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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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De mito em mito a imbecilidade brasileira ganha forma

A Lava Jato evidentemente tem sua importância, mas não podemos confundir alhos com bugalhos; as questões sociais não são casos de polícia e a miséria brasileira definitivamente, não chegará a termo nos despachos coercitivos do Dr. Moro

Brasília - O Movimento Vem Pra Rua realiza manifestações em todo o país. O ato é em apoio à Operação Lava Jato e contra a corrupção e a forma de se fazer política no Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil) (Foto: Ângelo Cavalcante)
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O pensamento fácil, esquemático e sub-racional da burguesia brasileira e que por intermédio, principalmente, dos grandes veículos de comunicação se espraia fácil e ligeiro para os rincões mais remotos do país deu-nos de fazer crer que a Operação Lava Jato será o "pó de pirlimpimpim" e que irá transformar a vida social e política do país. O espantoso de tudo isso é que tão pueril e incipiente pensamento possui importantes adesões!

A cada capítulo dessa novela a canalha brasileira pulula de gozo injustificável crendo piamente nos efeitos miraculosos e balsâmicos desta muito midiática operação da polícia federal. É muito estranho porque parecem esquecer do essencial.

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Isso mesmo! Parece que esqueceram (se é que souberam algum dia!) do artigo quinto da constituição federal e que trata dos direitos fundamentais das pessoas. Direitos fundamentais? O que é isso? Bom... São esses direitos sem os quais nenhum de nós pode viver com o mínimo de dignidade ou atividade. Entram aí, direitos como morar adequadamente, ter acesso perene a pelo menos, três refeições diárias e de qualidade, vestir-se, acessar, sempre que quiser ou precisar, escolas, hospitais e espaços públicos de qualidade comprovada, dentre outros.

É esse o componente estrutural e estruturante que inibe corrupções desde os níveis mais pessoais e elementares da vida individual ou coletiva até aos mais elevados estratos da governança nacional. Pode parecer estapafúrdio mas não é. A principal política de prevenção e combate ao multifacetado mundo da corrupção é efetivamente, a garantia plena dos direitos sociais a cada brasileiro e a cada brasileira.

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Isso é a revolução! Esse cenário cria automática e inexoravelmente uma sinergia sócio-política de tipo novo e sem precedentes em todos os planos e níveis da vida nacional; gera unidade familiar; reintegra casais e famílias; refaz comunidades; inibe o crime perpetrado, não raro, por famélicos; repõe os corpos anêmicos e pessimamente nutridos de nossas crianças e adolescentes, este dramático segmento e severamente marcado por toda sorte de vulnerabilidade; refaz paisagens urbanas e rurais; redefine territórios, sobretudo, territórios do crime. Direitos sociais? Se cumpridos tal qual determina a lei, possuem a potência e a virtude de reinventar as cidades brasileiras, esses insaciáveis moedores de gente pobre.

A Lava Jato evidentemente tem sua importância, mas não podemos confundir alhos com bugalhos; as questões sociais não são casos de polícia e a miséria brasileira definitivamente, não chegará a termo nos despachos coercitivos do Dr. Moro; não será resolvida no sensacionalismo da televisão globo em sua desmedida tara política por aniquilar o ex-presidente Lula da Silva e toda a esquerda brasileira.

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É fácil entender o que tento dizer nessas breves linhas; tomemos como exemplo o muito perseguido e odiado "programa bolsa família". Essa política social mas também, econômica, teve o mérito de tirar mais de vinte milhões de brasileiros do pântano de uma miséria de profundidade secular; mais que importante, os gotejamentos de dinheiros advindo do programa para esses brasileiros como se fora uma tsunami transoceânica rompeu fundo com o imobilismo perverso e atávico dessa miséria cristalizada no juízo, no corpo e no cotidiano dessa gente; produziu uma revolução discreta e silenciosa na vida desses indivíduos; trouxe à luz de um horizonte de possibilidades um meio Brasil de seres humanos e que hibernava fundo em anonimato perverso e patológico e que só a muito original arma de destruição em massa da miséria brasileira é capaz de produzir.

O resto da história todos já sabem; os "gotejamentos" do programa aqueceram economias locais, gerou intercâmbios, ergueu cadeias de consumo/produção, possibilitou proximidade econômica, inspirou negócios, ampliou a geografia econômica e, enfim, nos vimos e nos sentimos povo e em movimento fazedor de história.

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Por obséquio, vamos dar a César o que é de César! Será de grande seriedade e educação política conferirmos o tamanho real das coisas a cada coisa. Não subestimar, tampouco superestimar. Insisto que a profunda revolução social, política e econômica para esse país arrasado é ainda e, sobretudo, a garantia plena dos direitos sociais dos brasileiros. É a ideia-eixo dessas considerações. Benevolência, altruísmo e romantismo deste escriba? Evidentemente que não... Estou a tratar de possibilidades econômicas reais, de geopolítica, de equilíbrio regional, da alteração nos fluxos monetários do capital, de efetivo conceito de desenvolvimento e das próprias possibilidades da civilização brasileira.

É do que estou tratando! A Lava Jato? A Lava Jato não é a panaceia. Ao fim, se transformou cínica e criminosamente em escancarada propaganda política da pior direita sul-americana visando, por óbvio, arrasar com a boa e necessária militância da esquerda socialista e comunista. Duvidam?

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