta doc mais cativante entre os indicados: How Do You Measure a Year ("Como se mede um ano"), do inventivo Jay Rosenblatt. Visto no último É Tudo Verdade, pertence a um subgênero que eu chamo de "documentário de recorrência", em que os personagens são acompanhados em sucessivos estágios de sua vida. Diante da câmera, Jay fez perguntas elementares a sua filha Ella nos aniversários dela dos 2 aos 18 anos. Tudo muito direto e simples no fazer, mas luminoso no resultado. De ano a ano, percebemos a formação de uma consciência sobre si mesma e o mundo ao redor, a evolução do charme da garota, suas oscilações de humor, mas também os gostos e preferências que se mantêm ao longo do tempo. 

Infelizmente, não tenho indicação de como assistir a esse curta no momento.

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A "parceria" entre Jay e a pequena Ella se estende a outros curtas, como I Like it a Lot, I'm Charlie Chaplin e Beginning Filmmaking. Nesse último, o pai ensina à filha de quatro anos os rudimentos de uma filmagem. Hoje com 20 anos, Ella estuda ambientalismo e faz ativismo alimentar. 

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