CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Tereza Cruvinel avatar

Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

998 artigos

blog

Divisão do Exército homenageia Ustra

"O coronel morreu respondendo a vários processos por tortura, mas não chegou a ser condenado em nenhum. O manto da reciprocidade da Lei da Anistia o protegeu. E se tivesse sido, a idade o dispensaria de cumprir pena. Morreu em paz. Já os parentes de mortos, torturados e desaparecidos que passaram pelo DOI-CODI de São Paulo, que ele comandou, não estão em paz. Não entendem que uma unidade do Exército possa ter promovido ontem uma homenagem póstuma a Ustra", escreve Tereza Cruvinel, lembrando que ontem, por coincidência, "também foi lembrada a passagem dos 30 anos da morte de Valdimir Herzog, sob tortura, naquela unidade"

"O coronel morreu respondendo a vários processos por tortura, mas não chegou a ser condenado em nenhum. O manto da reciprocidade da Lei da Anistia o protegeu. E se tivesse sido, a idade o dispensaria de cumprir pena. Morreu em paz. Já os parentes de mortos, torturados e desaparecidos que passaram pelo DOI-CODI de São Paulo, que ele comandou, não estão em paz. Não entendem que uma unidade do Exército possa ter promovido ontem uma homenagem póstuma a Ustra", escreve Tereza Cruvinel, lembrando que ontem, por coincidência, "também foi lembrada a passagem dos 30 anos da morte de Valdimir Herzog, sob tortura, naquela unidade" (Foto: Tereza Cruvinel)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Na semana passada morreu o coronel Brilhante Ustra, tido e havido como um dos mais importantes chefes do aparelho de repressão e tortura da ditadura. Em vida, parentes de mortos e desaparecidos até picharam certa vez o asfalto na porta de sua casa. Eu morava na mesma rua, no Lago Norte de Brasília. Morto, porém, ninguém desrespeitou a dor da família perturbando seu funeral, como fizeram os militantes de direita que foram ao velório de José Eduardo Dutra com cartazes dizendo "petista bom é petista morto".

O coronel morreu respondendo a vários processos por tortura mas não chegou a ser condenado em nenhum. O manto da reciprocidade da Lei da Anistia o protegeu. E se tivesse sido, a idade o dispensaria de cumprir pena. Morreu em paz. Já os parentes de mortos, torturados e desaparecidos que passaram pelo DOI-CODI de São Paulo, que ele comandou, não estão em paz. Não entendem que uma unidade do Exército possa ter promovido ontem, segunda-feira, 26, uma homenagem póstuma a Ustra. Por coincidência ontem também foi lembrada em São Paulo a passagem dos 30 anos da morte de Valdimir Herzog, sob tortura, naquela unidade.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A iniciativa da cerimônia de homenagem a Ustra foi do comandante da 3a, Divisão de Exército de Santa Maria (RS), chamada Divisão Encouraçado, general José Carlos Cardoso. Conforme fac-símile e informação divulgados pelo blog Coluna Esplanada, do Uol, ele enviou convites digitais a todos os militares de sua unidade para participarem do ato.

Estes são pequenos mas preocupantes sinais, num momento em que há gente pedindo a volta dos militares ao poder, Quem viveu a ditadura sabe que isso é uma blasfêmia, uma insanidade que não pode ser dita nem pensada, Nossa democracia ainda é sim, adolescente, como disse Dilma. E atravessa um de seus momentos mais delicados, com visível perda de apreço - das pessoas e dos políticos - pelos valores, ritos e garantias democráticas que não caíram do céu. Foram conquistados com muita luta e sofrimento. Não brinquemos com isso.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO