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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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"Democracia" manipulada por trás do separatismo da Catalunha

As conseqüências políticas seriam devastadoras. À Catalunha se seguiria naturalmente a região basca, historicamente separatista, que certamente tentaria levar junto um pedaço da França. Com isso uma crise nacional se internacionalizaria

Pessoas levantam bandeiras da Catalunha em manifestação que marcou o dia da Catalunha. Centenas de milhares de catalães eram esperados nas ruas para pedir o direito de decidir por voto uma eventual separação da Espanha. 11/09/2014.REUTERS/Albert Gea (Foto: Jose Carlos de Assis)
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Não consigo entender por que parte relevante da esquerda mundial se pronunciou, e continua a pronunciar-se a favor da independência da Catalunha. Entendo perfeitamente a uma das maiores taxas de desempregos do mundo. Entendo a decepção em relação ao fraco desempenho econômico do país. Contudo, se toda a região, inclusive as autônomas resolvesse se tornar independente acabaríamos numa ordem mundial caótica.

Os grupos progressistas aparentemente não se deram conta de que o fracionamento dos Estados é um projeto neoliberal que converge ideologicamente, em última instância, para o chamado governo global. Este último é o domínio absoluto da tecnocracia. Longe do povo, o governo mundial, a exemplo do que acontece na Comunidade Européia, pode fazer o que bem entende sem dar satisfação à cidadania. Daí o grande projeto de fracionamento dos estados, como ocorreu na Checoslováquia e, sob os canhões da OTAN, em Kosovo.

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A Catalunha é quase um estado dentro do estado na institucionalidade espanhola. Tem destacado poder político e econômico dentro da Espanha. Se está insatisfeita com a condução política de Madri a solução é partir para uma disputa política e ganhar o poder central de um país unido. A independência, estimulada pelo democratismo oportunista dos neoliberais, enfraquece ambos os Estados, sem qualquer vantagem. O máximo que se conseguirá é mais um Estado fracionado dentro de uma Europa já fracionada e dominada pelos neoliberais.

As conseqüências políticas seriam devastadoras. À Catalunha se seguiria naturalmente a região basca, historicamente separatista, que certamente tentaria levar junto um pedaço da França. Com isso uma crise nacional se internacionalizaria. Não se sabe até onde essa tendência justificada como “democrática” poderia levar. Aliás, a demagogia democrática já levou à destruição da Líbia e de outros países vítimas da chamada Primavera Árabe, sob as bênçãos dos Clinton, os campeões neoliberais e neoconservadores dos Estados Unidos.

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Embora a situação econômica da Espanha tenha acusado nos últimos meses alguma melhora, é vergonhosa a performance do PIB e do desemprego no país. Isso pode ajudar  a entender a iniciativa catalã de independência, junto com importantes aspectos históricos, mas dificilmente se poderia desculpar seus líderes por levar a região a uma situação econômica pior do que está. O que lhes resta a fazer é tomar o poder do governo neoliberal de Madri  junto com outros estados e regiões espanholas. A propósito, que tal promover a independência de alguns Estados norte-americanos em nome da democracia?

A Espanha tem no seu vizinho, Portugal, um exemplo virtuoso de política econômica. O país jogou para o alto as imposições econômicas determinadas pela Alemanha,  FMI e  Comunidade Européia e está saindo da  crise com relativa eficácia. A administração de Madri deve tomar vergonha na cara e confrontar o neoliberalismo da mesma forma, salvando da depressão e do desemprego não apenas a Catalunha, mas toda a Espanha. Em lugar disso, os líderes catalães imploram à Comunidade, centro ideológico do neoliberalismo europeu, que reconheça seu plebiscito manipulado como se fosse a própria salvação do mundo.

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