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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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É inacreditável que alguns amazonenses ainda apoiem Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Reuters)
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O Instituto Diário de Pesquisa (IDP) realizou uma pesquisa eleitoral no Amazonas cujo resultado foi publicado no portald24@diarioam.com.br com o título “Lula e Bolsonaro lideram votos no Amazonas”.

O resultado da pesquisa indicou o ex-presidente Lula com 42,4% e o atual presidente Bolsonaro com 35,8% de intenção de votos. Em terceiro lugar apareceu o ex-juiz Sérgio Moro com 7,8% da intenção de votos. Os outros nomes todos ficaram abaixo de 3%. Num eventual 2º turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente Bolsonaro, o primeiro teve uma intenção de votos de 48,6 % e o segundo 40,6%.

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Nas eleições passadas (2018), Bolsonaro no primeiro turno teve 43,8% dos votos e Haddad 40,3%. Já no segundo turno, ambos os candidatos tiveram respectivamente 50,27% e 49,73%. 

Como os números demonstram, Jair Bolsonaro perdeu apoio no Amazonas, algo em torno de 8 pontos percentuais, se considerarmos o 1º turno, e 10 pontos percentuais no 2º turno. Porém, mesmo assim, ele ainda conserva uma gama de 35,8 % do eleitorado. Ainda é uma parcela significativa da população amazonense que apoia esse (des)governo. 

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As ações desastrosas e mortais do (des)governo Bolsonaro em relação a pandemia, questionando, atacando e boicotando os protocolos de segurança (uso de máscaras, distanciamento social, etc.) e a produção de vacinas (com discursos anticiência e, consequentemente, antivacina), tiveram um impacto profundo no Amazonas (cujo governador também um alinhado de Bolsonaro!), com as UTI’s lotadas e a crise de oxigênio que sufocou/matou muitos amazonenses. Mas isso não foi o suficiente para afastar um sequer dos 35,8% que estão “fechados com Bolsonaro”. 

Os desmatamentos na Amazônia estão devastando a rica floresta tropical e muito do que ela ainda pode oferecer em termos de biodiversidade (fauna, flora e suas potencialidades medicinais, etc.) e sociodiversidade (populações tradicionais e seus saberes). Derrubar ilegalmente as árvores, explorar ilegalmente minérios, abrir fogo ilegalmente em áreas específicas para expandir a produção agrícola e pecuária só fazem acelerar a destruição do ecossistema amazônico. Recentemente foi noticiado nos diversos meios de comunicação que houve um recorde de desmatamento na Amazônia no (des)governo Bolsonaro. Nem isso (e nem o excelente trecho da toada do boi Garantido: “o índio chorou, o branco chorou, todo mundo está chorando, a Amazônia está queimando...”) foi o bastante para os 35,8% daqueles que resolveram “fechar com Bolsonaro” romper com ele. 

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Os recorrentes ataques a Zona Franca de Manaus (sobretudo de Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga” de Bolsonaro), o coração econômico da região que irriga e faz funcionar/dinamizar diversos setores econômicos (especialmente os da indústria de componentes e os do setor de serviços), numa engrenagem que promove emprego e renda para a população local, vê-se constantemente ameaçado nos últimos anos. Mas isso não importa para os que estão “fechados com Bolsonaro”. 

O preconceito e o discurso de ódio contra os povos indígenas e quilombolas, e a suas matrizes culturais, nada disso parece afetar os 35,8% que estão com Bolsonaro. Mesmo a região sendo predominantemente estruturada a partir de uma matriz cultural indígena (tecnologia de navegação fluvial e ribeirinha, uso de redes para dormir, alimentação a base dos frutos tropicais, dos peixes e da famosa farinha...), a parcela da população “fechada com Bolsonaro” não se incomoda com os preconceitos e discursos de ódio direcionados aos povos indígenas e a cultura regional. 

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Enfim, é inacreditável que essa parcela, esses 35,8%, ainda apoie Bolsonaro. No fim das contas, eles apoiam tudo o que está acima! 

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