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Davis Sena Filho

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Exército dos generais sem guerra não pune severamente Pazuello e desmoraliza a hierarquia

Vai ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes. O Brasil é um republiqueta bananeira de generais que sempre olharam historicamente a sociedade civil e o povo brasileiro como inimigos internos

Braga Netto e Eduardo Pazuello (Foto: Anderson Riedel/PR | José Dias/PR)
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Por Davis Sena Filho

É lamentável a conduta do general da ativa Eduardo Pazuello, que desonrou não somente a corporação militar, mas, sobretudo, afrontou seu estatuto, regimento, manual ou quer que seja, bem como desrespeitou a Lei e cometeu crimes, como o de ir a um comício político-eleitoral do presidente fascista Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, bem como autoridade tratada como pária no mundo.

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Há muito tempo Pazuello vem dando demonstrações de insubordinação e de encantamento e vaidade por ter estado no poder, na condição de ministro da Saúde em plena pandemia do coronavírus, quando se demonstrou no Brasil ser uma temeridade empossar um oficial general sem qualquer competência e experiência para ocupar cargo tão complexo, como se requer, assim como exigido a um ministro da Saúde.

Também o é inaceitável a vocação que este País tem para a impunidade, principalmente nas corporações e instituições de Estado, sendo os órgãos de segurança os piores nesse sentido, que de todo modo e jeito escancaram a impunidade, como se punir um mau integrante do Exército, por exemplo, fosse acabar com a existência da força militar verde oliva, o que não é verdade, pois as instituições são eternas e as pessoas passam.

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Porém, o efeito é o contrário, porque quando um membro do Exército, do MPF, da PF, das PM estaduais etc. é punido por se insubordinar ou cometer desonra e, quiçá, crimes, torna-se necessário puni-lo exemplarmente, e, com efeito, "purificar" a instituição, órgão ou corporação.

Eu não sei o porquê de tanto melindre ou suscetibilidade desses servidores públicos equivocadamente e insubordinadamente politizados e ideologizados, de forma que desde 2013 começaram a fazer campanhas eleitorais pelas redes sociais e nas ruas, a terem candidatos prediletos, sem se preocupar com suas posições e cargos ocupados por meio de concurso público e em corporações que requerem e exigem, por meio de seus regimentos e estatutos, isenção político-partidária.

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Trata-se de servidores públicos recebedores de salários pagos regiamente pelos contribuintes, que os sustentam até quando aposentados para serem funcionários do Estado e não políticos ideológicos e partidários, ainda mais se estiver na ativa como o é o caso do general Pazuello e de tantos outros generais, sendo que o ex-ministro da Saúde, que explanou um imenso rosário de mentiras na CPI da Covid ultrapassou todos os limites da insubordinação, da arrogância, do bom senso e da vaidade, pois ainda sob efeito da picada da mosca azul.

Pazuello subiu no palanque eleitoral de Bolsonaro, que jamais temeu usar o "seu" Exército, como o extremista de direita gosta de dizer, para fazer proselitismo político, a ainda usar farda e ocupar cargo de poder e mando na força a qual pertence. E o pior de "tudo isso que tá aí" é que seu chefe Bolsonaro se contrapõe às decisões de governadores, prefeitos e do próprio Ministério da Saúde quanto à prevenção e ao combate à Covid-19, assim como viola as recomendações da OMS.

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Cometem e cometeram todo o tipo de desatinos, mesmo quando os médicos, pesquisadores e cientistas recomendaram o isolamento entre as pessoas, distanciamento, uso de máscaras e de álcool gel, além da vacinação em massa, evidentemente, o que não ocorre no Brasil, muito por causa da irresponsabilidade e omissão de Pazuello e de seu chefe ensandecido de extrema direita, que responde pelo nome de Jair Bolsonaro.

Contudo, nada se fez até agora para coibir e dar exemplo à tropa quanto à irresponsabilidade e à ousadia de um oficial general subir em um palanque nitidamente político e partidário no Rio de Janeiro, além de a motociata promovida por Bolsonaro ter sido patrocinada pelo dinheiro público, com o Estado e o contribuinte a pagarem a imensa segurança para que o presidente fascista passeasse de moto com seus apoiadores, em um flagrante delito praticado pelo mandatário de extrema direita, pois a se valer do dinheiro público e do abuso de autoridade para fazer campanha eleitoral.

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A verdade é que foram gastos milhões de reais com a viagem de Brasília para o Rio, além do aparato composto por PF, PRF, PM, Exército e o que mais fosse necessário, para que Bolsonaro subisse em um palanque político de onde ele jamais saiu desde que venceu as eleições presidenciais em 2018, a esquecer de cuidar da população mais exposta às necessidades, mas, em contraposição, visitar, sistematicamente e diuturnamente, unidades militares e policiais, além de somente governar para os ricos.

Trata-se de uma verdadeira obsessão do chefe fascista, cujo desgoverno foi aparelhado por quase oito mil militares a ocupar cargos civis e a se locupletar dos benefícios e privilégios de quando o Estado está nas mãos de elitistas, sectários e privatistas, que não tem quaisquer sentimentos e projetos que levem o País a se desenvolver, ser soberano e a democratizar o acesso à educação, ao emprego, à saúde, à cultura e à infraestrutura.

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Enquanto isso, o que não surpreende ninguém, o ministro da Defesa, general Braga Netto, que age como um capitão do mato dos interesses do desgoverno extremista e que fez uma péssima gerência quando esteve no Rio de Janeiro como interventor na segurança pública, resolveu passar pano na molecagem de Pazuello, um general da ativa, de maneira que ele não seja punido, afinal o Brasil é realmente uma republiqueta e lugar onde generais peitam a Suprema Corte e rasgam seus próprios estatutos e regimentos para que um sacripanta e incompetente como o Pazuello se livre, inclusive, de suas responsabilidades para não ser punido.

Braga Netto é vergonhoso! E se fosse um general de país sério de respeito às leis, de militares que pelo menos vão à guerra ao invés de encher o saco da sociedade civil com casuísmos, mordomias, nepotismos e golpes, certamente que teríamos forças armadas mais profissionais e generais refratários a se intrometerem na política e a darem pitacos sobre a rotina da sociedade brasileira da qual nunca fizeram parte e jamais quiseram se envolver, porque vivem em um mundo militar similar a uma casta.

Então é isso aí... Braga Netto para não prender o general Pazuello por sua insubordinação e violação do manual e regimento do Exército, prefere jogar água morna no general incompetente como ministro da Saúde, assim como também considerado irresponsável. O ministro da Defesa resolveu usar o decreto nº 8798, assinado no governo Michel Temer em junho de 2016, pois a finalidade é não prendê-lo, mesmo a ver o general Pazuello subir no palanque político de Jair Bolsonaro, que sempre teve o desejo de envolver os militares com a política partidária.

A verdade é que Braga Netto, como ministro da Defesa e titular de um cargo político, o que não acontece com os comandantes de Exército, Marinha Aeronáutica, está acima hierarquicamente dos comandantes das três forças por causa dos incisos II e XVII do artigo 1º do decreto assinado pelo golpista e usurpador Michel Temer, quando o igualmente golpista e usurpador Raul Jungmann era o ministro da Defesa.

Ou seja, quem autoriza os oficiais para serem ou não admitidos para cargos, empregos e funções públicas civis temporárias, não eletivas, inclusive da administração indireta, não são os comandantes das forças armadas. E o pior: o comandante-geral do Exército, por exemplo, fica sem a autoridade para punir ou não um oficial da ativa, que é o caso de Pazuello, que se insubordinou gravemente e descumpriu o regulamento  da Arma a qual pertence.

A rir e a se sentir à vontade no palanque eleitoral de Bolsonaro, sem usar máscara, Pazuello afronta e desrespeita a CPI da Covid e grande parte da sociedade brasileira. Depois dar depoimentos por dois dias e mentir mais do que o Pinóquio, vergonhosamente, pois se trata de um general brasileiro, mas general, Pazuello desrespeita a hierarquia a deixar o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, em uma situação tal qual à sinuca de bico.

Apesar do desejo de punir o general insubordinado, o comandante Paulo Sérgio não foi atendido por Braga Netto, que tem como seu maior propósito blindar o desgoverno do Bolsonaro, que não tem e nunca terá qualquer preocupação com hierarquia, já que como tenente Bolsonaro fez o que fez, aprontou e se insubordinou, sendo que não foi expulso do Exército porque um juiz do STM passou a mão na sua cabeça, e deu no que deu: um péssimo parlamentar de baixo clero, além de ser presidente incompetente de terra arrasada, que tem como únicos planos a entrega do Brasil, o desmonte do Estado nacional, além de não ter qualquer programa ou projeto de desenvolvimento para o País. Trata-se do fracasso retumbante do desgoverno militarista em todos os ramos e setores de atividade humana.

A verdade é que o Exército se politizou ao afrontar a sociedade civil e não somente o Exército. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse que se trata de uma questão interna da força. Ou seja, o Mourão passa pano como o fez também Braga Netto ao se utilizar do decreto do sujeito abjeto cuja alcunha é Michel Temer. Na verdade, Temer aumentou o poder dos militares, que voltaram a ter ministro, controlar um Ministério e não somente ter generais comandantes.

Foi a primeira coisa que os militares que participaram do golpe de estado contra Dilma Rousseff pediram, pois como membros de uma casta odeiam qualquer interferência do poder civil, apesar de adorarem intervir na sociedade civil, a encher o saco e a cometer desatinos, a exemplo da ditadura militar e da lamentável administração Pazuello na Saúde. Ao ter de volta um Ministério para ser chamado só de seu, os generais poderão fazer política, pois passam novamente a dominar uma instituição política com assento nas reuniões da Presidência da República.

Enfim, vai ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes. O Brasil é um republiqueta bananeira de generais que sempre olharam historicamente a sociedade civil e o povo brasileiro como inimigos internos. Afinal, os oficiais generais brasileiros são servidores do establishment controlador do mercado de capitais. O são, sobretudo, generais sem guerra. É isso aí.

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