Em campanha para 2022, Ciro tenta ser mais antipetista que Bolsonaro

Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Embora repudie o atual governo de forma enfática, Ciro Gomes está copiando Jair Bolsonaro em dois aspectos fundamentais: ao iniciar a campanha presidencial quatro anos antes das eleições e ao apostar no antipetismo para chegar ao poder.

  Já se vê que suas críticas ao PT não são pontuais; são o leit-motiv de todas as suas entrevistas. Os jornalistas nem precisam perguntar, ele fala mal do PT por qualquer motivo.

  Na questão de iniciar a campanha precocemente ele está certo; enquanto o maior partido de oposição e que deveria ser o timoneiro do anti-bolsonarismo – o PT - não consegue chegar a um consenso quanto ao seu presidenciável, ou acha que ainda é muito cedo para começar, Ciro quer ocupar o posto de antagonista de Bolsonaro, que não parou de fazer campanha desde que chegou ao Planalto.

  No entanto, campanha muito precoce pode também levar a desgaste precoce da candidatura.

  Mas quanto a assumir o antipetismo do jeito que ele está fazendo, erra de forma cabal.

  O dono do discurso antipetista é Bolsonaro. Se Ciro quer ser o oposto de Bolsonaro não pode adotar o mesmo discurso. O eleitorado não vai entender. Não dá para ser ao mesmo tempo antibolsonarista e antipetista em doses cavalares, como ele pretende ser.

  Nem vai ganhar os eleitores de direita, que vão preferir o antipetista original, a não ser que ele assuma de vez as pautas bolsonaristas, o que é improvável, nem os de esquerda, que já o empurram para o outro lado do muro, na base do “toma que o filho é teu”.

  Para a direita, Ciro continuará sendo um cara de esquerda, falando mal ou bem do PT; para a esquerda, será cada vez mais um cara de direita, principalmente se continuar alvejando o PT e se recusando a compor uma frente democrática com petistas nas eleições do ano que vem.

  Ciro Gomes, quem diria, tenta ser mais antipetista que Bolsonaro.