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Roberto Ponciano

Escritor, mestre em Filosofia e Letras, especialista em Economia. Doutorando em Literatura Comparada

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Esta mancha nunca vai sair das tuas mãos – não te perdoamos, Rede Globo

"Sabemos que as desculpas da Globo são apenas perfídia de quem quer continuar a ter o controle do país"

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Lady Macbeth(Gruoch) enlouquecida, lava continuadamente as mãos, arquiteta do regicídio e das mortes dos herdeiros do rei, assolada pela própria consciência ou pelas Eríneas, ela se flagela até o suicídio mas não consegue se livrar da culpa. O regicídio é um dos temas prediletos de Shakespeare, mas o regicídio é só uma maneira de abordar a questão de legitimidade do poder. Em todas as peças em que há um golpe de Estado, em que se trama o assassinato do legítimo soberano e na qual o poder é usurpado (Hamlet, Macbeth, Rei Lear), o reino não tem mais paz. Uma sucessão de crimes, caos, guerra civil assola o país que não tem mais um poder legítimo a governá-lo.

No Brasil não bastou o regicídio – a farsa escancarada do golpe, na qual um bando de bandidos votou na deposição de uma mulher honesta, Dilma Roussef, legitimamente eleita, com base em imaginárias pedaladas fiscais – foi complementada pela perseguição, prisão e retirada dos direitos políticos do candidato preferido da maioria do povo: Luís Inácio Lula da Silva. Nesta farsa tivemos várias Gruochs (Lady Macbeths): Globo, SBT, Bandeirantes, Folha, Estadão, STF, Cunha, Rodrigo Maia, Ciro (viajadão para Paris), Moro e Lavajato, e uma série de jornalistas e artistas que assinaram pessoalmente o golpe, Regina Duarte, Luciano Huck, Vera Magalhães, Mira Leitão… nominá-los uma a um levaria a um lista de 100 laudas, não vale à pena.

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Não bastava o golpe, o regicídio e a perseguição a quem legitimamente poderia suceder (Lula) a quem foi vilmente golpeada (Dilma). Era necessário criar a mentira dita mil vezes transformada em verdade. Assim como Macbeth apunhala o rei e assassina seus guardas pessoais, colocando neles a culpa de sua perfídia e traição, a Rede Globo e todos os golpistas foram ainda mais longe. Colocaram na vítima a culpa do regicídio, do assassinato da democracia. Criaram a estúpida consigna de “a culpa é do PT” para transformar a vítima em executor do assassinato da democracia.

13 anos de mentiras infundadas serviram para que as pessoas passassem a ver um Brasil que crescia e distribuía renda numa perspectiva diferente da real, e a fantasia desfeita do combate à corrupção elevou à condição de heróis pessoas que hoje sabemos não passam de agentes do FBI e da CIA no Brasil. Moro, o grande inquisidor de Lula foi capacho e servo do governo Bolsonaro, e a Lava Jato hoje é desmascarada como uma operação de guerra híbrida, montada em Washington, para destituir um governo legítimo. Ela não funcionaria sem propaganda, e a maior máquina de propaganda da Lava Jato foi a Rede Globo de televisão, uma empresa que cresceu com as benesses da ditadura militar, como máquina de propaganda da ditadura. Quase 30 anos depois, pediu desculpas. Não a desculpamos daquela vez. Desta vez pede que “o povo desculpe o PT”. Não tem moral para pedir isto, mas vamos desenvolver este tema ainda.

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Parte da esquerda virou refém deste discurso. Conheço centenas de pessoas de esquerda que combatem com mais ferocidade o PT e Lula que o governo Bolsonaro. Não há democracia possível sem que se devolvam os direitos políticos a Lula e que se reconheça efetivamente que houve um golpe contra Dilma, assim como 30 anos após se reconheceu o golpe contra Goulart, ainda que fosse apenas um gesto simbólico. O problema é que não temos 30 anos para isto, até lá, o Brasil virará apenas uma colônia agrícola dos Estados Unidos. Estão bêbados do discurso raivoso da direita e não sabem, sob e desculpa de combater um pretenso “hegemonismo” do PT são permanentes aliados dos golpistas, referendando e legitimando seu discurso.

Junto a esta esquerda que combate o PT, temos também a esquerda Polyanna Moça, o mundo é um pote de cerejas, que gasta mais tempo atacando aliados e defendendo a direita, com uma fala jardim de infância sobre sororidade e empatia com fascistas. Fico imaginando como seria a história da humanidade se Robespierre, Danton e Marat tivessem empatia com os senhores feudais; se Bolívar tivesse empatia com criollos da metrópole espanhola; se Zumbi dos Palmares tivesse empatia com senhores de engenho e capitães do mato; se a Revolução Russa tivesse empatia com o czarismo; ou o Exército Vermelho tivesse empatia com a SS. Camaradas que gastam mais tempo defendendo Vera Magalhães, Decotelli, Sara Winter, Regina Duarte e… pasmem! Até Bolsonaro. Com o anúncio do positivo do teste do corona vírus, a esquerda pote de cerejas decidiu invadir a internet para moralizar a publicação de quem estivesse desejando mal ao Bolsonaro. Não perdi meu tempo desejando a morte dele, quero derrotá-lo na política, não quero derrotá-lo com um vírus. Mas não, não tenho nenhuma empatia por quem apoiou o golpe ou participou deste governo fascista. Como Lady Macbeth não há água que lave as mãos deles! 

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Voltando a Globo, para finalizar este longo artigo. Uma vez já não aceitamos suas desculpas, porque, ao contrário de Gruoch que se martirizou e se suicidou, sabemos que as desculpas da Globo são apenas perfídia de quem quer continuar a ter o controle do país. A Globo nunca se arrependeu de ter apoiado o golpe de 1964 e a ditadura. Agora, ela foi além, para não ter que muito cedo explicitar que mais uma vez ela participou de um regicídio no Brasil, ela pede que a vítima de sua armação peça desculpas!

Que artigo vil! Que artigo condenável em todos os seus viézes, porque quer fazer da vítima a culpada pelo estupro da democracia que foi feito com o apoio e beneplácito da emissora. Quem tem que pedir desculpas pelo que fez é a Rede Globo e as desculpas (que virão um dia, podem ter certeza), novamente não serão aceitas. Falando sobre a memória da ditadura, seus carrascos e seus feitos, lembro de Nilse da Silveira que disse “eu sou como os gatos, eu não esqueço, eu não perdoo”. A lei da anistia que igualou torturados e torturadores é capaz de criar narrativas vis e monstruosas como estas da Globo, na qual o partido golpeado que elegeu a presidenta legítima, Dilma Roussef, deve pedir desculpas por ter sido alijado ilegitimamente do poder.

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Uma vez fomos iludidos por uma anistia que embotou a nossa memória e não cassou os culpados pelo golpe de 1964, a tortura, exílio e morte de milhares de brasileiros. Não seremos iludidos de novo. A Rede Globo é a ré. Deve pagar pelos seus crimes, não tem moral para absolver absolutamente ninguém. A Rede Globo perdoar o PT é como se Hitler resolvesse perdoar os judeus por tê-los massacrado!

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