Dima, Lula e a Globo

Ao sistema Globo não interessa o impeachment de Dilma.

Em 2018 a Globo aceita tudo, menos o retorno de Lula.

Paradoxo? Aparentemente sim, mas, vamos entender melhor essa história.

De Assis Chateaubriant: "Quer ter opinião? Compre um jorna!". Como os jornalistas do império global não podem comprar um jornal, o jeito foi obedecer às ordens dos herdeiros de Roberto Marinho. Editores, colunistas, comentaristas que pediam diariamente a cabeça da presidenta, mudaram rapidamente a tonalidade da conversa.
Um deles, mais obediente, chegou a trocar a expressão FIM DE JOGO! de seu perfil no facebook por uma bandeira do Brasil.

Em editorial, O GLOBO critica as manipulações de Eduardo Cunha e aponta o dedo para as inconsequências tucanas.

O JN repentinamente abre espaços generosos para a presidenta se defender. Quem poderia imaginar!

O que mais assusta(ou assustava) os irmãos Marinho é a possibilidade de Eduardo Cunha com o seu evangelismo radical, assumir a Presidência da República. O presidente da câmara, com uma agenda própria lembrava o presidente Collor, que desatrelou-se das amarras globais para utilizar laranjas e adquirir a TV Manchete, construir a OM (hoje CNT) e a Tv Jovem Pam. De quebra, ajudou Edir Macedo montar a Record. Pagou caro a ousadia. Da viúva Lily Marinho: "Roberto colocou ele (Collor, na presidência) e tirou".

E porque não Aécio numa eleição antecipada? Analistas mais antenados com o momento pçlítico falam da queda de Dilma gerando um clima no país de perigosa instabilidade institucional, com aprofundamento da crise econômica. Junte-se a isso, a labilidade dos argumentos, a força que o PT ainda dispõe no congresso e o apoio de setores progressistas da sociedade. Em outras palavras, Dilma não é Collor.

Sem falar que no ninho tucano tem muita bicada com essa história de Aécio assumir a presidência na impossibilidade de Dilma. É que o olfato de Serra e Aickimin anda sentindo os odores de 2018.

E o Temer? Com a palavra o jornalista Gustavo Gindre do Intervozes: "Ao mesmo tempo que aposta na governabilidade, a Globo sabe que mais denúncias da Lava Jato podem acabar inviabilizando de vez o governo Dilma. Aí é necessário construir um plano B. A alternativa seria um governo Temer, absolutamente submisso aos interesses do grande capital, defendidos pela Globo".

A sustentação da presidenta, via Rede Globo, passa logicamente pelo plano econômico que seguiu agenda ultraortodoxa de Joaquim Levy, simpática ao império global e produzindo ajustes com repercussões negativas, sem grandes expectativas de serem removidas até as próximas eleições.

Por outro lado, enquanto o sistema global segura a presidenta, as pancadas em Lula não têm dó, nem piedade. No JN, destaques para o boneco inflável do ex-presidente. Na revista Época, matéria de capa de pura pancadaria. Editores, colunistas e comentaristas que tentam segurar Dilma agora, fazem malabarismos diários para destroçar a imagem do presidente que deixou seu segundo mandato com a popularidade batendo nas nuvens.

Os filhos, mais pragmáticos do que o pai, preparam 2018: o governo Dilma convalescente, a imagem do partido rastejante, e o prestígio pessoal do ex-presidente no chão. Retorno do cenário político pré-Lula, céu de brigadeiro para o império global deitar e rolar.