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Davi Spilleir

Mestre em Sustentabilidade, pesquisador de Economia Solidária pelo CIRIEC e pela ABPES

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Entre Somália e Alemanha, as realidades de São Paulo

Heranças claras do tempo da escravidão demonstram que os aparatos públicos disponíveis à população negra ainda são de pior qualidade e que, acompanhado do aumento de disparidades sociais, está a piora nos pontos de saúde e educação

Crise, desemprego e desigualdade social: reflexos do golpe de Estado
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Os resultados do Mapa da Desigualdade 2019 da Cidade de São Paulo são um assombro. Os dados servem para nos dar poderosas porradas de realidade na cara, a ver alguns destes dados:

-> Desde o início da crise, em 2014, a variação da renda advinda do trabalho nos extratos mais pobres caiu 17,1%, ao passo que o dos muito ricos aumentou 10,1%;

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-> Destes, os jovens são os mais afetados, havendo redução de 27% na renda de jovens de 15 - 19 anos e 17% na de jovens entre 20-24 anos;

-> A guetização negra também é latente no município de São Paulo, para que se tenha ideia da concentração de população negra em bairros bastante pobres, como Jardim ângela, Grajaú e Parelheiros supera a monta de 55%, enquanto nos bairros mais ricos, como Perdizes, Vila Mariana, Itam Bibi e Moema esse valor é inferior a 10%.

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-> A taxa de gravidez na adolescência também diverge substancialmente nos dois extremos. Em Moema, Perdizes, Itam Bibi, Jardim Paulista e Pinheiro, a % de meninas que são mães antes dos 19 anos é inferior a 1%, ao que Jardim Ângela 14,15%, Brasilândia 14,29%, Cidade Tiradentes 16,42%, Parelheiros 16,53% e Marsilac 18,85%. É dizer que praticamente 1/5 da jovens são mães nestes distritos.

-> A proporção de mortalidade infantil a cada 1000 crianças nascidas também é gritante: Perdizes (1,07), Itaim Bibi (91,56), Bela Vilas (2,3), Parque Carmo (19,52), República (24,29) e Marsilac (24,59). Isso representa uma diferença de quase 20x.

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Mas seguramente o dado que mais chama atenção neste estudo é a diferença na idade média ao morrer. Moema (80,57), Jardim Paulista (79,85), Consolação (79,43), Grajaú (58,84), Marsilac e Cidade Tiradentes (57,51).

De um extremo ao outro da cidade temos índices equivalentes ao da Somália (57 anos) e Alemanha (80,64) em relação a expectativa de vida.

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Comparativamente, entre a medição realizada em 2018 e a deste ano, vemos alguns dados de involução qualitativa: em números absolutos, a mortalidade por causas mal definidas cresceu 136,7%, os casos de feminicídio saltaram 167% e violência contra mulher 51%, os casos de violência de racismo saltaram 22%, mortalidade materna aumentou em 14%, mortalidade infantil 2%. Ao passo que acervos de livros para adultos tiveram redução de 27%, acervo de livros para infanto-juvenis, 25% e o número de leitos hospitalares caiu 16%.

Esse estudo evidencia fortemente os conflitos de classes, com base na extratificação social. Heranças claras do tempo da escravidão demonstram que os aparatos públicos disponíveis à população negra ainda são de pior qualidade e que, acompanhado do aumento de disparidades sociais, está a piora nos pontos de saúde e educação.

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É necessário repensar a cidade de São Paulo urgentemente.

Fonte: 

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https://www.nossasaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Mapa_Desigualdade_2019_tabelas.pdf?fbclid=IwAR1I1gV0jSSJFzYpy7mARAJeid0BQICSGzbjYJ4VLA38w8UUf8QpjAoCWho

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