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Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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Distância a separar Lula dos adversários não é percentual de votos, mas anos-luz: ex-presidente sabe por onde começar o governo

Candidato do PT à Presidência tem rascunho de ações imediatas de governo e constrói Federação Partidária para fazer da transição o início do mandato

(Foto: Reprodução | Stuckert | ABr)
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Por Luís Costa Pinto, do 247 – Em paralelo ao amplo entendimento político que tenta fazer, construindo pontes que lhe permitam chegar a um 3º mandato presidencial com uma base congressual ideologicamente progressista e numericamente capaz de rechaçar as chantagens malévolas do Centrão, o ex-presidente Lula (PT) já tem sobre a prancheta imaginária da Fundação Perseu Abramo um esboço das ações prioritárias de governo.

  • Programa educacional destinado a recuperar o tempo perdido (e o conteúdo disperso) de crianças e adolescentes nos ensinos Fundamental e Médio. A Educação, que vinha de uma década e meia de avanços consistentes em resultados progressivos no IDEB (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico), desorganizou-se sob o desgoverno Bolsonaro. A pandemia e a discrepância da oferta de tecnologia para os estratos sociais diversos alargou o fosso das diferenças sociais. Entre novembro de 2022, ainda na transição, e janeiro de 2023, o mês que antecede a volta às aulas, será estruturada uma ação estratégica que exigirá quase esforços de guerra para assegurar adesão e foco nacionais a esse ambicioso programa educacional – e ele estará centrado, num primeiro momento, em crianças e adolescentes. A retomada da aceleração e do prestígio dados à ampliação das universidades e do acesso universal a elas virá. Mas, a prioridade, já na transição, será os ensinos Fundamental e Médio.
  • Integração da agenda ambiental do governo a uma estratégia ambiciosa de repor o Brasil na proa das discussões e exemplos mundiais em torno de desenvolvimento sustentável, de cadeias produtivas sustentáveis, de agricultura familiar inserida em estratégias macroeconômicas de economia compartilhada. Ou seja, usar o elemento humano como indutor de arranjos sustentáveis e figura central na preservação do Meio Ambiente. Enxergar o desafio de ser ponta-de-lança na área ambiental desta forma gera renda para as famílias e, numa economia de escala, gera empregos. Além, claro, de preservar a “marca Brasil” e seu grande potencial de ativo “verde”.
  • Dar à produção cultural brasileira, em seus mais variados eixos – audiovisual, musical, artes plásticas, produção literária – a dimensão de indústria. Sim: Indústria Cultural, como Estados Unidos e França o fazem, por exemplo, para citar apenas os dois países com tradição mais assentada no setor, e assumir (sem subterfúgios, sem meias palavras) que a Indústria Cultural é uma poderosa engrenagem de geração de emprego e de renda em toda a sua cadeia produtiva. Já no início de 2023, caso vença a eleição, cenário mais plausível olhando as fotografias e os filmes de todas as pesquisas pré-eleitorais, Lula anunciará um forte programa de investimento público e parcerias privadas para o setor.
  • Retomada dos investimentos na construção civil – tanto em programas de moradia popular, que até o fim do governo Dilma Rousseff mudavam a face dos subúrbios das grandes cidades brasileiras, quanto em programas de infraestrutura e na participação de empresas locais no cenário da construção pesada no exterior. A experiência acumulada nos 13 anos de governos petistas demonstrou que um dos grandes acertos do País foi investir na Construção Civil para evitar o impacto da crise financeira internacional de 2008, devastador na maioria dos países ocidentais. Retomar programas de moradia popular como o Minha Casa, Minha Vida, linhas de financiamento popular de reformas em casas e apartamentos familiares e ações destinadas a reconectar pequenas e médias empresas do setor a obras públicas nas esferas federal, estadual e municipal são essenciais para religar a economia.

A mídia mainstream, como a imprensa tradicional e seus porta-vozes gostam de ser chamados, não tem gasto tempo ou energia perguntando aos candidatos à Presidência o que farão caso vençam. Lula está pronto para começar a dar respostas, e é o único apto a fazê-lo. Dá-se de barato que Bolsonaro almeja um novo mandato para fugir da Justiça e, talvez, da cadeia. Sérgio Moro, o ex-juiz parcial e investigado pelo TCU, tem na restauração do lava-jatismo que se revelou destruidor para a economia, sua pauta única. Ciro Gomes, com a grandiloquência rasa que lhe é peculiar, até rascunha projetos. Porém, o faz com tanto fel e em meio a tanto ódio destilado, que até as boas ideias sucumbem. João Doria? Simone Tebet? André Janones (!!)? Que pensam para o País, se é que pensam algo além de se consolidarem como uma “3ª via” que é quimera gasosa e não existe?

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Em 1989, na primeira eleição presidencial pós-ditadura militar, não se exigia dos candidatos à presidência um programa de governo. O País vivia a hiperinflação, as instituições democráticas ainda não estavam restauradas, o Muro de Berlim dava concretude à divisão do mundo entre dois sistemas antagônicos – capitalismo e comunismo. 

Em 1994, apenas cinco anos depois, tudo parecia diverso. O Brasil tinha passado por uma consolidação democrática a fórceps ao promover o 1º impeachment da História, o de Fernando Collor, e o establishment financeiro, político e midiático não escondia a preferência pelo “príncipe da Sociologia” Fernando Henrique Cardoso. Além do que, ex-ministro da Fazenda, FHC liderou a equipe encarregada de formular e implantar o Plano Real.

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Vencida a inflação, os brasileiros foram doutrinados a “exigir” programas de governo dos candidatos. Nos jornais impressos, que àquela altura eram “formadores de opinião” média nacional, existia até editorias de programa de governo durante as campanhas. E o PT, que nunca tinha sido governo federal, era posto contra a parede e cobrado por contradições até das vírgulas de tudo o que viesse a esboçar como “programa” ou “proposta de ação”. O método, que atendia ao incumbente do Palácio do Planalto, Fernando Henrique, foi mantido em 1998. Em 2002, a Lei Eleitoral passou a obrigar até um protocolo de “programa de governo” quando as candidaturas a presidente, governador e prefeito fossem homologadas na Justiça Eleitoral. 

E agora? Agora, nada. Justo no ano em que o Partido dos Trabalhadores apresenta ao Brasil e ao mundo um candidato consistente, um estadista esculpido em mandatos anteriores, na resistência democrática e institucional a um processo de lawfare e de “jogo duro constitucional” promovido até mesmo fora dos limites constitucionais, os dinossauros que ainda se creem “formadores de opinião” esquecem de cobrar programas de governo? Lula, o PT e a esboçada Federação Partidária de Esquerda o têm. E ele é coerente com os governos passados desse grupo, com a visão de mundo da liderança que os catalisa e com o momento nacional – que é urgente. É essa coerência e a maturidade com que as conversas vêm sendo conduzidas por dentro da assessoria ampliada do ex-presidente, o que explica a dimensão eleitoral do nome dele.

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O diapasão que distancia a figura solar de Lula da morbidez pastel dos seus adversários, assemelhados a cometas que surgem com maior ou menor brilho e passam na História apagando-se no horizonte, não se mede em percentuais de intenções de voto. Mede-se em anos-luz. Eis a diferença.

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