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Décio Lima

Presidente do Sebrae Nacional

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Diretas, um ato de fé

A falácia de que as diretas seriam um artifício para conduzir Lula à presidência só elucida o primarismo de argumentos que escondem um interesse vergonhoso, o de ganhar mais um ano e meio para concluir o assalto da nação contra a vontade expressa e sabida da maioria

diretas já (Foto: Décio Lima)
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O ano que vivemos, desde o golpe que sequestrou a Democracia e colocou no comando do Estado uma malta de saqueadores, afundou a nação na instabilidade e no conflito.

Saqueando os recursos públicos com uma mão e desmontando a civilização com a outra o bloco golpista nos leva, com passos largos, em direção ao caos mais profundo e a barbárie aberta. A demolição da democracia e do estado de direito cobrou, em muitos níveis da sociedade, um alto preço. O elemento que coesiona e dá sentido a tudo em uma democracia é a soberania popular, sua força produz o consenso, necessário, para que as muitas particularidades e interesses divergentes, próprios de uma sociedade plural, não entrem em conflito aberto. Quando a soberania popular é desrespeitada, como acontece desde o golpe, não só um governo legítimo pode ser derrubado e substituído por outro, sem legitimidade e disposto a defender só os interesses de uma pequena minoria, a própria sociedade começa a desmoronar. Sem algo com força suficiente para coesionar os muitos interesses, pessoais e institucionais, o conflito se instala e a força bruta passa a ser a medida da justeza de cada causa. Floresce então, como está ocorrendo no Brasil, a violência, institucional e interpessoal, e desaparecem, progressivamente, garantias legais e civilizacionais. O fim desta estrada é um mundo de todos contra todos em que os mais fracos servem de pasto aos mais fortes, o sonho do liberalismo perverso que guia a nação neste momento.

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A crise em que os golpistas nos afundaram é profunda, dramática e não tem saídas sem riscos. Vivemos uma quadra histórica marcada, profundamente, pela incerteza e por um conjunto de dificuldades, até certo ponto, inéditas em nossa história. Apesar das incertezas uma primeira tarefa me parece saltar aos olhos, é preciso reunificar a nação, suas pessoas e instituições, e pactuar um projeto de país capaz de mediar os interesses diversos, e verdadeiros, do povo brasileiro. A única força capaz, na democracia, de realizar tal pacto é a soberania popular, expressa no voto livre e universal. Um governo e um projeto de país, sem legitimidade, como o de Temer ou de qualquer outro que assuma a presidência sem a benção das urnas, só aprofundará o caos em que estamos submergindo e pode comprometer, definitivamente, a esperança de reinstalar a democracia e o estado de direito. Ao contrário do que dizem nossos adversários, que temem profundamente a soberania popular, a eleição direta apresenta riscos para todas as forças em presença. A falácia de que as diretas seriam um artifício para conduzir Lula à presidência só elucida o primarismo de argumentos que escondem um interesse vergonhoso, o de ganhar mais um ano e meio para concluir o assalto da nação contra a vontade expressa e sabida da maioria.

O vencedor da eleição presidencial é incerto, posto que o próprio Lula terá que enfrentar o gigantesco aparato golpista construído pela articulação entre a grande mídia, partidos de direita, capital financeiro e setores do judiciário. Embora a evolução gigantesca promovida no Brasil por Lula durante seus governos e seu enorme carisma a complexidade da conjuntura e a força e falta de escrúpulos de seus adversários não autorizam qualquer antecipação de vitória. Ao mesmo tempo as muitas divergências que atravessam nossa sociedade, sua complexidade e a hegemonia dos meios de comunicação conservadores não permitem prever que triunfará uma plataforma marcadamente progressista.

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O que parece mais certo é que o projeto de desmonte de direitos e liquidação das riquezas nacionais corre grande risco. Lutaremos duramente para retomar o projeto de desenvolvimento do Brasil e eleger um representante dos interesses populares, mas talvez o mais importante para a democracia não seja quem vencerá e sim que um projeto de nação seja consensuado e alguém alçado a uma posição de força que permita dar curso a ele, reinstalando assim a democracia e a paz. Neste sentido as diretas são um ato de fé, sem garantias de vitória realizamos uma aposta, reiniciar a democracia a partir do único lugar em que ela pode ser reiniciada, a decisão da maioria, e torcer para que funcione. Todas as saídas, para nossa crise, são arriscadas, mas como alguém que acredita verdadeiramente na democracia e na sabedoria de nosso povo, prefiro me arriscar com a decisão da maioria.

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