Feixe de angústias

Como missivista contumaz, do computador sai uma carta todo dia à Folha de S. Paulo, de forma ininterrupta, com raras exceções. Os assuntos migraram da abordagem científica – cada vez mais rara nas colunas, matérias, seções e artigos – para os de política. Aí o silêncio da redação impera e as cartas deixaram de ser publicadas. Compilando-as, alguns artigos são elaborados e submetidos alhures, como este, enquanto ainda algumas palavras podem ser ditas e outras gritadas.

Chega a ser ingênua de tão tendenciosa a análise de Gustavo Bizelli, feita no artigo "Os fascistas são a minoria", publicada em Tendências/Debates do jornal da capital paulista em 12/10. Está em total descompasso com o que está sendo dito a todos os ventos nas redes sociais, Facebook e Whatsapp à frente. O sentimento de ódio está matando e não há extremos nesta eleição, mas, sim, apenas um polo de extrema direita. A dúvida não é se em 2019 teremos um governo fascista. A pergunta é o quanto levará para a população notar o que fez.

Ainda duvidam que o capitão fará tudo o que fala. Uns afirmam que é apenas o jeito histriônico do candidato, mas não querem ver o que a história nos ensina. Surpreende que até os ambientalistas apoiam quem afirma, com todas as letras, que o meio-ambiente está apenas a serviço da agricultura. E, fugindo dos debates, aí é que não haverá como diferenciar o papo do ato.

Bateram firme em Dilma Rousseff em função da eleição apertada em 2014, fazendo coro ao derrotado Aécio Neves. A crise econômica se estabelecia, mas foi a crise política a catalisadora da catástrofe desses quatro anos. Agora, a mídia posa de paladina do combate à ditadura e aos lampejos de fascismo, cobrando um mea culpa do PT, mas se omite ao tomar uma posição política clara. Apartidária, isenta e plural não colam mais, minha cara Folha.

O 13, portanto, passou a ser símbolo de tudo de ruim que possa existir e que deve ser evitado. É o número do salário que será extinto e também da quantidade de candidatos que disputaram o primeiro turno das eleições presidenciais. Curiosamente – e aí reside a esperança cabalística – é o número de letras dos dois nomes com os quais o coiso se apresenta.