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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Esse governo desafinou

"O Brasil de hoje usa botox. É fake. Tão fake quanto as mensagens que o levaram até a este palanque, onde os semblantes dos componentes da foto são a mais completa tradução do que nos transformamos", diz Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. A jornalista fez também uma análise da cena em que representanes do governo cantam o hino nacional no Sete de Setembro. "Tal como se observa na cena captada e divulgada pela TV Brasil dirigentes que fecham os olhos para as nossas mazelas e nos vendem como bananas na feira"

(Foto: Reprodução/TV Brasil)
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O Brasil de hoje usa botox. É fake. Tão fake quanto as mensagens que o levaram até a este palanque, onde os semblantes dos componentes da foto são a mais completa tradução do que nos transformamos.

Somos um país oco, que precisa de “preenchimento”, tais como os que foram aplicados nas bochechas do “empresário/símbolo”, o senhor Silvio Santos.

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Tal como se observa na cena captada e divulgada pela TV Brasil (oficial, é claro, o que lhe confere maior legitimidade) dirigentes que fecham os olhos para as nossas mazelas e nos vendem como bananas na feira, expostos que estamos, em tabuleiros a céu aberto.

Os poucos que tentam olhar para algum lugar, (na foto) refletem singularmente o que veem: olham para o nada. O único que parece mais atento, tem os lábios contraídos, numa expressão de: “é assim mesmo”. Um conformismo explícito de quem está para deixar como está, do contrário ele sobra do cantinho da foto, o pouco espaço que lhe foi devido.

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Ao vice coube a expressar o bocado militar a que estamos submetidos. Peito estufado, olhar de quem passa a tropa em revista, traduz comando, vontade imperiosa. Do quê? Eis o grande desafio. O Mourão da foto é a esfinge.

Com olhar tão ausente quanto os demais, com cara de quem tem preocupação de sobra e solução de menos, o presidente tem as mãos sobre o peito. Não com os dedos fechados, em repouso, mas os traz abertos, como se disposto a agarrar a faixa que pode escapulir. Enquanto os olhos perguntam: o que estou fazendo aqui? A mão parece bater no peito para reafirmar: quem manda sou eu.

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Das duas únicas figuras femininas em foco, uma fecha afetadamente os olhos, em atitude de: não estou nem aí para ver nada. Importa é que o meu espaço no palanque está garantido. A outra, em destaque, é a própria tradução do que somos hoje. Sua postura é de: sim, eu aceito. E para a ocasião, escolheu o amarelo ouro, que parece ser a única coisa que importa. No entanto, embora a cor destaque o metal precioso, o modelo é mal cortado. Nenhuma das figuras da foto parece confortável em seus papéis. Mas, sim, traduzem absurdamente o Brasil deste 7 de setembro de 2019.

O esforço do governo em captar num vídeo patético e grotesco - em que os ministros cantam o hino nacional, feito com o seu, com o meu, com o nosso rico dinheirinho – e que tenta passar uma imagem épica, ligando mando e população, serviu apenas para corroborar uma certeza: esse governo desafinou.

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