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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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De onde você mora

Bairro é uma vibração; uma cultura sócio-urbana de espaçamentos, carnes, ossos e sentidos humanos; com forma, conteúdo, dinâmica e história. Expressa a cidade em suas partes e em seu todo. É uma inteligência administrativa que carece de aprimoramento e suas dimensões só fazem sentido se visarem unidade e integração com a totalidade do município

Recife - obra Via Mangue (Foto: Ângelo Cavalcante)
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O bairro é uma possibilidade! Não há bairro, vila ou comunidade sem consumo, intercâmbio, relações interpessoais, necessidades e atividades. Não é um ajuntado caótico de indivíduos; não é uma parcela autônoma de solo urbano situada em algum quadrante da sub-urbanidade e; muito menos é só um naco territorial a compor o mosaico partido da cidade.

Bairro é uma vibração; uma cultura sócio-urbana de espaçamentos, carnes, ossos e sentidos humanos; com forma, conteúdo, dinâmica e história. Expressa a cidade em suas partes e em seu todo. É uma inteligência administrativa que carece de aprimoramento e suas dimensões só fazem sentido se visarem unidade e integração com a totalidade do município.

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O bairro obedece a geografias mas pode rebelar-se, desprender-se dessa mesma geografia e a periferia virar centro e o centro pode se tornar uma grande periferia. Os casos são muitos. O que define isso? A política, sobretudo, o nível de atuação e participação de seus habitantes. Ao fim, é a política e seu exercício inteligente e libertário que dirá onde nos achamos.

E eles se notabilizam! Existem bairros "violentos", outros são de "viciados", outros são ainda, de "pobres" e; tem aqueles que são de "bacanas", os "nobres" e os de "burgueses"; é curioso que essas contradições recaem necessariamente sobre bairros, não é a cidade que é fragmentada, trespassada pelas anomias do capital rentista e maxi-especulativo que intensifica as fraturas da mesmíssima cidade em mil pedaços, em mil denominações e categorias mas... Intrigante, tudo recaí sobre o bairro.

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O bairro fincado no morro vira comunidade; na alquebrada da cidade se torna vila operária ou bairro popular; lá na área rural se diz "roça"; os ricos para fugirem dessa enorme contradição, criam seus próprios bairros, se chamam "condomínios fechados" ou "condomínios verticais". Políticos de Brasília moram, ou não, em bairros de apartamentos, apartamentos "funcionais" e; militares também possuem bairros personalizados, se dizem "vilas militares".

Os bairros dos índios se chamam tribos; dos negros, quilombos. Trabalhadores sem-terra criam acampamentos e que são grandes bairros de lona, madeira e resistência sobre um chão encarcerado pelo latifúndio. E bairros despontam rebeldes, incontidos e plenos!

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Debaixo de pontes, em beiras de lagos, rios ou encostas; sob marquises, debaixo de torres de alta tesão, em praças e calçadões das grandes cidades. São bairros de papel, papelão e materiais de reaproveitamento e produzem sinais, marcas, caracterizações e formas próprias de ser e estar na dramática cidade apropriada pelo capital.

O bairro? O bairro, suas diversidades, expressões e manifestações vivas e cotidianas é a própria cidade que grita querendo ser livre. Querendo ser livre!

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