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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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Discurso na ONU foi calculado

"Políticos vivem de votos, sempre falam para o público interno. Ou alguém acha que Macron abordou a questão da Amazônia de olho nos eleitores brasileiros?", escreve o colunista Ricardo Cappelli, após o discurso de Jair Bolsonaro na ONU. Bolsonaro "usou a oportunidade para unificar o seu time", avalia. "Tratá-lo como um louco é um erro"

(Foto: Reuters)
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O discurso de Bolsonaro foi tratado como inoportuno e louco pela grande mídia e por seus opositores. O presidente teria perdido a oportunidade de enviar uma “mensagem ao mundo.”    

Será que é só loucura?  

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Ninguém sobe à tribuna da ONU para falar para a opinião pública internacional. Políticos vivem de votos, sempre falam para o público interno. Ou alguém acha que Macron abordou a questão da Amazônia de olho nos eleitores brasileiros?   

Bolsonaro seguiu seu script. Bateu pesado no socialismo, em Cuba e na Venezuela. Que forças fazem a defesa do socialismo no Brasil para lhe oferecer um contraponto? Quem vai defender o governo de Maduro? Quem são os defensores do Foro de São Paulo?  

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É curioso que as críticas, de uma forma geral, não tenham enfrentado as questões programáticas e ideológicas levantadas. Expressaram apenas uma “vergonha genérica diante dos educados europeus, defensores desinteressados das questões climáticas.”  

O presidente usou a oportunidade para unificar o seu time. Fez um aceno internacional para Moro e levou os militares ao delírio com o trecho sobre a Amazônia. Negou a realidade na ofensiva, convidando o mundo para visitar nossa floresta. Distribuiu sopapos com bandeira da soberania na mão.  Há bastante tempo, a estratégia de defesa nacional considera que nossa principal ameaça será um inimigo de superior potencial ofensivo numa guerra na selva. O motivo? A defesa da Amazônia.    

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A crítica às ong´s - “piratas de interesses internacionais" -, ao conservacionismo radical e à lógica de exclusão dos índios do processo de desenvolvimento faz parte da agenda das Forças.    

Quem é contra a soberania nacional? Alguém defende o discurso do presidente francês, que fez insinuações sobre a internacionalização da Amazônia?  

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Bolsonaro levou uma índia e leu uma carta de apoio assinada por “índios agricultores”. Alguns índios, de olho nos lucros do agronegócio, já começaram a plantar soja ou arrendar suas terras. A oposição é contra? E se for aprovada a exploração mineral em terras indígenas destinando royalties polpudos aos índios? Os indígenas apoiarão? E a oposição?  

O Capitão ainda repetiu o discurso do general Villas Bôas, cutucando Alemanha e França como alegorias de uma Europa que desmatou e agora quer cobrar do mundo o que não fez.  

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Na agenda econômica, é pouco provável que um pronunciamento na ONU produza efeito. A Europa sempre protegeu sua agricultura.  Pode dar pretexto? Sempre pode, mas o discurso liberal de privatizações, abertura comercial e etc., soa como música para a maioria dos presentes naquela sessão.  

Agarrou-se a Trump, mas sinalizou também para a China e para a Índia. Colado no topetudo, atacou o globalismo e a mídia, o esporte predileto de ambos.  

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Levantou a bandeira do combate à corrupção e da segurança pública. Defendeu a família, num claro sinal aos eleitores religiosos. E fez tudo isso com “Deus e a Bíblia debaixo do braço.” Temas que dão permanente dor de cabeça a esquerda.  

Bolsonaro não é um gênio. Não é esta a questão.  Mas tratá-lo como um louco é um erro. Existe cálculo em suas palavras. Ele, em sintonia com um movimento internacional, busca fincar a extrema direita no Brasil.  

Considerá-lo folclórico é repetir o erro dos que achavam impossível sua eleição.  Várias questões foram pautadas. Ridicularizá-las, basta? Como enfrentá-las?

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