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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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De onde vem a força de Temer para desafiar o país?

Se o povo não continuar ocupando as ruas e a Globo não manter a sua posição em relação a Temer, alvo de denúncias e investigações no Supremo Tribunal Federal, o usurpador não largará o poder por livre e espontânea vontade

(Brasília - DF, 15/05/2017) Presidente Michel Temer durante entrevista para o programa Frente a Frente da Rede Vida. Foto: Marcos Corrêa/PR (Foto: Ribamar Fonseca)
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Se o povo não continuar ocupando as ruas e a Globo não manter a sua posição em relação a Temer, alvo de denúncias e investigações no Supremo Tribunal Federal, o usurpador não largará o poder por livre e espontânea vontade. Esperar um “gesto de grandeza” de quem traiu a companheira de chapa para assaltar o poder, como alguns poucos ingênuos imaginam, é o mesmo que esperar que um assaltante de banco devolva o produto do roubo. Ele próprio, aliás, já declarou enfaticamente que não renuncia e, portanto, se quiserem a Presidência terão de derrubá-lo. Apesar da iniciativa do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pedindo ao STF seja ele investigado; apesar dos pedidos de impeachment e da indignação popular; apesar das suas mentiras, que agravam a cada dia a sua situação, Temer parece ter um trunfo escondido em algum lugar, pois se mostra muito confiante ao desafiar o país, afirmando: “se quiserem, me derrubem”. E ainda promove jantares, como se o país estivesse vivendo em clima de normalidade.

 O ministro da Fazenda, Henrique Meireles, por sua vez, continua se movimentando no palco do poder como se nada estivesse acontecendo. Ele disse queo cronograma da reforma da Previdência poderá sofrer mudanças em função dos acontecimentos políticos, mas um atraso de um ou dois meses na apreciação do texto não fará diferença. Ou seja, ele está confiante de que vai continuar no comando da economia e tocando a votação das reformas. A insistência do PSDB em continuar apoiando Temer também é um sinal de que os tucanos acreditam na permanência dele no Palácio do Planalto. Agora, pergunta-se: baseados em quê? A confiança, ao que parece, estaria no apoio da ainda maioria no Congresso Nacional, de parte da mídia e numa possível procrastinação do Supremo e do TSE para julgá-lo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é seu aliado, já rejeitou cinco dos nove pedidos de impeachment apresentados àquela Casa, o que lhe dá certa tranquilidade. Se depender do Parlamento, portanto, ele não sai tão cedo. E enquanto a poeira vai sentando ele vai ficando, na maior cara de pau.

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 Já há rumores, no entanto, de que ele só ainda não renunciou porque tem medo de sair do Palácio do Planalto direto para o xilindró. Por isso, já estaria negociando sua saída, com salvo-conduto para exilar-se em algum país vizinho ou, quem sabe, até nos Estados Unidos, que apoiaram o golpe e têm obrigação moral de abrigá-lo. De uma coisa, porém, ninguém tem dúvidas: se ele não renunciar só o TSE ou o Supremo poderão obriga-lo a deixar o Planalto, porque esse Congresso aí, o mesmo que recebeu propina para aprovar o impeachment de Dilma e o entronizou no poder, dificilmente votará o seu impeachment. A Câmara dos Deputados, pelo visto, ao contrário do que aconteceu com a admissibilidade do pedido de afastamento de Dilma pelo então presidente Eduardo Cunha, hoje na cadeia e condenado a 15 anos de prisão, provavelmente não repetirá a votação porque o seu atual presidente, deputado Rodrigo Maia, é genro do ministro Moreira Franco, e não deverá aceitar nenhum pedido de impeachment contra Temer, pois estaria derrubando o próprio sogro.

 Enquanto isso já se discute um provável nome para substitui-lo na Presidência da República, pois apesar do clamor popular para que haja eleição direta para escolha do novo presidente, os patrocinadores do golpe estão empenhados na realização de eleição indireta, o que, obviamente, atende aos seus interesses. Eles sabem que somente numa votação pelo Congresso conseguirão colocar no Planalto um nome da sua confiança, o que, se se confirmar, não produzirá nenhuma alteração na situação do país. Só haverá mudanças de fato, com a criação de condições e legitimidade para recuperar a economia e restaurar os empregos, se o novo presidente for escolhido pelo povo, em sufrágio universal. Afora isso, poderá ser mais um golpe na já frágil democracia brasileira. O país não pode mais ficar à mercê desse pessoal que se considera dono do poder e que sempre esteve mais preocupado com os seus próprios interesses do que com os interesses da Nação. Por isso, nunca conseguiu deglutir Lula, em cujo governo os interesses do povo e do país estiveram acima de tudo e de todos.

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 Lula, aliás, é mais uma razão para que lutem pelas eleições indiretas, porque num pleito direto ele certamente voltará para o Palácio do Planalto, conforme apontam as pesquisas de intenção de votos. Daí o recrudescimento da perseguição ao ex-presidente operário, acusado mais uma vez de beneficiário de obras realizadas num imóvel que não é dele. Todo mundo sabe disso, inclusive o Ministério Público, mas o pessoal da Lava-Jato insiste em nomeá-lo proprietário, mesmo sem nenhuma prova. Como durante mais de dois anos de investigações, tempo em que reviraram a vida dele do avesso, não encontraram absolutamente nada que pudesse incriminá-lo como corrupto, apegam-se com unhas e dentes ao tríplex do Guarujá e ao sitio de Atibaia para tentar impedi-lo de concorrer às eleições presidenciais. Eles se recusam a admitir, por pura paixão política, a honestidade do ex-presidente operário.   

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