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Paulo Moreira Leite

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Felipe Neto é bom termômetro mas não é remédio

"A autocrítica de Felipe Neto sobre o golpe contra Dilma mostra fracasso do bolsonarismo mas lembra o imenso desafio para a construção de lideranças progressistas no país", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Com 37 milhões de inscritos no Youtube, nenhuma manifestação política de Felipe Neto pode ser tratada com indiferença pelos analistas políticos.

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A importância de sua autocrítica pelo apoio ao golpe de 2016, que derrubou Dilma Rousseff, tem uma importância inegável e inspira uma boa reflexão. 

Mas, se a autocrítica de Felipe Neto merece aplausos pela honestidade, suas preferências para indicar lideranças capazes de retirar o país da catástrofe atual  merecem ser questionados. Os nomes são Ciro Gomes e Amoedo.

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Em primeiro lugar porque, por caminhos diferentes, tanto Amoedo como Ciro Gomes deram sua contribuição para ajudar Bolsonaro a vencer Fernando Haddad no segundo turno de 2018, atuação totalmente previsível para  criar o desastre que o país enfrenta hoje.

Com uma biografia ligada à esquerda e ao PT, Ciro chegou a ser ministro de Lula no primeiro mandato, enquanto o irmão Cid Gomes, foi ministro da Educação no governo Dilma.  

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No segundo turno de 2018, disputa dramática entre Bolsonaro e Fernando Haddad, Ciro jogou fora sua história política e foi para a Europa, mantendo um silêncio obsequioso enquanto milhões de brasileiros e brasileiras arregaçavam as mangas para tentar  impedir a vitória de uma candidatura que já apresentava traços nítidos do fascismo escancarado de hoje. Perdeu-se até hoje, quem sabe para sempre. 

Banqueiro de origem, Amoedo é um dos porta vozes tardios de nosso thatcherismo tropical. Seu horizonte político é o Estado mínimo: combate  o Estado de Bem-Estar Social mesmo no Brasil, país onde sequer foi inteiramente construído -- deficiência que ajuda a explicar o terrível sofrimento produzido pela pandemia em 2020.   

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Em 2018, Amoedo foi um ativo adversário da presença de Lula na campanha, inclusive com  métodos nada democráticos. Em agosto, uma advogada do Novo -- cujo candidato era Amoedo -- compareceu ao TSE para impedir que o tribunal acatasse uma decisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que autorizava a presença de Lula, já encarcerado em Curitiba, na campanha presidencial.

Na véspera do segundo turno, quando Ricardo Lewandowsky autorizou uma entrevista de Lula, mais uma vez o Novo entrou com recurso para derrubar a decisão. Quando enfim o ex-presidente  recuperou a liberdade, Amoedo escreveu no tuite: "um condenado, que deveria estar na cadeia, continua recebendo privilégios pagos pelos brasileiros". 

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Nascido em 1988, Felipe Neto pertence a uma geração que não possui memória pessoal da ditadura de 64. Tinha um ano de idade quando  o país recuperou o direito de escolher os presidentes em urna.

Com idade para ter votado em quatro eleições presidenciais, durante o Roda Viva ele explicou o que aconteceu durante o golpe. "Não sou adorador de um projeto petista, mas no momento do impeachment a minha colaboração, embora não fosse comparável ao alcance de hoje, sem dúvida foi utilizada a maneira errada, equivocada, por falta de leitura, estudo. Passei os últimos quatro anos tentando corrigir esse erro e usando minha força pra afastar essa opressão que a gente vê hoje”, disse.

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Se for capaz de manter a postura de quem não perde a disposição de aprender e conservar  a humildade para se auto-avaliar e debater os próprios erros, Felipe Neto pode ter um papel importante no debate político da sociedade brasileira.

Caso contrário, terminará cooptado por interesses imensos desta época em que influenciadores digitais ocupam um espaço decisivo nas decisões de milhões de pessoas -- culturais, econômicas, políticas -- sem a menor relação com as necessidades e interesses das camadas exploradas da população.

Neste caso, o risco é cumprir uma trajetória conhecida na nossa história, de pessoas que fazem excelentes avaliações sobre o próprio passado ("por falta de leitura, de estudo") e acabam cometendo os mesmos erros no futuro.

Alguma dúvida? 

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