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Juliano Medeiros

Historiador e presidente nacional do PSOL

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É hora de voltar às ruas

"A voz das ruas é o que falta para mudar a situação política no país. A “tempestade perfeita” está prestes a se formar. Mas para que isso aconteça o elemento popular precisa entrar em cena, demonstrando toda a sua indignação com a matança em curso no país", afirma o presidente do PSOL, Juliano Medeiros

(Foto: Roberto Parizotti)
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Por Juliano Medeiros 

O ano de 2021 teve início com uma explosão de novos casos de Covid-19 no Brasil. O número de mortes subiu de cerca de mil óbitos por dia, no fim de dezembro, para mais de quatro mil vítimas nas primeiras semanas de abril deste ano. O recorde de vidas perdidas num único dia, 4249 brasileiros e brasileiras, registrado em 8 de abril, é superior a todas as mortes computadas em países como Dinamarca, Coreia do Sul, Costa Rica, Eslovênia ou Uruguai desde o início da pandemia. 

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A tragédia se aprofundou graças à irresponsabilidade de prefeitos e governadores que flexibilizaram as medidas de isolamento social no fim de 2020. Mas, acima de tudo, pela decisão de Jair Bolsonaro e sua equipe econômica – acatada vergonhosamente pelo Congresso Nacional – de não prorrogar o Auxílio Emergencial a partir de janeiro deste ano. Sem renda para garantir a subsistência mínima, milhões de pais e mães de família voltaram a se expor, levando o vírus para dentro de suas casas.  

A combinação do fim do Auxílio Emergencial – que injetou mais de R$300 bilhões na economia em 2020 – com a flexibilização das medidas de isolamento social, impulsionou a segunda onda da pandemia no Brasil. A oposição, corretamente, pressionou prefeitos e governadores a adotarem medidas mais rígidas para a contenção da circulação de pessoas, como o lockdown. Mas mesmo quando implementadas, elas não resolveram o problema de forma eficiente. Afinal, sem comida no prato, não há quem fique em casa. 

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Diante da posição de vários prefeitos e governadores, Bolsonaro ensaiou uma queda de braço, afirmando que o lockdown cerceava a liberdade dos cidadãos e cidadãs e que poderia usar a força – leia-se, o Exército – para confrontar a medida. Como sempre, ficou apenas nas palavras: em 30 de março os comandantes militares das três armas (Marinha, Exército e Aeronáutica) se demitiram, desconfortáveis com as declarações do presidente.  

Com o aprofundamento da crise sanitária e sem o Auxílio Emergencial, a popularidade de Bolsonaro despencou. A perda de autoridade junto às Forças Armadas deu amparo ao Supremo Tribunal Federal, que decretou a imediata instalação da CPI da pandemia. A comissão tem sido um palco permanente de desgaste do governo e vai comprovando, dia após dia, que o plano genocida de Bolsonaro foi meticulosamente preparado ao rejeitar vacinas, boicotar campanhas de conscientização, criticar as recomendações das autoridades sanitárias e buscar a tal “imunização de rebanho” em Manaus. 

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Na última semana, uma soma de tragédias foi a gota d'água: a morte do ator Paulo Gustavo, fenômeno de bilheteria nos cinemas do país, depois de semanas enfrentando a Covid-19, comoveu milhares de fãs. Dias depois, a chacina na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, revelou toda a brutalidade policial numa operação que deixou quase 30 vítimas. Tudo sob o silêncio envergonhado do STF, que havia proibido incursões policiais desse tipo durante a pandemia. Na Colômbia, o exemplo da população nas ruas, afirmando que o presidente é mais perigoso que o vírus, também deu o sinal: é preciso agir. 

Por tudo isso, parece ter chegado a hora de voltar – com todos os cuidados necessários – às manifestações de rua. Os negacionistas, aliás, nunca deixaram de ocupá-las. Foram enxotados em meados de 2020 pelos protestos liderados pelos torcedores antifascistas. Mas diante da posição responsável da oposição de defender medidas de restrição da circulação, voltaram a se sentir confiantes.  

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Uma pesquisa recente demonstrou que nas cidades dos Estados Unidos onde foram realizados protestos do movimento Black Lives Matter, não se verificou um aumento relevante de casos de Covid-19, o que comprova que podemos voltar às ruas, desde que respeitadas as medidas de proteção, como o uso permanente de máscaras, álcool em gel, dentre outras. 

Chegamos ao limite. A voz das ruas é o que falta para mudar a situação política no país. A “tempestade perfeita” está prestes a se formar. Mas para que isso aconteça o elemento popular precisa entrar em cena, demonstrando toda a sua indignação com a matança em curso no país. Podemos vencer, se não tivermos medo de ousar.

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