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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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E se o atentado a Greenwald fosse coisa da esquerda, hein Globo?

"O crime contra Greenwald, este sim, é um atentado à liberdade de expressão, termo tão mal usado pelo governo e pela forças reacionárias. Inclusive por grande parte da grande imprensa", afirma o colunista Gilvandro Filho, sobre os ataques de grupos da direita contra o jornalista do The Intercept durante a Feira Literária de Paraty

O Brasil está em seu momento mais perigoso (Foto: Lia de Paula)
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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia - Já imaginou você, caro, leitor, o que o Jornal Nacional faria se 50 petistas interrompessem a fogo uma palestra realizada por alguém da direita, em um feira literária, e ameaçassem a plateia? Talvez considere uma hipótese remota pela falta de afinidade entre a direita e eventos culturais. Mas, pense assim mesmo. Imaginou o estardalhaço que seria a cobertura? Com toda certeza muito diferente do eloquente silêncio com o qual a Globo tratou a ameaça dos bolsoantas, armados de rojões, à palestra de Glenn Greenwald, na Feira Literária de Paraty.

O ato protagonizado por grupo de facínoras contra o proprietário do The Intercept Brasil e seu público, é um fato jornalístico grave, digno de atenção, cuidado e, naturalmente, cobertura decente. Tudo o que não ocorreu no principal noticiário da TV Globo, que não deu a mínima. Além disso, trata-se de um crime que, em qualquer lugar do mundo regido por uma democracia, estaria merecendo o tratamento policial necessário. Quem sabe a quadrilha organizada que agiu covardemente até já estivesse presa.

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Mas estamos no Brasil do Messias. Um estranho país onde o ódio, onde o rancor, o preconceito e a ideologia da violência e do armamentismo foram bandeiras da campanha eleitoral que, ano passado, elegeu um inacreditável presidente da República. Um governante, por sinal, eleito graças a um golpe que reuniu o Judiciário - com o Supremo e tudo - as forças políticas e empresariais conservadoras e a grande mídia, da qual justamente a Globo é a estrela maior.

Mais que isso, o atentado protagonizado pelos extremistas de direita, em Paraty, foi um ato em defesa do principal acusado pelo The Intercept Brasil, o ex-juiz de primeira instância Sérgio Moro, artífice da Operação Lava Jato e de todas as suas estratégicas de acusação, embora fosse, vale sempre repetir, aquele responsável pelo julgamento do caso. Moro é o alvo maior das denúncias de Greenwald, com trechos de mensagens e áudios divulgados mostrando quão deletéria foi sua participação no processo político que começou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff e chegou à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Com Lula preso - sempre bom recordar -, Moro tirou de cena o favorito em todas as pesquisas para se eleger presidente, deixando o caminho para um candidato fake que fugiu dos debates e disseminou o discurso do medo e do ódio como arma eleitoral. A coisa foi tão bem urdida que, eleito o candidato ungido por Moro, o juiz foi oficializado como ministro da Justiça do novo governo. Lé com lé, cré com cré.

É o país de ministros improváveis, de uma política externa alucinada que contempla até a provável nomeação do filho do presidente para o mais importante posto da diplomacia brasileira, o de embaixador nos Estados Unidos; chanceler informal e de fato, o garoto, que foi fritador de hambúrgueres e cumpriu um ano de intercâmbio na “matriz”, protagoniza a nova vergonha do governo, provavelmente, a maior delas até agora.

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É o país do Judiciário amarrado aos golpistas, com o STF decidindo as coisas não na lei, mas na marra, de acordo com o tema e a simpatia que ele desperta no Fla-Flu em que se transformou a Casa dividida ao meio, embora tendente a recuar diante do arreganho de dentes do governo. Com o andar das denúncias do TIB, o Judiciário brasileiro se esfarela. Além de Moro, do procurador Deltan Dallagnol, dos outros procuradores da Lava Jato, de ministros como Luiz Fux e Edson Fachin, as denúncias chegam agora aos julgadores de Lula, a turma do TRF-4.

O crime contra Greenwald, este sim, é um atentado à liberdade de expressão, termo tão mal usado pelo governo e pela forças reacionárias. Inclusive por grande parte da grande imprensa. Globo inclusa.

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