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Arthur Virgílio Neto

Diplomata, foi deputado federal, senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique Cardoso, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, líder das oposições no Senado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e três vezes prefeito da capital da Amazônia - Manaus.

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Eleições 2022: certeza sim, ameaça nunca!

Nosso país já passou por tanta coisa, crises, impedimentos e não se deixou corroer, não se deixou abater. A democracia brasileira é cada vez mais forte e vai ficar ainda mais, independentemente dos estilos de quaisquer presidentes

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Estabeleceu-se uma falsa polêmica: haverá ou não eleições em 2022? O ministro da Defesa, Braga Netto, homem com uma carreira bonita e a quem sempre respeitei, embora praticamente não o conheça, de repente se equivoca e diz que, se não for por voto impresso, não haverá eleições. O mesmo general Braga Netto que votou sem voto impresso dezenas de vezes ao longo de sua vida, o mesmo que, como ministro da Defesa, tem que estar em consonância com o que pensam os seus comandados e esses são completamente a favor da democracia. 

Queria dizer de uma forma bem simples e singela. Vamos ter eleições, sim! No dia marcado, e depois de apurados os votos, os vencedores serão empossados, sim!

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Não estamos mais nos tempos dos golpes. Não estamos mais nos tempos em que chefes militares dizem o que iria acontecer com o Brasil. Estamos nos belos tempos de chefes militares, como o ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; o ex-chefe do Exército Brasileiro, Edson Pujol; o ex-comandante da Marinha, Ilques Barbosa Júnior; e o ex-comandante da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez, que negaram ao presidente o estado de emergência e, de imediato, entregaram seus cargos.  Esse é o gesto de hoje, o ontem ficou para trás. Faz parte da história, mas não faz parte do nosso futuro.

Lembro que, certa vez, houve uma homenagem ao Duque de Caxias, patrono do Exército e, entre os oradores, estávamos eu e o deputado petista José Genoíno.  Conversando entre nós, ele disse: "Arthur, impressionante essa coisa da democracia, estamos aqui homenageando os militares e eu nunca vi tanto quepe junto na minha vida". Aí eu disse a ele que, há alguns anos, se eu visse tanto quepe junto sairia correndo, com velocidade de recordista olímpico. Rimos, concordamos e a conclusão de nossas conversas e brincadeiras foi que estávamos felizes por viver a democracia, onde as pessoas se unem, se irmanam. Este país que se democratiza, cada vez mais, mostra que as conjunturas vão mudando para melhor, civis e militares agora convivem respeitosa e fraternamente.

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Por que tenho tanto respeito pelos militares? Porque eles mudaram, não são os mesmos. Não existe mais o general Ibiapina, acusado de tortura durante o regime militar. Uma vez, ele como presidente do clube militar, já bastante idoso, me encarou com muito rancor em um evento, provavelmente mais rancor ao meu pai do que a mim. Acredito que pela liderança civil de Arthur Virgílio Filho, grande combatente da ditadura militar.

Mas eu também mudei, não tenho a mesma cabeça de antes. Acredito que mudei para melhor, com mais sensatez, mais maturidade. Então, creio que as Forças Armadas mudaram, são outras pessoas, outras formações, outras definições. A democracia brasileira que era tão instável, tão sujeita a golpes, a quarteladas, ela de repente se viu assegurada, defendida e protegida pelos militares da geração atual, que superaram os hábitos antigos e que eram, infelizmente, comuns a toda a América Latina, cuja marca era a instabilidade.

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Nunca fui um atiçador do impeachment da presidente Dilma e não vejo posta, ainda, condições fortes o suficiente para se pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Procuro ser justo e não acho que um país como o Brasil amadureça decretando o impedimento de um presidente da República a cada quatro anos ou a cada dez anos. Isso é coisa de república bananeira e não de um país emergente e com o peso internacional como o Brasil.

Nessa questão da falsa polêmica, entendo que deveria ser feito um comunicado para alguém que está desavisado. General Braga Netto, com todo o respeito, se informe de uma vez por todas: vamos ter eleições, sim, em 2022. No dia constitucional, na hora marcada, com apuração imediata e com as urnas eletrônicas que são exemplo para o mundo inteiro. E o senhor irá votar no candidato de sua preferência, é seu direito enquanto cidadão, um homem de tantos serviços prestados a este país. O que sabemos é que a democracia vai se perpetuar e isso, tenho certeza, é um desejo também seu.

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Mas é preciso refletir mais cautelosamente também sobre outro tema: militar da ativa não deve falar sobre política, até mesmo pelo papel moderador que ele exerce. Militar da reserva vira civil, diz o que quer e de quem bem quiser, mas militar da ativa precisa ter esse comportamento mais contido, pela própria distância que deve guardar dos fatos e cotidianos da vida pública.

Nosso país já passou por tanta coisa, crises, impedimentos e não se deixou corroer, não se deixou abater. A democracia brasileira é cada vez mais forte e vai ficar ainda mais, independentemente dos estilos de quaisquer presidentes. Eles não podem alterar as regras do jogo, porque a democracia está acima de todos nós. Temos que cultuar a democracia, que é o único sistema político que permite que uma nação busque o desenvolvimento pleno, nos caminhos da civilidade, do respeito e do sentimento fraterno que sempre haverá de ligar irmãos fardados a irmãos civis.

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