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Chico Vigilante

Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF

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Exumação de Jango: a História pede passagem

A perseguição política, a tortura e a morte por envenenamento foram integralmente incorporados por esses governos autoritários que se estabeleceram na América Latina pelo uso da força, com a colaboração norte-americana

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A  decisão da presidenta Dilma Rousseff de receber em Brasília, com honras de Estado os restos mortais do ex-presidente João Goulart, orgulha a todos nós que lutamos pela redemocratização deste país, e dirime minimamente as condições de sua última estadia na cidade: há 37 anos, deposto pelo golpe de 31 de março de 1964, seu vôo era para sua terra natal e logo a seguir para o exílio.

Ele volta agora para ser exumado, com exames a serem realizados aqui e no exterior. Oficialmente, Jango morreu vítima de ataque cardíaco, durante seu exílio na Argentina, em 1976, mas membros da Comissão da Verdade e a família do ex-presidente suspeitam que ele tenha sido envenenado em uma ação da Operação Condor, parceria entre os órgãos repressores do Brasil e da Argentina entre os anos de 1976 a 1980. É necessário esclarecer os fatos. A história real do Brasil pede passagem.

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Mais da metade das nações latino americanas sofreram golpes militares apoiados pelos EUA, a fim de evitar revoluções comunistas,  entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a década de 80.

Esses governos duraram mais de três décadas e marcaram para sempre o destino de países como o Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, entre outros. No Brasil, mais um capítulo desta história se descortina esta semana e poderá trazer nos próximos seis meses  vergonha e tristeza aos brasileiros, caso os resultados nos exames toxicológicos comprovem que Jango foi morto envenenado.

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A decisão de exumar o cadáver do presidente, iniciada esta semana em São Borja, com o apoio da Comissão da Verdade e do Ministério Público gaucho é resultado de uma luta de dez anos, e faz parte de uma trajetória traçada igualmente por movimentos de esquerda em vários países latino americanos na busca do outro lado dos fatos, o lado das famílias e dos ideários dos perseguidos, dos reprimidos, dos presos, torturados  e mortos durante a ditadura instituída pelos militares neste pais, após o golpe de 1964.

A seriedade do processo impressiona a todos nós. Além dos cinco peritos da Polícia Federal, dois da Argentina, um do Uruguai, um de Cuba e um da Cruz Vermelha Internacional que participaram do início dos trabalhos na retirada do corpo do cemitério no Rio Grande do Sul, a  família de Jango observou a tudo por um telão instalado exclusivamente para este fim.

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A exumação do corpo do ex-presidente, iniciada esta semana no Instituto Nacional de Criminalística (INC), no setor Policial, em Brasília, realizará exames de identificação do corpo e de DNA para comprovar serem os restos mortais do ex-presidente. Os exames que podem atestar se ele foi envenenado, no entanto, serão realizados fora do Brasil em dois laboratórios diferentes, cujos nomes são mantidos em sigilo para evitar que se comuniquem entre si.

Assim como as amostras dos restos mortais de Jango, será encaminhada a esses laboratórios uma lista de pelo menos 10 substancias nocivas, entre as quais clorofórmio e escopolamina,  listadas como as mais usadas pelos regimes repressores na América Latina para envenenamento de pessoas contrárias ao regimes militares.

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A perseguição política, a tortura e a morte por envenenamento foram  integralmente incorporados  por esses governos autoritários que se estabeleceram na América Latina pelo uso da força, com a colaboração norte-americana.

Dez anos antes do golpe militar de 64, os EUA iniciam sua intervenção direta no continente, derrubando em 1954, Jacobo Arbenz, presidente da Guatemala e apoiando o golpe do chefe do Estado-Maior do Paraguai, general Alfredo Stroessner, contra o presidente legal Federico Chávez.

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Os interesses americanos seguem agindo, conspirando e apoiando golpes: em fevereiro de 1962, militares argentinos derrubam Arturo Frondizi, presidente eleito; em 1968, a junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado depõe o líder Belaunde Terry; em  junho de 1973, o governo democrático do Uruguai, liderado pela Frente Ampla, cai perante os militares; e  em setembro, no Chile, os militares cercam e borbardeiam o Palácio de La Moneda e o presidente eleito Salvador Allende prefere se matar do que se entregar aos golpistas, que colocam na presidência o general Augusto Pinochet.

A possibilidade política e tecno-científica  hoje existente de que seja realizada a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart e de queexames toxicológicos  apontem as reais causas da morte é uma realidade que devemos comemorar.

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A possibilidade tecnológica deve-se, obviamente, ao avanço da ciência,  mas  a política foi resultado tão somente de nossa luta incansável de anos pela democratização deste país . Qualquer que sejam os resultados  serão importantes pois trata-se de um resgate histórico devido a todos os brasileiros.

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