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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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Dilma não é culpada pelo pecado original

O governo Dilma Rousseff merece criticas, mas não merece algumas culpas que a ela são impingidas, pois o discurso do caos objetiva criar uma sensação de tensão, agravar a instabilidade política e desconfiança econômica, tudo para legitimar o um pedido improcedente e viabilizar desejo de ocupar o Palácio do Planalto sem a necessidade de vencer eleições

Brasília - DF, 19/04/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR (Foto: Pedro Maciel)
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 Assisti com atenção a votação do relatório que indicou a existência de indícios de crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff em razão das chamadas “pedaladas” fiscais. A tese que equipara as tais “pedaladas” a crime de responsabilidade é uma mentira artificiosamente criada, mas o que me deixou profundamente inquieto durante a votação do tal relatório foi a afirmação de que vivemos a maior crise desde 1929 e que Dilma é a causadora disso.

Será que é verdade?

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Todos os governos merecem criticas e a atenção da oposição, é a existência da oposição e a defesa dos direitos das minorias que determina o aperfeiçoamento da democracia e o fortalecimento das instituições.

Mas se tomarmos a inflação média dos governos que ocorreram no pós-plano Real veremos que a inflação média dos dois governos de FHC foi de 9,84% a.a., bem maior que a média do primeiro governo Dilma (6,11% a.a.) e essa apenas ligeiramente maior que a média dos governos Lula (5,79% a.a.).

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Tomando esses dados vê-se que a afirmação dos deputados é, no mínimo, equivocada.  

O IBGE mede a inflação oficial pelo IPCA e fechou março de 2016 em 0,43%, a menor taxa para o mês desde 2012 e a partir de junho desse ano existem chances de que a retração da atividade econômica ajude a diminuir a inflação; retração econômica não é exatamente uma boa noticia, mas a estimativa de inflação no ano é de 7,28% em 2016 segundo o Boletim Focus, ou seja, a inflação está caindo e a catástrofe alardeada pelos arautos do caos não se confirmará e Temer, no caso impeachment seja confirmado, colherá frutos de sementes não plantou.

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Por essas e outras temos de ter cuidado com o que dizem por ai.

O governo Dilma Rousseff merece criticas, mas não merece algumas culpas que a ela são impingidas, pois o discurso do caos objetiva criar uma sensação de tensão, agravar a instabilidade política e desconfiança econômica, tudo para legitimar o um pedido improcedente e viabilizar desejo de ocupar o Palácio do Planalto sem a necessidade de vencer eleições; talvez a verdade importe muito pouco; talvez a realidade deva deixar de existir e uma representação da realidade deva ser difundida na sociedade. 

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Vivemos em uma era em que os símbolos têm mais força do que a própria realidade. Daí surge o “simulacro”, simulação malfeita da realidade, o qual se apresenta mais atraente do que o próprio objeto reproduzido.

Um dos simulacros que é que os governos desorganizaram o Estado gerando desemprego. Evidentemente o desemprego é real, mas é conjuntural e não estrutural e foi agravado pela crise política amplificada pelos apoiadores do afastamento da presidente.

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A verdade é que segundo a Reuters, a crise não é apenas brasileira. 

A economia da América Latina e do Caribe vai contrair 0,6% neste ano, prolongando a fraqueza já vista em 2015 em meio ao complexo cenário internacional, estimou a CEPAL.  

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Aliás, a CEPAL projetou que todas as economias sul-americanas registrarão uma contração e registrou que vivemos um ambiente global difícil no qual o baixo crescimento é o sintoma também dos países desenvolvidos. A CEPAL destaca uma importante desaceleração nas economias emergentes, em particular a China, uma crescente volatilidade e custos nos mercados financeiros e baixos preços das matérias-primas. 

Se quisermos fazer uma análise honesta sobre a economia temos contextualizar no ciclo brasileiro de crescimento. Em 2001, 2002 e 2003 o Brasil cresceu, respectivamente, 1,3%, 2,7% e 1,1% e a partir dai acelerou e apesar do baixo crescimento, tivemos um quadro de pleno emprego até 2014, inflação sob controle e a relação Divida Liquida/PIB caiu de forma consistente.

Noutras palavras, não é possível avaliar o baixo crescimento desses últimos anos fora desse contexto e sem considerarmos também a crise pela qual passa o mundo. 

Essas observações rápidas nos autorizam a afirmar que o futuro haverá de ser muito bom para o país, para o povo brasileiro e para os setores produtivos, desde que cessem de manter sob tensão e pressão extrema relações institucionais e que o governo eleito seja respeitado; afinal, apesar de alguns dizem por ai Dilma não é culpada pelo pecado original.

 

Pedro Benedito Maciel Neto, 52, advogado, sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”. Ed. Komedi, 2007.

 

 

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