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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Desalento do cinismo neoliberal fracassado

A dívida que cresce a partir de si mesma, especulativamente, no embalo de juros sobre juros(anatocismo), condenados pelo STF, sem gerar contrapartida de crescimento ou a Previdência, que não é gasto, mas investimento, a partir das rendas dos aposentados

A dívida que cresce a partir de si mesma, especulativamente, no embalo de juros sobre juros(anatocismo), condenados pelo STF, sem gerar contrapartida de crescimento ou a Previdência, que não é gasto, mas investimento, a partir das rendas dos aposentados (Foto: César Fonseca)
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CETICISMO DESTRUTIVO

André Lara Resende, um dos país do Plano Real, rende-se à corrupção como promotora da eficiência capitalista, batendo de frente com seus colegas neoliberais moralistas, segundo os quais a corrupção é o cupim que enterra o Brasil. Rasgou a máscara. Fantástico cinismo exposto, no Valor Econômico, nessa sexta feira, no artigo "O que esperar do Brasil em 2018". Nele diz que o dinheiro, a riqueza, se transformou no único valor a ser perseguido pela sociedade integrada nas redes sociais na qual o ato de corromper produz a eficiência. Viva a corrupção!

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É o retrato total do desalento dos que apoiaram o golpe contra a democracia e que esperam condenação de Lula em Porto Alegre, no próximo dia 24, em julgamento em forma de execução de sentença sem prova para caracterizar o crime.

Resende, apostos do neoliberalismo, sempre se filiou às correntes conservadoras promotoras das políticas econômicas neoliberais, concebidas no Império, ditadas às periferias capitalistas, como solução, mas jamais seguidas pelos imperialistas. Sempre piolho dos ideólogos do capital, mostra-se, agora, totalmente, cético, desalentado com seus mestres, como Olivier Blanchart e Lawrence Summers, oráculos dos confusos em geral.

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Summers e Blanchard, embora, ainda, não tenham confessado o fracasso de suas proposições, tendem, pelo que têm escrito, insinuado não crerem mais na falácia neoliberal da neutralidade do dinheiro nas relações de troca capitalistas.

A desregulamentação dos mercados, depois dos anos 1980, de Thatcher e Reagan, dando sequência à descolagem do ouro do dólar, por Nixon, nos anos 1970, para fugir da desvalorização das verdinhas, decorrente do déficit público impulsionado pela guerra fria, criou outra realidade alheia aos manuais de economia neoliberal. 

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Por isso, Blanchard e Summers, que fazem a cabeça dos Lara Resende etc e tal, desacreditam, embora, ainda, finjam acreditar, dos manuais que ensinam seus alunos na universidade. Cínicos, estão conscientes que o capital financeiro e não mais o produtivo é que dá as cartas. Atuam decisivamente na formação de preços, desmentindo falsa neutralidade. Afinal, a taxa de lucro deixou, no capitalismo especulativo, de ser realizada na produção, para se multiplicar na especulação, na bolsa. Nenhuma novidade. Marx, no século 19, dizia que o capitalismo padece de crônica insuficiência de consumo, sua própria danação.

Como os capitalistas, orientados pelos Lara Resende, seguindo a lei dos rendimentos decrescentes, de Ricardo, perseguem, como ideal, o salário zero ou negativo, como racionalidade objetiva do capital, em seu processo de sobreacumulação, torna-se impossível materializar o silogismo característico do capitalismo: produção, circulação, distribuição, consumo. Não funciona, porque sempre falta consumo, por carência de renda, jogando o sistema na rota da deflação, da especulação, no ambiente do lassair faire. 

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CONGELAMENTO ECONOMICIDA

Olhaí a política macroeconômica ricardiana golpista de Temer/Meirelles: congela, por 20 anos, os gastos sociais do governo, os que geram renda disponível para consumo, em nome de ajuste fiscal, enquanto deixa descongeladas as rendas do mercado financeiro, que são esterilizadas, não indo para a produção, mas para a pura especulação. Se o retorno da produção é inferior à taxa de juro, que remunera o capital especulativo, para que investir, se o dinheiro parado rende mais?

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Lara Resende reclama que faltam os investimentos para superar o desalento. Claro, se as reformas neoliberais, como a trabalhista e previdenciária destroem renda, evidente que, somados seus resultados contracionistas, ao congelamento neoliberal, a sinalização que chega aos mercados, sempre rendidos às expectativas, é uma só: investir é caixão e vela preta.

A precarização do trabalho e o aumento das horas trabalhadas, com a reforma da CLT, é inimiga da produtividade. Se vai diminuir o consumo, com achatamento dos salários, por que os empresários comprarão máquinas, para aumentar produção e a produtividade dos fatores, se os estoques de mercadorias se acumularão sem consumidores?

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A produtividade, somente, aumenta, repetindo Marx, se são reduzidas jornadas de trabalho e elevados os salários. Mais máquinas, mais produção e produtividade, demandam mais salários, para evitar deflação e destruição da taxa de lucro.

Quem é o culpado do déficit público, segundo previsão do Orçamento Geral da União(OGU), de acordo com dados do SIAFI, organizados pela Auditoria Cidadã da Dívida, coordenada pela auditora da Receita, Maria Lúcia Fattorelli: a dívida que cresce a partir de si mesma, especulativamente, no embalo de juros sobre juros(anatocismo), condenados pelo STF, sem gerar contrapartida de crescimento ou a Previdência, que não é gasto, mas investimento, a partir das rendas dos aposentados?

JOGADA ANTICAPITALISTA

Já a reforma da Previdência deverá retirar da circulação capitalista, como esperam os neoliberais da Fazenda, R$ 750 bilhões, nos próximos dez anos. Seria renda disponível para o consumo para dinamizar produção, circulação, distribuição, arrecadação e investimentos, que Lara Resende reclama faltar no horizonte dos investidores. O capital não é burro, não vai na onda da grande mídia mentirosa de que o consumo está se ampliando, que os salários estão subindo, que a economia começa a ir de vento em popa, embalada pelo otimismo da economia mundial etc e tal.

A economia mundial está mesmo avançando, com consistência?

Nesse início de 2018, o excesso especulativo embala as bolsas, como nunca, a ponto de os especuladores, como Ethan Harris, do Bank of America, no mesmo Valor, dizer que a expansão das bolsas, não representa formação de bolhas, candidatas à implosão, mas "exagero de otimismo". Frente aos problemas explosivos, cria-se novo neologismo salvacionisTa, super-otimismo no lugar de bolhismo. Afasta-se, assim, milagrosamente, evidências de catástrofes à vista.

Lara Resende mostra-se não acreditar mais nem no mercado nem no Estado como alocadores de recursos. Afinal, o mercado, cheio de liquidez, não faz lucro na produção, no compasso das recomendações reformistas neoliberais, cujos resultados são crônica insuficiência de consumo. Claro, a saída para salvar o capitalismo, agora, é excomungada: redução de jornada de trabalho e aumento de salários.

Lara Resende, com seu cinismo, ao apostar na corrupção como solução às instituições democráticas, que, em frangalhos, deixaram de funcionar, no Estado burguês, tenta generalizar desalento da sociedade como se esta fosse ente abstrato, sem classes sociais antagônicas. Resiste em reconhecer que a luta de classes, no ambiente do congelamento fiscal temeroso-meirelliano, está, mais do que nunca, em evidência.

" A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classe", dizem Marx e Engels, entre um gole e outro de vinho, em "O jovem Marx". Mas, dessa evidência foge Lara Resende para se situar no idealismo da economia ditada pela realidade virtual, digital, artificial, sem trabalhadores e sem patrões, como se tivessem desaparecidos, como passe de mágica, os antagonismos de classe, enquanto o desemprego continua cavalgando incontrolável no ambiente da era glacial neoliberal tupiniquim.

 

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