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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Federação partidária de oposição a Bolsonaro fortalece neo-lulismo em 2022

A nova dialética política decorrente da criação da Federação de Partidos pode transformar o Lulismo num sincretismo político partidário que vai além do petismo, configurando, grosso modo, novo Getulismo ou algo semelhante ao Peronismo, que compunha correntes ideológicas diferenciadas, porém, convergentes no ambiente da contradição política brasileira e latino-americana

O programa de governo do PT e o início concreto das eleições (Foto: Ricardo Stuckert)
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A nova dialética política decorrente da criação da Federação de Partidos, conforme determina a Lei 14208/21, pode transformar o Lulismo num sincretismo político partidário que vai além do petismo, configurando, grosso modo, novo Getulismo ou algo semelhante ao Peronismo, que compunha correntes ideológicas diferenciadas, porém, convergentes no ambiente da contradição política brasileira e latino-americana. 

Delfim Netto, por exemplo, sustenta a tese de que Lula é bem maior que o PT, ao expressar representação popular cujas orientações ideológicas são largamente diferenciadas entre si, formando uma homogeneidade dentro de larga heterogeneidade política; certo ou errado? 

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O novo fato político em formação fala alto, se medido do ponto de vista do que começou a acontecer, na prática, depois que o Congresso aprovou a nova legislação, que permite formação de Federações de Partidos; só para se ter ideia, 14 agremiações(Cidadania, PCB, PC do B, PCO, PDT, PSB, PSL, PSOL, PSTU, PT, PV, REDE, Solidariedade e UP) se uniram para configurar previsível novo neo-Lulismo para lutar contra o Bolsonarismo bonapartista autoritário.

Nova correlação de forças

Trata-se de nova correlação de forças em gestação, cuja finalidade é a de preservar os partidos mais fracos diante dos mais fortes; juntos ganham força e enfrentam os grandes, que pensaram ter poder para encerrar definitivamente o circuito das coligações partidárias, a fim de dar lugar ao monopólio do poder aos que dispõem de dinheiro e força de organização no cenário partidário nacional. 

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Ledo engano; as coligações foram destruídas, mas, imediatamente, no seu lugar, emergiu as Federações Partidárias; elas, conforme nova legislação, que o bolsonarismo tentou eliminar, com um gesto bonapartista autoritário, consagram nova realidade político partidária eleitoral; sua característica maior é a da expressão coletiva, ultrapassando individualismos políticos que caracterizam o Brasil na velha máquina política dominada por caciques politicamente colonizadores.

Na Federação dos Partidos, as coligações ganham outra conformação coletiva que cria a nova correlação de forças; as federações a serem construídas, com diferentes formatos regionais, evidenciando multiplicidade dada pelo conjunto partidário federalizado, obedecerão mesmas normas que regem funcionamento parlamentar ao mesmo tempo garantindo fidelidade partidária. 

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Os pequenos partidos, que tentavam fugir da mortífera Espada de Dâmocles da cláusula de barreira a balançar sobre suas cabeças, ganham, com a lei 14.208/21, segurança de sua sobrevivência, como força de conjunto articulada nacionalmente ao longo dos períodos eleitorais; efetivamente, ocorreu modernização relativa do sistema representativo político eleitoral.

Cabeça federativa

O ponto de amarração que produz a força partidária federativa é a cabeça dela expressa em candidato que se mostra favorito para ganhar, como ocorre com Lula; nesse momento, ele ultrapassa todos os demais candidatos, o que leva a Federação de Partidos, formada para apoiá-lo, a ganhar notória visibilidade e credibilidade para se transformar em atratividade eleitoral.

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A força do candidato é maior no ambiente da Federação Partidária do que naquele anterior em que vigorava as coligações de partidos, carentes de organicidade partidária; com as coligações, o eleitor não se sentia representado, pois votava num candidato de sua preferência, mas tinha o desprazer de eleger outro com o qual não tinha simpatia etc. 

Findas as coligações, mas com o novo sistema político eleitoral federativo mais orgânico, eleitores e eleitoras têm, praticamente, certeza de que seu voto não será jogado fora, se seu escolhido estiver dentro da Federação na qual o cabeça de chapa é pule de dez para vencer, como é o caso de Lula e os que estiveram ao seu lado; ele vira candidato da Federação de Partidos, não de determinado partido ou do qual seja filiado, como é o caso do PT.

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A Federação de Partidos ganha conformação de movimento político que, nessa nova experimentação histórica que se inicia, forja o líder para além do partido no qual é filiado; a Federação de 14 partidos que se forma no DF, por exemplo, depois da última manifestação nacional contra o presidente Bolsonaro, cria as bases de um neo-Lulismo, descolado do PT; é o Lula do poder federativo suprapartidário, não do poder petista. 

Previsível ampla coalizão à vista

Nesse sentido, a formação do eventual governo Lula, para se sustentar como força parlamentar, terá que ser de ampla coalizão no ambiente de frente parlamentar federativa; quem ficar fora dela, certamente, não terá vez ou se enfraquecerá, relativamente, com maior velocidade; os 14 partidos que se alinharam numa frente antibolsonarista propensos à formação de Federação de Partidos vira o alvo de cada partido, para fugir do isolamento o qual seria fatal para sobrevivência eleitoral.

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Os 5 partidos que estão fora da Federação de Partidos que o neo-Lulismo está formando - MDB, Novo, Podemos, PSD e PSDB - estarão, pela nova lógica federativa, inaugurada pela lei 14208/21, em segundo plano, especialmente, se chegarem ao Congresso com representações menores do que alcançaram na atual legislatura; a nova dialética política federativa partidária, portanto, costurará sua própria realidade depois do veredito das urnas; não é à toa, portanto, que, diante de um neo-Lulismo mais potente, como indicam as pesquisas eleitorais, estejam líderes dos partidos como MDB, DEM, PP, PPS propensos às negociações que se imporão diante de correlação de força que eventualmente confira a Lula poder político incontrastável.

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