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William Robson Cordeiro

Jornalista, músico e Professor. Doutor em Jornalismo pela UFSC e mestre em Estudos da Mídia (UFRN)

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É melhor já ir se acuando

Não teve sinal de arminha, nem levantou o tripé do microfone para "fuzilar a petralhada". O Jair Bolsonaro que se apresentou naquela chocante diplomação da segunda-feira (10) não parecia o Rambo, o corajoso que vai enfrentar os corruptos. Era um homem acuado, frágil, de aparência moribunda e como o mesmo discurso vazio que encantou seus eleitores raivosos e entorpecidos

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Não teve sinal de arminha, nem levantou o tripé do microfone para "fuzilar a petralhada". O Jair Bolsonaro que se apresentou naquela chocante diplomação da segunda-feira (10) não parecia o Rambo, o corajoso que vai enfrentar os corruptos, os bandidos, dar uma arma para cada brasileiro para que saia se matando por aí. Era um homem acuado, frágil, de aparência moribunda e como o mesmo discurso vazio que encantou seus eleitores raivosos e entorpecidos.

Ele sente na pele que não é o imperador que imaginava ser, nem o "Messias" que seus seguidores aguardavam romper das nuvens. Sim, seus fiéis depositaram sua fé no "poderoso" que pudesse transformar o Brasil no paraíso divino e antipetista ao sentar na cadeira da presidência, com uma onisciência e onipotência indiscutíveis e sem intermédio. Estes eleitores são os mesmos que, vez por outra, caem em ciladas (quem não se lembra do Collor, o "caçador de marajás" ou do Sérgio Moro, o "juiz imparcial"?).

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Aí, estes fiéis seguidores se calam de repente e percebem que o Messias também é um pecador, que não é divino, que carrega mácula, no momento que as denúncias do Bolsogate emergem.

O ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, foi citado em relatório do Coaf por conta da “movimentação atípica" de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017.  E uma das transações na conta de Queiroz citadas é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

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O Bolsogate abalou as estruturas da dinastia Bolsonaro. Sentiu o peso da mídia conservadora e da Justiça política e seus tentáculos.  Bolsonaro chegou a afirmar em discurso de posse que "o poder popular não precisa mais de intermediação, as novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes". Em meio ao olho do furação, tentou deslegitimar o poder da imprensa com quem agora vai necessitar de habilidade e diplomacia.

Os veículos de comunicação entenderam a mensagem. A jornalista Eliane Cantanhêde não perdeu tempo e tratou de preservar o espaço midiático nesta esfera pública, mesmo ciente que ajudou a conceber o monstro que agora tenta domesticar.

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Escreveu em sua coluna no Estadão que os veículos de comunicação são legítimos e que, ao contrário das chamadas "novas mídias", não carregam o perigo da difusão rápida e irresponsável, com "mentiras e manipulações" (sic). Ou seja, apesar de toda a força das redes sociais, Cantanhêde ainda sugere que somente a "mídia tradicional" detém o poder da informação verdadeira, isenta e desnudada de subjetividade.

A jornalista ressaltou que para governar, Bolsonaro vai precisar de uma "boa comunicação" com a sociedade. Se esforçou bastante para que O Estado de S. Paulo e o partido da mídia continuem mantendo as suas cotas imprescindíveis de publicidade.  

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Nesta onda toda, a denúncia do Bolsogate revela que a mídia conservadora tem força para reagir contra aquele que venceu sem precisar dela. E diante disso, Bolsonaro vai precisar, sim, rever a "intermediação".

O Bolsogate também coloca uma "coleira", como bem explicou o Leonardo Sttoppa no "Léo ao Quadrado" (TV 247) nesta segunda-feira (11), no Bolsonaro e nos seus filhos arrogantes quanto ao Poder Judiciário. O menor deslize com os ministros, juízes e promotores, pode amplificar o colapso do próximo governo que já se revela desastroso, incompetente, corrupto e despreparado antes de começar.

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Bolsonaro entendeu tudo isso na marra e, em vez de fazer sinal de arminha com as mãos em sua diplomação, fez um discurso conciliatório, pedindo confiança de quem não votou nele, de que será o presidente de 210 milhões de brasileiros. Percebeu que não poderá tudo e que vai precisar conversar. Que não adianta se opor aos partidos e abrir diálogo com as bancadas temáticas. O Congresso é outro forte intermediador.

O Brasil envenenado com o  ódio e o desprezo às minorias , que teriam que se curvar à maioria, ele tratou de esquecer em partes. Bolsonaro mostrou-se mais acuado, mas mesmo não perdeu a oportunidade de continuar destilando veneno ao falar em "práticas que historicamente retardaram nosso progresso (...)" e de "não mais manipulação ideológica". Ataque claro aos pensamento contrário da esquerda e dos eleitores que não votaram nele, para os quais, cinicamente, pediu confiança.

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Seus eleitores foram duplamente pegos de surpresa. Acreditavam que este ser messiânico seria, por natureza, incorruptível e capaz de implantar a tal antipolítica (mesmo há 27 anos integrando o que tentou negar na campanha). Assim, é provável que os bolsonaristas tendem a desaparecer rapidamente, acuados, envergonhados ou decepcionados, como desapareceram os eleitores do Collor e do Aécio Neves.

Agora, estão todos acuados, mas não completamente acordados do transe obsessivo ao tal "mito".  É melhor todos eles fazerem como o seu "messias" e já ir se acuando também.

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