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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Espanha: vitória dos socialistas, irrompe Vox, desabam PP e Podemos

"A formação do novo governo não está resolvida, porque os votos do Psoe e do Podemos não são suficientes para a maioria necessária para formar um governo. Os socialistas terão que contar com os pequenos grupos nacionalistas, com os quais não tem tido boas relações", diz o sociólogo Emir Sader; "A alternativa, uma aliança com Cidadaos, partido moderado de direita, parece fora de possibilidades, pelas juras deste de não se somar de forma alguma aos socialistas. Veremos se, caso o Psoe não consiga a maioria suficiente, se essa possibilidade reaparece ou se, revelando que a crise de governabilidade é mais profunda, se cheguem a convocar novas eleições"

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O surgimento de Podemos na Espanha parecia apontar para o fim do bipartidismo na Europa. Com os dois partidos tradicionais em cada pais apoiando a politica de Austeridade – o nome que o Banco Central Europeu deu à sua politica de ajuste fiscal, se abria um espaço para uma nova esquerda. Podemos foi a primeira expressão dessa nova tendencia.

Estas eleições impõe uma nova perspectiva para a politica espanhola. Em primeiro lugar, se o PP consolida sua decadência, caindo para o pior resultado da sua historia, não acontece o mesmo na esquerda. O Psoe, depois de ter sofrido uma baixa significativa quando Podemos surgiu, se recuperou e passa a ser o único partido que pode dirigir uma coalizão de governo na Espanha.

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Podemos, por sua vez, se nas eleições anteriores se havia colocado o objetivo de superar o Psoe, cometeu erros graves e teve uma debacle, perdendo quase a metade da sua bancada e ficando com um terço dos parlamentares socialistas. Os dois, o PP à esquerda, e o Podemos à esquerda, são os principais derrotados destas eleições.

No campo da direita, depois do surgimento de Cidadaos, uma variante mais moderada do que o PP, a maior novidade foi a aparição de Vox, com a extrema direita chegando à Espanha. Em outros países essa corrente já havia aparecido – como a Franca, a Alemanha, a Itália, entre outros -, mas não na Espanha. Para tentar evitar o crescimento de Vox, o PP escolheu um novo dirigente na sua ala mais de direita, mas não foi suficiente.

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O problema é que, se Podemos tem uma tendencia decrescente, demonstrando que não é nova corrente de esquerda que se fortalece, mas na extrema direita, com Vox com tendência ascendente. Tudo vai depender do novo governo. Seu sucesso pode brecar a tendencia ao fortalecimento de Voc. Mas se o novo governo socialista fracassa, a tendencia será que o fortalecimento venha da extrema direita e não de Podemos, que pode acentuar sua crise nessa circunstancia.

Podemos irrompeu de forma espetacular na politica espanhola, mobilizando a setores de juventude e conquistando a bases de apoio do Psoe, desgastado pela adesão desse partido a politicas neoliberais. Mas Podemos não chegou a desenvolver amplo trabalho de massas, ao contrario dos partidos da nova esquerda na America Latina. Exagerou no protagonismos na mídia, não conseguiu administrar as diferenças internas, que levaram a que vários dirigentes se afastassem, ao mesmo tempo que foi perdendo parte significativa das novas gerações de eleitores, com o Psoe recuperando votos que tinha perdido.

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Falta o conhecimento da experiencia do PT e do Brasil, com seu trabalho de massas, seus governos nacionais e regionais, para que Podemos possa encarar o duro balanço que tem que fazer. Isso teria permitido que o Podemos tivesse aproveitado mais seu auge.

A maior novidade então nas eleições espanholas é a chegada de uma corrente de extrema direita, uma das consequências do fracasso de Podemos. Em outros países, como a Franca, a Alemanha e a Itália, quem capitaliza o debilitamento dos partidos tradicionais, em especial os da esquerda, é a extrema direita. Como no caso da Franca, em que é a extrema direita da Le Pen quem volta a se fortalecer, com as grandes manifestações dos jaquetas amarelas.

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A própria formação do novo governo não está resolvida, porque os votos do Psoe e do Podemos não são suficientes para a maioria necessária para formar um governo. Os socialistas terão que contar com os pequenos grupos nacionalistas, com os quais não tem tido boas relações. A alternativa, uma aliança com Cidadaos, partido moderado de direita, parece fora de possibilidades, pelas juras deste de não se somar de forma alguma aos socialistas. Veremos se, caso o Psoe não consiga a maioria suficiente, se essa possibilidade reaparece ou se, revelando que a crise de governabilidade é mais profunda, se cheguem a convocar novas eleições.

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