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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Dona Imprensa e seus dois 'Jaíres'

"A imprensa reclamou, reclamou, mas dois dias depois já estava tudo bem com o 'mozão' do Planalto. Um fazendo a caipiroska da reforma administrativa e o outro pilotando o fogão das milícias, fazendo beicinho e esticando a colher pra ver se o feijão preto estava bom de sal", narra o colunista Gustavo Conde, em uma crônica livre de carnaval

Boslonaro e jornais (Foto: Agência Brasil)
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Quando o governo é de direta (nazista, desculpe), a cobertura da imprensa parece briga de casal apaixonado.

Tome-se o episódio da Patricia Campos Mello, por exemplo. A imprensa reclamou, reclamou, mas dois dias depois já estava tudo bem com o 'mozão' do Planalto. Um fazendo a caipiroska da reforma administrativa e o outro pilotando o fogão das milícias, fazendo beicinho e esticando a colher pra ver se o feijão preto está bom de sal.

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Tudo ao som da TV ligada lá na sala retransmitindo o desfile das escolas de samba.

E dá-lhe insulto machista. Aliás, dá-lhe porrada: Bolsonaro, o mozão da imprensa, bate na coitada todo o santo dia, xinga, ameaça, e a Dona Imprensa, fica lá, com o avental surrado, passando o pano na cerveja golpista e melequenta, derrubada e amanhecida no piso da cozinha - que tem de estar sempre impecável.

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Ela poderia, pelo menos, fazer um B.O., não é?

Enfim, casamento é que nem escova de dentes: cada um tem o seu.

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Mas tem outros tipos de brigas de casal. Se, por exemplo, o governo é legitimado pelo povo trabalhador, a história é outra. A imprensa fica louca. Ciumenta, ela jamais esquece.

Escândalo do Mensalão? É quatro anos de falação diária, meu filho.

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Vitória eleitoral da Dilma, aquela sirigaita? É dormir no sofá pelas próximas 100 edições de jornal.

Pleno emprego, dólar a R$ 1,90, gasolina a R$ 2,80? Tá querendo se exibir pra quem? Vai fazer autocrítica!

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Ah, a Dona Imprensa brasileira... É uma romântica!

Sorte dela que não está sujeita ao voto. Viver de monopólio é uma bênção. Dá pra mentir e fazer chantagem com bastante segurança.

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Eu peço desculpas pelo machismo estrutural embutido na metáfora (já me antecipando à patrulha). Essas formações passionais de casamento, ademais, estão todas nas letras de música de Chico Buarque.

Ou: isso aqui não é um tratado sociológico ou um paper científico, é só uma crônica.

E que falta faz um amante latino (ou uma amante latina) à nossa Bovary jornalística tupiniquim, amargurada, sonhadora e com síndrome de Estocolmo até a medula.

Ninguém quer.

Ela vai passar o pano para o mozão Bolsonaro até 2022, com renovação dos votos matrimoniais até 2026.

A imprensa brasileira, caras pálidas, é aquela cidadã que pediu para beijar o ex que tentou assassiná-la, em pleno tribunal de julgamento.

Porque o mundo-cão político-passional é a grande mola propulsora dos orgasmos selvagens (eita! Essa é do meu inconsciente, cobrem dele).

E que saudade do meu ex e da minha ex.

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