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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Exclusivo: Wassef diz ao 247 que é vítima e acusa procuradores da República de "crimes em série"

O jornalista Joaquim de Carvalho encontrou o advogado da família Bolsonaro no aeroporto em Brasília e ouviu dele acusações contra o Ministério Público e o antigo Coaf. "A imprensa ainda vai amar Bolsonaro", afirmou.

Wassef sem máscara no aeroporto e falando muito (reprodução) (Foto: Wassef sem máscara no aeroporto e falando muito (reprodução))
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Por Joaquim de Carvalho

Sem máscara e falando alto. Não havia como não reconhecer Frederick Wassef no aeroporto de Brasília, quando desembarquei lá, no dia 17 de maio, no início da apuração do documentário A História Secreta da Cloroquina.

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Uma funcionária da Latam pediu que ele usasse a máscara, mas ele se recusou, e continuou quase gritando no celular.

"Eu não comentei nada porque, primeiro, eu não falo por telefone”, afirmou.

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Um pouco mais adiante, depois de descer a escada rolante, disse, como desse orientação ao interlocutor ou interlocutora: 

“Você não sabe de nada”.

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Quando me aproximei, e me apresentei como jornalista, ele ainda disse ao telefone:

“Estou operado, estou com muita dor, estou puxando mala aqui. Já te ligo daqui a pouco. Já te ligo, segura aí”.

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Wassef perguntou de que veículo sou. “247”, respondi.

“Brasil 247, esquerda total. Deixa eu te explicar. Vou resumir rápido. Lá na Procuradoria da República, no Rio de Janeiro, alguns agentes públicos foram cooptados, junto com outras autoridades para a prática de crime”, disse, elevando a voz, como se quisesse que outras pessoas no aeroporto ouvissem.

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A Lava Jato do Rio acusou Wassef e outros advogados de corrupção a partir do que disse em delação o ex-presidente da Fecomércio, Orlando Diniz.

O caso foi trancado por Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, depois que ficou claro que Diniz foi pressionado pelos procuradores e não apresentou provas.

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“O senhor está falando com a maior vítima de crimes do Brasil, crimes em série, fraudes em série para tentar me incriminar”, prosseguiu.

Em seguida, reclamou de outros órgãos públicos e da imprensa:

“TCU, quinze investigações contra mim, morreu. Arquivado por unanimidade . Alguém da imprensa falou um A?

“O 247 falou que fui absolvido, que foi uma fraude, crime de denunciação caluniosa? Não.”

Ele seguiu no seu discurso:

“Coaf, organização criminosa, vagabundos e criminosos. Invadiram minhas contas, mentiram, omitiram e distorceram, vazaram para a imprensa.”

Wassef continuou:

“Abriram nove investigações federais contra mim. Polícia Federal, Procuradoria da República, São Paulo, Rio, Brasília. Tudo arquivado, ficou provado que sou vítima de crime. Hoje o Coaf é que está sendo investigado. Caso único, histórico e pioneiro no Brasil. Alguém da imprensa, seja o senhor, seja quem for, escreveu uma linha? Não.”

Por fim, Wassef disse que, quando Bolsonaro deixar o Planalto, a imprensa vai amar Bolsonaro:

“Então, eu só estou tomando porrada, e essa imprensa, que tanto ama a esquerda, um dia, se a esquerda voltar, vocês vão entender e passar a amar Bolsonaro, apesar de odiá-lo hoje".

A conversa foi gravada, mas propus a Wassef que fizéssemos uma entrevista com microfone, câmera no tripé e iluminação.

Ele recusou, pediu meu telefone, que eu passei, e disse que me ligaria para a entrevista. Esse encontro é de três semanas atrás, ele não ligou.

Por fim, perguntei sobre a relação dele com a família Bolsonaro.

“Sou advogado de todos eles”, respondeu, e repetiu o discurso de que homiziou Fabrício Queiroz, operador da família Bolsonaro, investigado no caso das rachadinhas, por razões humanitárias.

Queiroz morava no escritório de Wassef em Atibaia e foi descoberto pela filha de Olavo de Carvalho, Heloísa, e um amigo dela, Bruno Maia.

Depois que o paradeiro foi revelado, a Polícia Civil de São Paulo fez uma operação por determinação da Justiça do Rio e o prendeu.

Na época, ficou claro que Wassef havia mentido em entrevista à TV Globo, quando disse desconhecer o paradeiro de Queiroz.

O operador da família Bolsonaro não tinha mandado de prisão, mas foi mantido longe da imprensa e de eventuais investigações, razão pela qual, tecnicamente, pode-se considerar que o advogado não cometeu crime.

Mas ficou claro que a palavra dele vale tanto quanto a cloroquina no tratamento da covid-19. Ou seja, zero.

Nem por isso, como mostra a entrevista dele ao 247, Wassef deixa de falar alto quando procurado em local público.

Para quem busca justiça, melhor assim: o peixe morre pela boca.

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