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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Esse governo é um cadáver

Jair Messias aboletou no palácio presidencial e espalhou por todo seu governo o que há de mais retrógrado das forças armadas, beneficiando especialmente o Exército

Preocupação com sua má relação com o Congresso motivou Bolsonaro a se cercar de ministros militares. (Foto: Marcos Correa/PR)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia - Continuo, agora há 61 dias, isolado em Petrópolis. Continuo sem ver meus amigos que ou moram ou estão por aqui. Continuo só saindo de casa para o essencial, e mesmo assim só duas vezes por semana.

Algumas coisas, porém, mudaram ao longo desses longos dois meses. O frio, por exemplo. Há anos não fazia tanto frio no outono daqui da serra. 

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Outra mudança: à angústia do isolamento somou-se agora um medo específico. O medo do que virá. 

O governo de Jair Messias morreu. O que não se sabe é quando e como seu cadáver putrefato será enterrado. Completamente alheio à realidade, sem uma mísera gota de lucidez, resta a ele zanzar sem outro rumo que o ditado por seus próprios delírios até ser defenestrado, ou então tentar um último e perverso suspiro, o de um autogolpe que liquidará de vez o que resta de oxigênio neste país perdido. 

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Só que nem assim dele irá sobreviver por muito tempo. Ao contrário: será apenas adiar o funeral. 

Haveria uma saída constitucional, ou seja, um processo institucional no Congresso para destituir o mais desequilibrado e o pior presidente da história da República. Razões não faltam, ao contrário do que aconteceu no caso de Dilma Rousseff, defenestrada por um golpe destinado a substituir a já então frágil democracia pela cleptocracia instituída por Michel Temer. Afinal, Jair Messias cometeu crimes em penca. 

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O que falta é espaço político, dizem os que mostram, isso sim, falta de empenho e responsabilidade para ao menos tentar impedir que o país continue se desfazendo. 

Seja como for, Jair Messias não tem futuro, e pode ser que ao menos disso ele tenha noção. E é essa eventualidade que talvez justifique seu destrambelhamento emocional, aliada ao seu natural desequilíbrio. 

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Meu medo se refere, repito, ao que virá. E o que virá, a menos que ocorra algo ainda pior, tem nome e sobrenome: Hamilton Mourão. 

Ao contrário de Jair Messias, o vice-presidente teve uma carreira militar de verdade. Além disso, e ao contrário do seu chefe, esse admirador da ditadura e defensor – mais discreto que o presidente psicopata, porém defensor – da tortura é inteligente, sensato, articulado, informado, equilibrado (ao menos nas atitudes públicas), e absoluta e irremediavelmente reacionário.   

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Com ele, voltará tudo aquilo que Jair Messias, seu trio de filhos hidrófobos e a matilha de seguidores fundamentalistas ainda não conseguiram trazer: censura, repressão violenta, perseguição. 

Jair Messias aboletou no palácio presidencial e espalhou por todo seu governo o que há de mais retrógrado das forças armadas, beneficiando especialmente o Exército. 

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Um exemplo claríssimo do critério adotado é o general Augusto Heleno, modelo perfeito do reacionarismo mais drástico, descontrolado e especialmente raivoso. 

Ter por aqui uma nova ditadura, mesmo que menos sanguinária que a que nos encobriu de breu entre 1964 e 1985, é, ao menos para mim e para muitíssimos dos da minha geração, assustador.

Esse o fantasma que tem, nesses últimos tempos, rondado as minhas noites e acalentado minhas insônias.  E ele não faz mais do que crescer.

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