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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Demétrio Magnoli ghost writer

"Na dança das transubjetivações dramáticas que o colapso político impõe, Magnoli é só mais um relato de caso. Ele torna a projetar toda a culpa pela situação catastrófica a que o país chegou sem um pingo de autocrítica. Autocrítica é para os outros", diz o linguista Gustavo Conde, para quem as capitulações da direita - a despeito da epidemia de Pilatos - começaram

Demétrio Magnoli ghost writer (Foto: Cleones Novais/TV Cultura | Reuters)
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Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o geógrafo Demétrio Magnoli pede voto em Haddad, mas de um jeito muito próprio. Ele escreve uma carta como se ele fosse Haddad.
 
Narcísico, mas interessante. O primeiro trecho:
 
"O Datafolha mostrou que a democracia é um valor fundamental para 69% dos brasileiros. Dirijo-me a essa ampla maioria para pedir um voto contra o autoritarismo. O Brasil experimentou uma ditadura militar de 21 anos. Eleger meu adversário seria colocar no governo um grupo de saudosistas da ditadura que testarão a resistência de nossa democracia. Minha candidatura tornou-se a única alternativa a isso. O segundo turno não pode ser um plebiscito sobre Lula ou o PT, mas um plebiscito sobre as liberdades públicas e individuais."
 
A sinetinha do horror acendeu em Magnoli - que sempre detestou o PT com unhas, dentes e mentiras. Sua capitulação é emblemática. Mas ele segue a carta imaginária:
 
"Verde-amarelo no lugar do vermelho? O marketing não substitui a política. Hora de assumir erros históricos, falar a verdade. O PT dividiu o país em “nós” e “eles”. Isso acaba aqui. Não qualificarei como “golpistas” os que defenderam o impeachment, a quem também peço o voto. Nunca mais usaremos o rótulo “fascistas” para marcar os que divergem de nós. Não mais usaremos o rótulo “racistas” para marcar os que discordam de políticas de cotas raciais. Adotaremos, perante a sociedade, o “protocolo ético” que meu adversário rejeitou. A pluralidade de opiniões é a substância da democracia. De agora em diante, nós a respeitaremos."
 
Aqui, Magnoli tenta sublimar seu encurralamento. É divertido testemunhar esse movimento dele. Os antipetistas acham que todo o mal do universo vem do PT. Que toda estereotipia, todo simulacro, toda incompreensão discursiva tem origem única e exclusiva na esquerda, "que adora romantizar e fantasiar".
 
Magnoli, na verdade, está se desculpando por toda a sua estupidez pregressa, da qual agora ele se arrepende. Ele só não sabe como fazer isso. Então, projeta suas 'desculpas' públicas àquele que encarna a única opção democrática de turno - e de história.
 
Na dança das transubjetivações dramáticas que o colapso político impõe, Magnoli é só mais um relato de caso. Ele torna a projetar toda a culpa pela situação catastrófica a que o país chegou sem um pingo de autocrítica. Autocrítica é para os outros.
 
Mas, é claro que ele não sabe que existem leitores que não são tão limitados quanto ele no mundo.
 
A gente te desculpa, Demétrio. Pode votar no Haddad à vontade. A gente deixa.

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