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Pedro Cláudio Cunca Bocayuva

Professor do PPDH do NEPP-DH/UFRJ

31 artigos

blog

Da irresponsabilidade moral com a fala até o crime de responsabilidade

O desmascaramento moral e a banalidade da crueldade

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Antes de um julgamento sobre crime de responsabilidade é necessário reafirmar o valor intelectual e moral da verdade na vida coletiva. Qualquer filosofia se relaciona com um horizonte moral e depende da linguagem falada,  do senso comum para julgar os atos dos governantes. A função da autoridade depende de uma relação entre coerção e consenso que define a arte e a ciência de governar, lidas desde uma pedagogia presente em toda hegemonia, que compreende a interrogação ética sobre a grande política em contraste com  os fenômenos mórbidos e personalistas.  

Mas o que dizer quando o mundo está do avesso, quando a covardia moral e a irresponsabilidade ética com a coletividade se somam nas atitudes cruéis, alimentando a vilania, a corrupção e a ação tirânica, quando o governante se omite e mente quanto ao quadro de gravidade de um trauma que atinge a  vida coletiva? 

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O quadro é ainda mais dramático quando a impostura e a mentira são um hábito usado para sustentar a negação da gravidade dos desafios e para desviar a atenção do problema  maior.  O que dizer do discurso que busca imputar aos outros a responsabilidade pela crise societária e sanitária, tentando criminalizar os adversários? A naturalização do argumento perverso leva ao paroxismo o quadro que degenera em desgoverno e aprofunda o cenário de  colapso.

O processo traumático avança no caso do meio-ambiente, do aumento dos preços de alimentos e combustíveis, se amplia como uma catástrofe que acentua processos mórbidos e a violência material é simbólica extrema. A barbárie pode resultar em genocídio e os processos obsessivos e delirantes podem aprofundar o sofrimento físico e psíquico, de uma comunidade sem proteção sanitária, imunológica, que se complementa com o declínio intelectual e moral. 

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O quadro contemporâneo de uma sociedade como a brasileira leva ao paroxismo o espetáculo degradante de manipulação e irresponsabilidade criminosas, com os abusos jurídicos, com o golpe, com a violência de Estado, apoiados no despudor personalista, que todo dia desvia a atenção da coletividade e introduz uma afirmação falsa. Na nova guerra híbrida as máquinas de manipulação e os pequenos interesses buscam usar a destruição da razão pela mobilização desviante ampliando as dimensões negativas da pulsão de morte. Liberando para a passagem ao ato violento, usando as armas erradas do desgoverno alimenta o ódio. A passagem ao ato violento, o armamentismo, o clientelismo a falsa moralidade promovem o gozo com o excesso punitivo, ao lado da blindagem dos atos criminosos de seus pares. A lógica da queda no abismo alimenta as forças que atentam contra a vida. 

A forma aberta e espetacularizada deste avesso da legitimidade, desta ruptura da legalidade, deste comportamento moral e eticamente irresponsável alimentam o processo que chamamos de banalização da crueldade. Se no passado a banalidade do mal sintetizada o resultado do terror e das ideologias totalitárias, como um capitalismo sem máscara, hoje vivemos uma banalidade da crueldade, literalmente sem véu e sem máscara como o resultado da doença infantil da globalização neoliberal. 

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Vivemos sob o mando do negacionismo perverso, cujas feições de novo fascismo político acentuam as dimensões micropolíticas da vida social, como uma profecia que se cumpre apoiada pela razão cínica que abriu as portas para o que existe de covardia moral mais asquerosa. Aquela que se alimenta da impunidade apoiada pelo abuso e partindo para a militarização, agressão e preparação de um banho de sangue que se soma ao risco ambiental e biológico que completam o quadro trágico. 

Cada pequeno gesto em defesa da vida, cada pequeno ato de solidariedade, cada ação positiva e afirmativa em defesa da vida é um ato de efeito público, de afirmação de responsabilidade moral e de ética pública que faz muita diferença. Cada ação molecular cria defesas para imunizar a comunidade. Esta é a única forma de podermos encontrar uma saída republicana, popular e democrática que nos coloque numa rota de cooperação com os esforços de defesa da humanidade e do planeta em sua diversidade. 

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O momento é de busca de uma saída ecosistêmica mundial que tenha por base as tecnologias sociais, que contribuam com a reforma da sanitária nos territórios, com apoio nos avanços científicos, que resultem em defesa imunológica através de testes e vacinas. A responsabilidade pública depende da mobilização democrática e do avanço em matéria de paradigmas de reconstrução dos modos desenvolvimento, que rompam com os riscos gerados pelos processos de desigualdade e com seus impactos nefastos de segregação com violência. 

A dimensão sanitária, alimentar, o meio ambiente e a dimensão da vida cultural em sociedade são parte de uma mesma problemática complexa e transversal, que lida com o desafio ético. Merece destaque o uso metodológico e normativo da noção de interseccionalidade, que permite uma abordagem crítica que tem ajudado a buscar o enquadramento integrador de novas vozes/subjetividades no processo político de construção de novas alianças e plataformas unificadas. 

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As subjetividades corporificados nos territórios devem definir a produção social do espaço para o uso comum. Os corpos e és consciências devem ser organizados em rede ou em assembleia que afirmem um horizonte de uso prático de conhecimentos. As mobilizações devem ser capazes de garantir uma saída responsável com base na diversidade e na pluralidade com objetivo de gerar justiça social e ambiental. Na linha de frente deste processo estão movimentos sociais e redes territoriais, as Universidades e aquilo que se pode chamar de comunidade, com destaque na ação estratégica desde a nova centralidade social da periferia e das suas subjetividades coletivas articuladas com novas esferas públicas de participação é controle ampliando o poder constituinte para a radicalização da democracia. 

Felizmente a aliança entre a inteligência coletiva das periferias e a comunidade científica tem apoiado os esforços de tod@s que se colocam na linha de frente das ações que geram atenção básica em saúde, atendimento emergencial e distanciamento social, que buscam a renda básica, que alimentam, ensinam e cuidam para que as ações de imunização transformem a consciência, a vigilância é a emergência sanitária, num momento que permita afastar os processo nefastos, ampliando a defesa do SUS é exigindo um PNI efetivo . As ações coletivas deste bloco social e técnico podem criar as condições para barrar a irresponsabilidade moral e ética, as ações negacionistas que são a base que retroalimenta a banalização da crueldade.

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