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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Faltou um líder para o golpe

"Bolsonaro ficará tatuado como o cara incapaz de dar forma à própria ideia. Será o blefador consumido pelo blefe", escreve o colunista Moisés Mendes

(Foto: Oliven Rai / Mídia Ninja | MST)
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Por Moisés Mendes, para o 247

A própria direita se açoita com as listas de possíveis culpados pelo fracasso do blefe que Bolsonaro trouxe até aqui, durante dois anos, na tentativa de criar um ambiente pró-golpe.

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Os militares aparecem nas listas mais recentes dos que teriam abandonado o derrotado, bem na hora em que ele mais precisava da imposição dos fardados.

Já apareceram nas listas os empresários com dinheiro, que chegaram a mostrar a cara antes e logo depois da eleição, mas foram sumindo, com medo de Alexandre de Moraes.

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Não os empresários médios, sem grife, mas os poderosos, que integravam valentes redes de tios de zap. Incitaram os patriotas, defenderam a legalidade das afrontas e nunca frequentaram as aglomerações.

E são da primeira fila dos culpados os políticos do time de cima do fascismo. Esses reproduziram as falas de Bolsonaro, imitaram os grandes empresários, também ergueram a bandeira do golpe na falação, mas nunca foram à guerra presencial.

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Podem ser acrescentados outros culpados das subdivisões do golpe, que deixaram os patriotas sozinhos.

Recuaram quando perceberam que Moraes estava prendendo. Faltava um comando nacional e Bolsonaro se revelava incapaz de inspirar confiança e ir em frente.

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Um golpe é uma possibilidade com desdobramentos dramáticos em aberto. Na experiência mais recente, os peruanos viram que, depois do primeiro passo, ninguém sabe qual será a sequência do desastre.

Mas o golpe de Bolsonaro nem deu o primeiro passo, porque não tinha uma voz forte capaz de orientá-lo.

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Na Venezuela, Juan Guaidó é o líder golpista perpétuo da extrema direita. Na Bolívia, ninguém toma o lugar de Luis Fernando Camacho. Os dois já tentaram aplicar golpes.

No Peru, o próprio Pedro Castillo ensaiou e liderou, mesmo que parte das esquerdas não admita, um golpe que poderia salvá-lo e o levou para a cadeia.

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Todos eles correram e correm riscos. Ninguém no Brasil assumiu a liderança do golpe planejado por Bolsonaro, porque esperavam dele o gesto que não veio.

Bolsonaro não foi em frente porque não teve apoio, ou o apoio não existiu porque Bolsonaro se mostrou frouxo demais para avançar.

A clausura, a admissão da depressão profunda, o choro e as falas enviesadas mexeram com o humor dos acampados.

Mas o que mais abalou as bases foi o silêncio revelador de um perdedor sem forças.

Bolsonaro recolheu-se ao Alvorada para acompanhar o ambiente de longe, sem maiores riscos da sua presença no Palácio do Planalto. Pagou para ver de casa o que ninguém viu.

Os militares não poderiam sustentar o que não existia, mesmo alguns que tenham tentado transmitir fé aos acampamentos.

No roteiro de Bolsonaro, o ato derradeiro será a posse de Lula, onde tudo, na cabeça dele e de gente do entorno, pode acontecer.

O final é esse: Bolsonaro ficará tatuado como o cara incapaz de dar forma à própria ideia. Será o blefador consumido pelo blefe.

Faltou um líder ao golpe porque Bolsonaro não era esse líder e o resto não queria bronca com um tenente vacilão.

O agora enclausurado foi apenas coadjuvante do próprio plano golpista, enquanto Alexandre de Moraes assumia o papel de protagonista como guardião da democracia.

É simples assim. Até Papai Noel sabe que, ao se recolher, Bolsonaro não merecia um golpe de presente, porque lhe faltou grandeza histórica como golpista.

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