Feliz Dia do Amor Incondicional

E em breve teremos o dia das mães.

Mãe é sagrada. Mãe é tudo. Mãe é pai.

Existe uma cultura quase universal de pedestalizar as mães. E quem não sentir ou achar que sente isso, que carregue aquela culpa básica que volta e meia recai sobre nós. Mãe é mãe e não se discute, ponto.

Será que não?

Bem, eu sou mãe e a tirar por mim, deve-se discutir sim.

Freud retoricamente dizia que a culpa é da mãe. E não é que muitas vezes é mesmo?

Dizem que nós, mães, erramos querendo acertar. Erramos porque queremos acertar sim, mas várias vezes "acertar" em prol de nossos desejos, vaidades e projeções.

A figura da mãe pode ser muito mais o que queremos que ela seja do que o que realmente é. Pra mais e pra menos.

Mãe se frusta, desconta no filho, põe de castigo só pra aliviar a raiva, pressiona, castra, implica e é muitas vezes irracional. Pobres filhos.

É claro que há sempre o reverso da moeda - filhos esquistos, egocêntricos, ou indiferentes que são impostos às suas mães, que os amam, aturam, perdoam e resistem, incapazes de largar de mão (talvez até pela grandeza que lhes é atribuída de forma quase santificada). Pobres mães.

Não, mães são fisiologicamente bondosas - é da natureza delas. Mas são muitas vezes malcriadas, injustas, agressivas e relapsas. Há até aquelas mães que o são por acidente biológico, sem qualquer vocação ou saco para exercer a função.

Há mães delegadoras e indiferentes.

Engulam essa: nem todas as mães são incríveis como nos anúncios de supermercado, banco ou rede de hoteis. Tem mãe que disputa e que finge-que-não-é-com-ela. Tem também as que mimam além da conta e têm preguiça de dar limites.

Sim, mães são humanas, defeituosas e, acreditem, tem seus momentos de incrível chatice.

A grande revelação é que, o que faz dessas pessoas seres especiais pra nós, não é o fato de terem nos parido, criado ou terem um título sacro e sim, a quantidade bizarra de amor e parceria incondicional que tem com seus filhos e afins. Errando porque todos erramos, mas tendo a capacidade de ser empática e trabalhar em prol do que faz os filhos felizes e não elas próprias projetadas na vida deles, entendem?

Me refiro às que conseguem libertar seus filhos daquele desejo por vezes oculto de realizar os sonhos delas. Me refiro às que tem sonhos próprios sejam pessoais e profissionais e quanto a seus filhos, só sonham e vê-los de bem com os sonhos que são deles próprios, sem controle nem cobrança demasiada, só amor.

E eu, sem qualquer autoridade pra nada, e despida de tabus, hipocrisias e culpas, autorizo a todos os filhos do mundo a desmistificarem a obrigação da reverência cega no Dia das Mães e em todos os outros do ano.

Façam reverência autêntica e consciente - homenagem o amor, aquele que transborda e transcende. Homenageie quem não espera a gente pedir e quem consegue nos admirar pelo que nos transformamos, mesmo sendo o avesso de suas expectativas . Homenageie o colo 24 horas, 7 vezes na semana.

Nesse próximo domingo de maio, um feliz dia do amor incondicional a quem consegue exercê-lo.