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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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Dois Marcelos, um destino

Um, quer fazer da capital fluminense trampolim para 2018. Freixo, só tem uma ambição: mostrar ao Brasil que a esquerda sabe governar com honestidade e competência, resgatando as bandeiras históricas da igualdade e justiça social. Não é tarefa fácil

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Faço coro àqueles que dizem que política e religião não devem se misturar, mas abro uma exceção ao período eleitoral, quando todos os candidatos apresentam propostas ecumênicas, na esperança de que o vencedor as cumpram. Mesmo o mais convicto dos ateus terá um discurso pela igualdade, pela distribuição do pão e pelo direito à vida, como nos ensinou Jesus, Maomé, Buda ou Oxalá. Sob a perspectiva da fé, portanto, não há diferença alguma entre o que propõe o missionário evangélico Crivella, e o candidato sem religião do PSOL, Marcelo Freixo, na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Ambos enaltecem os humildes, e prometem o paraíso na Terra para os mais pobres.

O problema é que vivemos numa sociedade dominada por falsos profetas. Na política os elegemos; no púlpito os veneramos. Empresários, latifundiários, banqueiros, todos bilionários, travestem-se de "assistentes sociais" para roubar os votos dos humildes a cada quatro anos. Desses que estão aprovando a PEC 241 no Congresso Nacional, não tem um que esteja disposto a abrir mão de parte do seu patrimônio para equilibrar as contas públicas. Todo sacrifício deve ser imposto aos seus eleitores.

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A Teologia da Prosperidade adota um estratagema muito semelhante ao empregado pelos coronéis da política. Religiosos milionários consolidam seus impérios financeiros também na base da promessa, com a vantagem de não terem de prestar contas aos seus fiéis, já que o "contrato" firmado é entre Deus e as ovelhas de suas igrejas. Segundo a revista Forbes, o dono da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, é dono de um patrimônio superior a um bilhão de dólares. Nada mal para quem vivia modestamente como funcionário de loterias. O milagre da multiplicação dos dólares também alcançou outros líderes de denominações religiosas, como R.R Soares, Valdemiro Santiago e o obscurantista Silas Malafaia.

A simbiose entre pastores e políticos atingiu tal ponto de cumplicidade, que atualmente um depende do outro para sobreviver. Hoje, nenhum candidato a cargo majoritário consegue se eleger sem antes negociar apoio com os donos da fé. Isso, quando não são os próprios bispos que resolvem tomar para si o controle político de estados e municípios, como acontece atualmente na cidade do Rio de Janeiro. Não se surpreendam: Marcelo Crivella é o projeto político da Teologia da Prosperidade para a presidência da República, em 2018.

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Com as novas regras de captação de recursos para financiamento de campanhas eleitorais, as chances dos candidatos ficaram polarizadas entre os ricos que se financiam, ou os líderes evangélicos que dispõem de cabos eleitorais obedientes e gratuitos. O cenário é amplamente favorável para esse tipo de aventura. O extremismo do Bolsonaro, a desconfiança com os partidos de esquerda e a mesmice das candidaturas tucanas, reiteradamente rejeitadas nas urnas, pavimenta a candidatura de Marcelo Crivella ao Planalto, ancorado pelo fisiológico PMDB, essa rêmora que se acostumou a comer restos largados pelos tubarões.

E como fica o Rio de Janeiro nessa história toda? A Cidade Maravilhosa se tornou território de malfeitores, cuja radiografia do crime não se encontra em lugar nenhum da Federação. Onde se tem notícias de capitais divididas em territórios dominados por milicianos e traficantes no Brasil? Aponte-me em que lugar assaltante rouba celular portando fuzil para sua vítima? Enquanto os royalties do petróleo sustentavam a farra com o dinheiro público, nenhum órgão de fiscalização se preocupou com os contratos superfaturados na saúde e as licitações viciadas, favorecendo sempre os mesmos grupos. Hoje, temos dois Marcelos disputando a prefeitura. Um já se acertou com o PMDB, com a Carminha Jerominho e seus parentes presos, com todos os cupins que corroem a estrutura da administração municipal, e que caminha célere para a falência, assim como ocorreu com o estado.

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Já o outro Marcelo, o Freixo, não tem rabo preso com ninguém. Vive cercado por seguranças, já que tem a cabeça a prêmio por esses que apoiam seu adversário. Um, quer fazer da capital fluminense trampolim para 2018. Freixo, só tem uma ambição: mostrar ao Brasil que a esquerda sabe governar com honestidade e competência, resgatando as bandeiras históricas da igualdade e justiça social. Não é tarefa fácil. Talvez, só um milagre. Afinal, esse é um mundo onde os camelos passam pelo buraco da agulha.

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