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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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É possível derrubar Piñera sem derrubar a democracia?

"Ontem à noite, Piñera afirmou em rede nacional que o país 'está em guerra contra um inimigo poderoso', sem especificar qual é", escreve o jornalista Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, sobre a crise no Chile. "Como sabemos, a guerra só acaba quando um dos lados se rende. Tomara que, no afã de derrubar Piñera não se derrube a democracia"

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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Eu e toda a torcida do Flamengo  achávamos que a democracia estava ameaçada no Brasil e que no Chile, ao contrário, ela estava consolidada.

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Motivos que sustentavam essa tese não faltavam. Ao contrário dos brasileiros, que anistiaram todas as barbaridades perpetradas pelos militares enquanto estiveram no poder (1964-1985), os chilenos fizeram a lição de casa, até hoje vez por outra surgem novas condenações por tortura e assassinato de opositores políticos.

Mais recentemente, Bolsonaro fez elogios rasgados ao ditador Pinochet que foram rebatidos sem vacilo pelo presidente Sebastian Piñera, que mostrou que era de direita, mas repudiava a extrema-direita e seus métodos.

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E eis que, de repente, o Chile mergulha numa situação que ameaça a sua democracia e que pode ter reflexos em outros países da América Latina.

Passei o fim de semana assistindo ao canal 24 horas, do Chile, que fez (e continua fazendo) completa cobertura ao vivo da situação em todo o país.

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O que vi – e que se repete ainda hoje – são dois tipos de protesto.

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Um deles, que me parece espontâneo, mais um daqueles organizados e convocados por whatsapp, do qual faz parte o grosso da população.

Caracteriza-se por grandes concentrações em praças públicas, principalmente de Santiago, de pessoas de todas as idades, alguns batendo panelas, outros exibindo cartazes, barulhentos, gritando palavras de ordem contra o governo, mas completamente desarmados e que não quebram nada. São os chamados protestos pacíficos.

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O outro tipo de protesto, encabeçado por gente descrita pela imprensa local como “encapuzados” consiste em queimar estações de metrô, depredar automóveis, arrombar e incendiar supermercados, provocar pânico e terror. As câmeras os flagram jogando pedras, virando automóveis, quebrando caixas eletrônicos.

As manifestações começaram em rechaço ao aumento do metrô, mas não pararam quando Piñera revogou o aumento. Do que pude ouvir de pessoas entrevistadas, a maioria donas de casa, elas estão cansadas de ver a vida piorar, ao contrário do que prometera Piñera ao tomar posse. Seus problemas vão muito além do preço do metrô.

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A resposta do governo à escalada das depredações - mais de 40 estações queimadas em Santiago, supermercados e outros prédios incendiados e dezenas de incidentes de depredação em cidades como Valparaíso, Punta Arenas e outras - foi decretar estado de emergência, toque de recolher à noite e colocar tropas na rua.

Supermercados funcionam protegidos por soldados que exibem fuzis (e fecham às 3 da tarde); saqueadores são perseguidos em meio a tiros (não sei se de verdade ou de festim), subjugados e presos. O registro de mortos chega, oficialmente, a sete.

Quando não há mais liberdade de ir e vir 24 horas por dia (quem não tiver salvo-conduto das 10 da noite às 6 da manhã é preso na hora), generais assumem o comando em lugar de prefeitos (estado de emergência) e 12 mil soldados patrulham a cidade ininterruptamente, em vez de policiais e as aulas estão suspensas, não se pode mais chamar isto de democracia. 

Ontem à noite, Piñera afirmou em rede nacional que o país “está em guerra contra um inimigo poderoso”, sem especificar qual é.

Como sabemos, a guerra só acaba quando um dos lados se rende.

Tomara que, no afã de derrubar Piñera não se derrube a democracia.

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